Esta estória das obras de Miró tem contornos que seriam anedóticos se não revelasse a tragédia de um País entregue a gente imatura e acima de tudo impreparada. Desde a epifania que despertou alguns senhores deputados para a existência de um tesouro nas mãos da Parvalorem, tesouro que até então não tinha provocado qualquer interesse ou comoção nem no governo nem na oposição; até ao despacho do S E da Cultura que a decisão de indeferimento do decretamento provisório de providencia cautelar dá a conhecer. Esse despacho incide sobre o pedido de autorização para expedição temporária do acervo em 31/01/2014, determinando a inutilidade do procedimento administrativo porque...os quadros já estavam em Londres! E mais não disse. Ou melhor, disse: a expedição sem autorização é contraordenação pelo que a Parvalorem tem de pagar uma coima...
9 comentários:
O governo comporta-se como aquele aldeão alcoólico que após encontrar um pequeno tesouro no seu velho casebre, vai à mercearia da esquina vendê-lo, e logo correr à taberna mais próxima para esbanjar o dinheiro na bebedeira.
Sério, o seu argumento não é sério.
José Mário
O leilão foi cancelado pela leiloeira por falta de segurança. Lindo espectáculo!
Tudo isto é lamentável, Margarida.
É o grua zero, José Mário!
Mas será que não haverá ninguém que ofereça uns novos óculos ao Barreto Xavier?
A minha dúvida é, se realmente o país está a ser governado por « gente imatura e acima de tudo impreparada » ou se, a gente que o governa está a preparar-se para restabelecer a ditadura derrubada há 40 anos. Não acredito que pelo menos, o Ministério da Cultura ignorasse as leis a que se sujeita o património artístico. Portanto, e resumindo o irresumível, parece que o governo pretende restaurar a lei do quero, posso e mando. Diz a sabedoria popular que, enquanto o pau vai no ar, folgam as costas. Em termos mediáticos, o caso do Meco e das praxes académicas, passaram agora para a pasta dos "casos que já não vendem". Assim, as costas dos reitores das universidades, as direções das escolas secundárias e as associações de estudantes, já podem calmamente espalhar uma pomadinha nos costados para sarar aquelas nódoas negras com que as insistentes pauladas jornalísticas as marcaram.
Sobre este assunto li hoje que a Procuradora-Geral da República decidiu que a PGR tudo fará para impedir a venda das obras e, diz a senhora, que "é um acervo que não deve sair do património cultural do país”. A PGR é competente para uma coisa destas? Isto não é claramente imiscuir-se no que são as competências do governo ou da dir-geral do patrimonio ou coisa parecida?
Mas será que em Portugal tudo está fadado a acabar no palco dum teatro de revista e má?
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