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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Natalidade: quadratura do círculo?


A natalidade é um assunto de interesse nacional. É um assunto importante. São décadas passadas em que os poderes políticos positivamente ignoraram a crise da natalidade, pela ausência de políticas adequadas que ajudassem a contrariar e inverter a tendência dramática do declínio de nascimentos.
Mas não foi apenas o poder político que andou distraído, a sociedade civil pouco ou nada se mobilizou para discutir o assunto, andou preocupada com outras conquistas.
Uma espécie de "suicídio" colectivo, confortado pela modernização económica e a sociedade de bem-estar que trouxe legítimas ambições e esperanças e algumas conquistas que fazem parte do aquis civilizacional do desenvolvimento.
Há muitas vozes que entendem que não vale a pena a discussão, alegando que a baixa fecundidade é o preço do desenvolvimento e que não há nada a fazer porque as mentalidades mudaram. Já lá vai o tempo em que um filho era um “investimento”, agora passou a ser uma “despesa”!
Mas a verdade, é que pese embora o desenvolvimento económico, as mentalidades e a crise que vivemos, o inquérito do INE publicado no final do ano passado revela que 70% das mulheres e dos homens têm menos filhos do que aqueles que desejariam ter e que a maioria das pessoas entende que deve haver incentivos à natalidade, designadamente aumentar o rendimento das famílias com filhos (ex. redução de impostos), facilitar as condições de trabalho para quem tem filhos sem comprometer a carreira profissional e perda de regalias (ex. trabalho a tempo parcial, flexibilidade de horários) e alargar o acesso a serviços para ocupação dos filhos durante o tempo de trabalho dos pais (ex. acessibilidade a creches e jardins de infância).
Estes incentivos confirmam as dificuldades concretas com que os pais se confrontam no acompanhamento e educação dos filhos e mostram que os pais valorizam a sustentabilidade das condições económicas e dos apoios vários, ou seja, a capacidade de manter condições que não se esgotam nos primeiros meses de vida dos filhos, evidenciando que não são meras medidas administrativas do tipo cheque-bebé, as promessas vãs envelopadas num marketing político atraente ou uns slogans bem falantes que determinam a decisão de ter um filho.
A crise da natalidade é muito anterior à crise das finanças públicas e no, entanto, fomos fingindo ou ignorando a sua existência. Chegamos a 2013 com um grave défice de nascimentos. A última vez que Portugal assegurou a renovação de gerações foi em 1982 (com 2,08 filhos), de lá para cá a descida tem sido vertiginosa com 2013 a bater um novo recorde de apenas 82.538 nascimentos. Em apenas três anos, o número de nascimentos caiu 14,8%.
Por tudo isto, a bandeira da natalidade agora estiada pelo primeiro-ministro é bem-vinda. Vem com décadas de atraso, mas mais vale tarde do que nunca.
Que medidas serão essas capazes de pôr os portugueses a terem filhos?
Não serão com certeza os cortes nos abonos de família, nos subsídios de maternidade e nos benefícios fiscais da educação e saúde, os aumentos dos impostos, o aumento do horário de trabalho na função pública, a redução de dias de férias e feriados,  e  o desemprego jovem em níveis impróprios e a imigração em grande escala de jovens, apenas para dar alguns exemplos bem conhecidos. Certo também é que não se decretam filhos por lei e que sem aumento  do rendimento mais filhos significaria para muitos pais aumentar a pobreza.
Aguardemos com expectativa os trabalhos da comissão da natalidade bem entregue ao Professor Joaquim Azevedo. Não tem tarefa fácil, faz-me lembrar uma quadratura do círculo…

11 comentários:

Luis Moreira disse...

Limitar o número de abortos gratuitos por mulher também ajudava...embora fosse escrever direito por limhas tortas.

opjj disse...

V.Exª. se recuar uns anos as pessoas tinham menores rendimentos e tinham mais filhos.HOJE ESTÁ-SE MAIS INTERESSADO NOUTRAS COISAS.Quando os meus filhos nasceram, eu não tinha dinheiro e nem pensava nele.Mesmo sem dinheiro era uma alegria! Hoje a 1ª prioridade não é ter filhos mas sim bens de luxo e viajar.
Cumprimentos

Suzana Toscano disse...

Caro luis Moreira, tenho a maior dificuldade em entender o seu comentário, natalidade é um problema das mulheres?

umquarentao disse...

