Por cá somos assim, não nos contentamos com meias tintas, ou bem que tudo o que temos não presta para nada, lixo, lixo, xô, xô, ou bem que descobrimos minas de ouro debaixo de cada pedra. Há bem pouco tempo, vivíamos no auge do consumo, das casas próprias, das viagens, dos "negócios financeiros", da gente gira, dos seniores, dos masters do sucesso é só querer, não duvide. Depois, afundámos-nos no choque de descobrir a bancarrota, as dívidas, a sopa dos pobres, afinal os jovens não cabiam cá, os velhos estão a mais, as empresas a encolher ou a sumir-se em escombros de desemprego, os andares novos vazios, os outros degradados, afinal estava tudo mal e sem remédio, e tudo por nossa culpa, nossa tão grande culpa. A expiação impôs-se. Mas eis que, de repente, é tudo outra vez dourado, ou melhor dizendo, "gold". Se calhar foi mesmo o pontapé de saída da bola de ouro do Ronaldo, os vistos gold jorram milhões e as imobiliárias reanimam-se sem mãos a medir, os idosos gold são bem-vindos, e os jovens gold vamos buscá-los onde estiverem, os investimentos gold vão ter tribunal com passadeira vermelha, só queremos os melhores, atenção, connosco é assim, ou gold ou nada. O País desdobra-se em folheados dourados, dura o que dura mas é gold gold gold, por menos do que isso não fazemos, tenham paciência. Connosco é assim mas convenhamos, para tanto gold é precisa muita lata!
6 comentários:
Lata, é também algo que somos peritos a produzir e a usar desmesuradamente, cara Drª Suzana. Se não fossemos excedentários em lata, seriamos talvez mais consistentes e sustentáveis e ainda... quem sabe, mais capazes de reconhecer o mérito onde ele existe, valoriza-lo e aplica-lo de forma consciente e produtiva. Assim... lá vamos, de folheado, em folheado; só não sei se de oiro, se de dourado...
Na mouche!
Suzana
Não temos dinheiro para nada. Com tanto gold quem é que acredita em nós? Vamos de gold em gold, a ver quem oferece mais. Enfim...
Lata não nos falta, caro Bartolomeu, ainda se fosse exportável como os nossos meninos de ouro e, já agora, como o ouro propriamente dito que se derreteu através de "empresas" que nasceram como pipocas para fecharem portas quando secou a "mina"...mas não, a lata é só para consumo interno, parece de borla mas sai cara.
E muito em breve viver-se-á outra “bubble burst”.
Muito bom!...adoro este estilo de escrever, "corrido" mas com as palavras sempre concordantes...
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