Entrou hoje em vigor, a directiva comunitária que proíbe a publicidade ao tabaco no espaço europeu. A proibição atinge os eventos desportivos e culturais. No entanto, no Grande Prémio da Hungria, a publicidade manteve-se, excepcionalmente, mas a partir de agora acabou. Para garantir a continuidade do patrocínio, que deve ser extremamente lucrativo, os responsáveis ameaçam com a deslocalização para continentes e países onde não haja, ainda, proibição ao tabaco. Aqui está mais um problema que se resolve nada mais, nada menos com a deslocalização. Sendo assim, é muito provável que, no futuro, sejamos “mimoseados” com resumos alargados e transmissões televisivas dos Grandes Prémios do Burkina-Faso, da Somália ou de Vanuatu. Pergunto-me o que acontecerá quando esses países pobres e sofredores começarem a melhorar a sua situação económica e cultural? O que vão fazer os tais patrocinadores e patrocinados? Não acredito que nos vão ameaçar com nova deslocalização, só se for para um outro planeta do sistema solar!
A implementação de qualquer medida proibicionista é seguida de novas estratégias para a contornar. Recordo que, há alguns anos, numa reunião preparatória da Assembleia Médica Mundial, fiquei surpreendido com o facto de alguns colegas terem denunciado o volte-face da OMS ao deixar “cair” a proibição da publicidade ao tabaco nos eventos desportivos e culturais. Os responsáveis foram os governos dos países com fortes interesses na área do tabaco. Ao pressionaram a prestigiada instituição naquele sentido, invocaram os enormes prejuízos no âmbito cultural e desportivo decorrentes da ausência de patrocinadores. A indignação foi geral, facto que permitiu voltar ao projecto inicial da convenção que, posteriormente, foi aprovado.
Afinal, não deixa de ser patético que, um desporto tão “globalizado”, a Fórmula 1 dependa do tabaco, “the killer one”…
1 comentário:
Enviar um comentário