UMA ATITUDE DE JUSTIÇA E UMA ADAPTAÇÃO VÁLIDA: o Direito à Monoparentalidade em Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas
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- Nas Sociedades Tradicionalmente Poligâmicas apenas os machos mais fortes é que possuem filhos.
- No entanto, para conseguirem sobreviver, muitas sociedades tiveram necessidade de mobilizar/motivar os machos mais fracos no sentido de eles se interessarem/lutarem pela preservação da sua Identidade!... De facto, analisando o Tabú-Sexo (nas Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas) chegamos à conclusão de que o verdadeiro objectivo do Tabú-Sexo era proceder à integração social dos machos sexualmente mais fracos; Ver blog http://tabusexo.blogspot.com/.
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Concluindo:
- Nas Sociedades Tradicionalmente Poligâmicas é natural que sejam apenas os machos mais fortes a terem filhos; no entanto, todavia, as Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas têm de assumir a sua História: não podem continuar a tratar os machos sexualmente mais fracos como sendo o caixote do lixo da sociedade!... Assim sendo, nestas sociedades, deve ser possibilitada a existência de barrigas de aluguer para que os machos (de boa saúde) rejeitados pelas fêmeas, possam ter filhos!
Mais:
- As sociedades economicamente/tecnologicamente mais evoluídas... são Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas... o que, por sua vez, ajuda a legitimar o seguinte: criar condições para que machos (de boa saúde) - que embora sejam considerados 'descartáveis' segundo critérios das sociedades tradicionalmente poligâmicas - também possam ter filhos... é uma adaptação (na luta pela sobrevivência) válida!
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Nota:
Com o declínio do Tabú-Sexo (como seria de esperar) a percentagem de machos sem filhos aumentou imenso nas sociedades tradicionalmente monogâmicas.
Mais, por um lado, muitas mulheres vão à procura de machos de maior competência sexual, nomeadamente, machos oriundos de sociedades tradicionalmente Poligâmicas [nestas sociedades apenas os machos mais fortes é que possuem filhos, logo, seleccionam e apuram a qualidade dos machos]... e... por outro lado, muitos machos das sociedades tradicionalmente monogâmicas vão à procura de fêmeas Economicamente Fragilizadas [mais 'dóceis'] oriundas de outras sociedades... ora, todavia, no entanto, recusar este caminho... deve ser um legítimo Direito ao qual os machos devem ter acesso!
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P.S.
O caminho a seguir para resolver o problema demográfico é... uma boa gestão dos recursos humanos... e não... a nacionalização da 'boa produção' demográfica daqueles (ex: islâmicos) que tratam as mulheres como uns 'úteros ambulantes'!!!
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Existem muitos homens sem filhos ['por isto ou por aquilo' não agradam ás mulheres; adiante] que devidamente motivados/acompanhados... poderiam ser óptimos pais solteiros!!!
A ausência de tal motivação/acompanhamento não só é uma MÁ GESTÃO DOS RECURSOS HUMANOS da sociedade... como também, um INJUSTIÇA HISTÓRICA que está grassando nas Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas.
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É errado estar a dizer «a Europa precisa de crianças, não de homossexuais»... isto é, ou seja... a Europa precisa de pessoas (homossexuais e heterossexuais) com disponibilidade para criar crianças!
É UMA MUDANÇA ESTRUTURAL HISTÓRICA DA SOCIEDADE: os homens poderão vir a ter filhos... sem repressão dos Direitos das mulheres; leia-se: o acesso a barrigas de aluguer.
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Obs: Quando se fala em Direitos das crianças... há que ver o seguinte: muitas crianças (de boa saúde) hão-de querer ter a oportunidade de vir a ser pais... oportunidade essa que lhes é negada pela 'via normal'.

Unknown disse...

esperemos que a comissão tenha em conta o modo de promover a saude das crianças nascentes. O que se está a passar como estado actual é uma degradação. Sem necessidade nenhuma.

Luis Moreira disse...

Não foi essa a ideia. Mas lembro-me que dois meses depois de o meu filho nascer eram tantas as dificuldades que logo tomei a decisão de não ter mais filhos. E vivia bem financeiramente. Se não houver apoios à família( creches) a natalidade continuará a decrescer.

Joao Jardine disse...

Cara MCAguiar

Não percebo a comissão senão para apresentar dois/três modelos para ajudar a "solucionar" a situação. Demografia é, talvez, a mais objectiva de todas as ciências sociais. Modelos, em especial na Europa de como senão inverter, pelo menos assegurar a sustentabilidade mínima da população existem para todos os gostos.
Sobre a questão em si mesmo não concordo com o título isto porque não estamos em presença de um problema irresolúvel, mas (quase de certeza) de uma situação sem retorno. Já passou tempo demais, atravessou duas gerações sem problemas ou estados de alma, o máximo será implementar políticas que atrasem o desfecho final.
Nada como ver exemplos aqui ao pé da porta: a Bulgária é um bom exemplo do que seremos não em vinte anos mas em pouco mais de dez.
Cumprimentos
joão

Kruzes Kanhoto disse...

Não sabem como resolver o problema da natalidade?! Falem com os ciganos...

Unknown disse...

O problema da natalidade, é igual ao de muitas empresas... é difícil resistir às condições de empobrecimento que os credores da Troika nos querem forçar. Às vezes fala-se que um dos objectivos, é depois comprarem a preço de Saldos empresas Nacionalizadas. Discordo, pois acho que não é apenas as empresas Nacionalizadas, mas também muitas Privadas que querem comprar a preços de Saldo.

José Ribeiro e Castro disse...

Eu já dei a sugestão de se contratar este angolano como consultor:

http://www.youtube.com/watch?v=P9HR5QU3GjQ

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro José Ribeiro e Castro
O que seria!
Brincadeiras à parte, custa a acreditar, não é normal!