Cristiano Ronaldo, o melhor do mundo, monopoliza por inteiro primeiras
páginas, fotografias, aberturas de telejornal, entrevistas exclusivas, pedidos
de comentários, como se para os media não houvesse mais vida para além da ronaldolatria.
Assim a modos como, noutro contexto e noutro lugar, se invoca o Presidente Eterno e o Grande e Querido Líder.
Tal se deve ao sucesso desportivo, dirão muitos. Mas não só e, sobretudo
não só, direi eu.
Devido àquele, multinacionais globais, incluindo companhias aéreas, linhas
de roupa interior, empresas de produtos alimentares, higiene capilar ou equipamento
desportivo, e até um banco português, fizeram de Ronaldo o seu símbolo.
O melhor do mundo deixou de ser um qualificativo pessoal, tornando-se um
instrumento de marketing sujeito às suas regras. Os patrocinadores naturalmente
promovem tal onda avassaladora de presença maciça nos media, já que o simples
facto dessa presença se torna, por si só, uma poderosa forma de publicidade
subliminar, levando à recordação dos produtos patrocinados e associando-os à qualidade de
melhor do mundo. Uma publicidade eficaz e aparentemente gratuita.
Aprentemente, porque instrumentalizados são muitos dos jornalistas, cabendo-lhes o papel de
bons da fita ou de ingénuos, para gáudio dos mercenários, sempre disponíveis
para confundir critério informativo com critério comercial , tanto mais bem pago quanto mais tingido de
informação.
Afinal, o grande lema (mal) encapotado do actual
jornalismo.
Nota: Obviamente que Ronaldo é um excelentíssimo profissional e merece, por isso, todos os elogios. Mas com conta, peso e medida e não, como muitos, a soldo, dizem, Ronaldo e mais dez. Elogio para um, vitupério para os outros todos normalmente só traz derrota.
3 comentários:
Subescrevo totalmente.
Agradecido!
Mais uma grande pecha no liberalismo (monopolista) desbragado...
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