Presumo que não é difícil de concluir que a ignorância não é, apenas, uma realidade fruto do desconhecimento, mas também é uma “produção cultural”. Neste último caso, há uma intenção em fomentar e “divulgar” ignorância. Exemplos não faltam, caso da ignorância sobre as complicações do cancro, a não divulgação de achados sejam eles referentes ao controlo ambiental ou a “acontecimentos” políticos. O não desenvolvimento de certas tecnologias por desinteresse ou por implicar consequências de natureza económica de indústrias já estabelecidas a par de limitações da investigação (mesmo respeitando as regras mais exigentes da ética) ou tentativa de desacreditar descobertas científicas são algumas realidades que apontam para a emergência de uma nova disciplina denominada agnotologia. De acordo com Schiebinger, “Ignorance is often not merely the absence of knowledge,” “but an outcome of cultural and political struggle.”
Parece que não faltam “agnotologistas” por aí…
1 comentário:
Caro Prof. Massano Cardoso
Na "mouche".
Um conhecimento incipiente que nos seja conveniente é para adoptar.
Um conhecimento seguro que nos seja inconveniente é para repudiar.
Vejo pessoas bem inteligentes que recusam um conhecimento sempre que ele não é favorável às suas teses: mesmo que esse conhecimento seja sólido e as teses pessoais ligeiras.
É afinal no conhecimento que o mundo é muito desigual: ao nível individual é muito uma questão de atitude; ao nível colectivo, há as sociedades em que predominam os que gostam de ser levados, ou de se levar, e os que gostam de compreender e intervir; e este será o nosso maior fosso com a "Europa".
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