"Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do Rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos, vindos do oriente (…) E eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles até que parou sobre o lugar onde estava o Menino com Maria, sua mãe e, prostrando-se, adoraram-no. Em seguida, abriram os seus tesouros e ofereceram-lhe presentes:ouro, incenso e mirra” (Mateus 2, 1-11-12)
Rezam as escrituras que, uns dias depois do nascimento de Jesus, chegaram vários reis, ou magos, não se sabe bem qual a qualidade que os distinguia, para O adorarem. Talvez fossem mais magos que reis, uma vez que souberam ver a estrela no céu e seguiram-na, de qualquer modo a sua sabedoria fazia-os superiores e improváveis submissos a um pobre camponês. Imagine-se a surpresa daquelas pobres gentes, a confusão que ia em Belém por aquelas alturas, um amontoado de gente deslocada por causa do recenseamento, a dormirem ao relento, e logo vários magos, montados nos seus camelos, à procura de uma criança que teria nascido numa das grutas que havia pelos campos!
Hoje não precisamos ler as estrelas, nem reconhecer sinais misteriosos, temos uns GPS que nos levam onde queremos mas também esses é preciso programar, se não soubermos onde queremos ir não nos servem de nada… Mas adiante, assentemos que as estranhas visitas eram astrólogos, portanto magos, assim se chamavam e chamam os que entendem o que os outros não lêem, por muito que se esforcem.
Os reis eram talvez três, Mateus não nos diz quantos, mas mais também não era preciso porque o imaginário popular tratou de encontrar uma boa explicação para esse número provável. É que, diz-se e não vejo porque não acreditar, que um, Belchior, era branco, Gaspar era amarelo e Baltazar era negro, interessa pouco que nos digam que chegaram do Oriente, talvez se tivessem encontrado algures para que parecesse assim, os Reis do Oriente eram os mais poderosos, seria talvez mais impressivo.
O que interessa é que o que passou à história foi que ali se representavam todas as raças da terra. A globalização, portanto, ali bem presente, foram precisos dois milénios completos para lhe darmos o nome certo e lhe tirarmos daí as consequências. É que a divindade deveria reunir todas as raças do globo, Ele não as distinguia e a estrela a todos guiava até Ele, desde que o procurassem.
Além disso, os reis magos levavam presentes, ainda hoje, em memória desse gesto, a forma preferida de manifestar amor, afecto ou respeito, pelos presentes se depreende a mensagem e a intenção de quem os dá.
Esses presentes eram ouro, incenso e mirra. Destes, só o ouro é que ainda é de sentido imediato ao comum dos mortais, o símbolo do poder, da riqueza que persiste, do valor material mais duradouro.
O incenso, poucos sabem e menos viram ou cheiraram os fuminhos na igreja, o cheiro acre queimado em honra de Deus, é o símbolo da divindade, talvez por ser forte mas etéreo, imaterial, por invadir todo o espaço e ser impossível de delimitar.
E a mirra, para este já é preciso ir ao dicionário, é uma resina amarga que tem efeitos terapêuticos, anti sépticos, mas que era muito usada pelos egípcios para embalsamar e perfumar os mortos, seria talvez o símbolo da condição humana, do risco do sofrimento e da certeza da morte.
Para além da visita dos Reis Magos e dos seus faustosos e simbólicos presentes, também os pastores se ajoelharam perante o Menino, nesse gesto igualados aos poderosos, ou os poderosos a eles. Mas conta uma história, que também ouvi, que os seus humildes presentes, figos, mel, leite, farinha, nozes, foram todos misturados e levados ao forno por um padeiro, que assim fabricou o fantástico bolo Rei, todos os presentes num só, que se partilha à mesa em celebração do dia em que a Estrela mostrou o caminho para que se encontrassem, sem distinção, todos os homens.
Rezam as escrituras que, uns dias depois do nascimento de Jesus, chegaram vários reis, ou magos, não se sabe bem qual a qualidade que os distinguia, para O adorarem. Talvez fossem mais magos que reis, uma vez que souberam ver a estrela no céu e seguiram-na, de qualquer modo a sua sabedoria fazia-os superiores e improváveis submissos a um pobre camponês. Imagine-se a surpresa daquelas pobres gentes, a confusão que ia em Belém por aquelas alturas, um amontoado de gente deslocada por causa do recenseamento, a dormirem ao relento, e logo vários magos, montados nos seus camelos, à procura de uma criança que teria nascido numa das grutas que havia pelos campos!
Hoje não precisamos ler as estrelas, nem reconhecer sinais misteriosos, temos uns GPS que nos levam onde queremos mas também esses é preciso programar, se não soubermos onde queremos ir não nos servem de nada… Mas adiante, assentemos que as estranhas visitas eram astrólogos, portanto magos, assim se chamavam e chamam os que entendem o que os outros não lêem, por muito que se esforcem.
Os reis eram talvez três, Mateus não nos diz quantos, mas mais também não era preciso porque o imaginário popular tratou de encontrar uma boa explicação para esse número provável. É que, diz-se e não vejo porque não acreditar, que um, Belchior, era branco, Gaspar era amarelo e Baltazar era negro, interessa pouco que nos digam que chegaram do Oriente, talvez se tivessem encontrado algures para que parecesse assim, os Reis do Oriente eram os mais poderosos, seria talvez mais impressivo.
O que interessa é que o que passou à história foi que ali se representavam todas as raças da terra. A globalização, portanto, ali bem presente, foram precisos dois milénios completos para lhe darmos o nome certo e lhe tirarmos daí as consequências. É que a divindade deveria reunir todas as raças do globo, Ele não as distinguia e a estrela a todos guiava até Ele, desde que o procurassem.
