Os Partidos Políticos aprovaram na Assembleia da República normas sobre o seu próprio financiamento e sobre a prestação das suas contas. Ao aprovarem, ficaram obrigados a cumprir o que estabeleceram. E deviam ser rigorosos no cumprimento.
Não o foram, segundo o órgão fiscalizador.
Assim, desrespeitaram-nos a todos, e todos podemos ficar com dúvidas quanto à origem e aplicação do muito dinheiro que receberam do Estado, isto é, dos nossos impostos, e também de donativos de particulares.
E também não foram sérios. Basta ver no DN as justificações que os porta-vozes deram a respeito do incumprimento.
A justificação de que "as pessoas que estão nos partidos são, acima de tudo, políticos", não estando preparadas para "aplicar as regras contabilísticas" é uma verdadeira pérola. Por essa razão, qualquer empresário ficaria dispensado de ter contabilidade organizada!...
Mas há outras, como a necessidade de "montar uma área de contabilidade muito diversificada", como se isso não fosse já exigível, e como a necessidade da " alteração da cultura e regras que vigoram dentro dos partidos políticos", o que indicia que a cultura existente é a do vale-tudo!...
Neste contexto, uma das soluções aventadas por um partido foi mesmo "ser necessária uma alteração à lei"!...
Pois sim senhor, sirvam-se à vontade!... Os senhores é que fazem as leis!...A lei que fizeram para si próprios não lhes agrada? Então por que esperam, mudem-na!... Mas depois não queiram obrigar a cumprir as que fizeram para os outros!...
3 comentários:
Eu já estou a montar 4 cartas para quando as finanças me vierem chatear. A resposta PSD, a CDS, a PS e a PCP. Se nenhuma destas der tenho a BE preparada ("não há cá erro nenhum!").
Gostei da do CDS "não temos ninguém pago para fazer contabilidade". É verdade, eu também não.
A do PS não é má "a lei é recente". Bem visto, como o IRS muda todos os anos, todos os anos a lei é recente.
A do PCP é brilhante "umas pequenas irregularidades", mas é só quando o chato das finanças topa que a factura da farmácia tem lá preservativos.
A do PSD não me lembro, mas também deve ser de grande utilidade para quem quer ser caloteiro e trafulha.
Como Portugal é um estado de direito onde o princípio da igualdade dos cidadãos perante a lei é uma realidade, também vou usar a jurisprudência criada com o acordão do Tribunal Constitucional para alegar que não apresentar contas não é motivo para que estas não se considerem prestadas. Por exemplo, não ter selo no carro não quer dizer que o selo não esteja no carro e a polícia pode dar como encerrado o caso, uma vez que não estando no carro, o selo estava no carro.
E ainda há quem julgue que deitar 80% da Constituição fora era grave...:)))
isto é mesmo só rir..rir para não chorar, entenda-se!
Subscrevo em absoluto o seu post.
Com a devida vénia, e a necessária referência ao autor, irei reproduzi-lo no Discurso Directo.
Abraço
António Jorge Lopes
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