Além disso, os reis magos levavam presentes, ainda hoje, em memória desse gesto, a forma preferida de manifestar amor, afecto ou respeito, pelos presentes se depreende a mensagem e a intenção de quem os dá.
Esses presentes eram ouro, incenso e mirra. Destes, só o ouro é que ainda é de sentido imediato ao comum dos mortais, o símbolo do poder, da riqueza que persiste, do valor material mais duradouro.
O incenso, poucos sabem e menos viram ou cheiraram os fuminhos na igreja, o cheiro acre queimado em honra de Deus, é o símbolo da divindade, talvez por ser forte mas etéreo, imaterial, por invadir todo o espaço e ser impossível de delimitar.
E a mirra, para este já é preciso ir ao dicionário, é uma resina amarga que tem efeitos terapêuticos, anti sépticos, mas que era muito usada pelos egípcios para embalsamar e perfumar os mortos, seria talvez o símbolo da condição humana, do risco do sofrimento e da certeza da morte.
Para além da visita dos Reis Magos e dos seus faustosos e simbólicos presentes, também os pastores se ajoelharam perante o Menino, nesse gesto igualados aos poderosos, ou os poderosos a eles. Mas conta uma história, que também ouvi, que os seus humildes presentes, figos, mel, leite, farinha, nozes, foram todos misturados e levados ao forno por um padeiro, que assim fabricou o fantástico bolo Rei, todos os presentes num só, que se partilha à mesa em celebração do dia em que a Estrela mostrou o caminho para que se encontrassem, sem distinção, todos os homens.
4 comentários:
Cara Dra. Suzana Toscano:
Este texto é, sem sombra de dúvida, mais um bom momento de inspiração a que já nos habituou.
Gostaria de realçar o parágrafo seguinte:
"...A globalização, portanto, ali bem presente, foram precisos dois milénios completos para lhe darmos o nome certo e lhe tirarmos daí as consequências. É que a divindade deveria reunir todas as raças do globo, Ele não as distinguia e a estrela a todos guiava até Ele, desde que o procurassem."
Muitos parabéns por mais este excelente texto, cara Drª. Suzana, feliz regresso à escritora dos contos que nos tocam a alma.
Conta a historia que existiu um quarto Rei Mago, originário da Persia, chamado Artaban. Este rei, segundo a história, era possuidor de um carácter afável, uma mente de sábio e o coração manso de um sonhador. Na sua corte habitava um astrólogo que foi seu mestre e lhe preparou o espírito para a profecia estrelar, da vinda do Messias e da visita dos 3 reis magos, assinalada pela passagem do cometa. Artaban, decidiu encontrar-se com os 3 reis e seguir o cometa, a fim de visitar o conhecer o rosto do filho de Deus, para isso foi-se preparando e juntando algumas pedras preciosas, que tencionava levar de presente.
Chegando o sinal anunciado, Artaban partiu com destino ao encontro com os outros reis, mas pelo caminho encontrou no deserto um mendigo moribundo. Movido pelo seu coração, Artaban ficou a tratar o homem durante uns dias, o que fez com que se chegasse atrazado ao local do encontro, dali por diante, Artaban foi sempre chegando atrazado aos locais onde esperava encontrar Jesus, mas em todos esses locais encontrou e ajudou pessoas que sofriam e às quais foi ajudando com a sua disponibilidade e as joias que tinha destinado para oferecer ao Messias. Passados 33 anos, Artaban chegou a Jerusalem, no dia em que Cristo fora crucificado. Quando lhe contaram quem tinha sido aquele homem e o que tinha feito pela humanidade, Artaban percebeu que tinha chegado novamente atrazado, mas desta vez a sua jornada tinha terminado, pois o Salvador estava morto e pensou - Falhei na missão da minha vida.
Nesse momento ouviu uma voz que lhe disse: Ao contrário do que pensas, encontráste-me durante toda a tua vida. Eu estava nu e tu vestiste-me. Eu tive fome e tu deste-me de comer. Eu estáva preso e tu visitaste-me. Eu estáva em todos os pobres do caminho.
Muito agradecido por todos os presentes de amor!
É sempre bom que surja uma voz de Belém, que de algum modo indique o caminho e transmita algum conforto aos pobres que cada vez em maior número se vão encontrando pelos caminhos!
Suzana
Os Reis Magos tiveram de saber ler os sinais do céu para encontrarem o Menino Jesus que tinha nascido. Percorreram um longo e perigoso caminho, com a ajuda do seu "GPS", uma simples e radiosa "fonte de luz".
Esta lindíssima história que as escrituras nos ensina mostra-nos o que é verdadeiramente importante: percebermos os "sinais dos tempos". Também temos que percorrer caminhos muito difíceis, muitas vezes armadilhados e ilusórios. Precisamos de muita luz para nos guiarmos no grande caminho que é a vida, na maior riqueza do universo que é a Humanidade. O moderno GPS, infelizmente, não ajuda nada!
Cara Suzana:
Belo entrelaçado de uma história de grande ternura e significado!...
Quanto ao mais, é interessante verificar que modernos estudos astronómicos atribuem a estrela de Belém à confluência dos astros Júpiter e Saturno na constelação dos Peixes, precisamente nessa época da história. Aliás, já Kepler o tinha revelado, mas o assunto foi esquecido a tribuído ao misticismo em que o cientista se envolveu, depois de ter descoberto as leis relativas aos planetas e que tomaram o seu nome.
Mais modernamente, já no século XX, descobriu-se, em escrita cuneiforme de uma escola de astronomia da Babilónia, a descrição de uma mesma conjugação nessa data. Essa conjugação dos planetas produziria uma luz intensa, conforme comprovado experimentalmente em planetários. Por outro lado, a constelação peixes era tomada na Babilónia como como o signo das terras do mediterrâneo, o que terá levado os astrónomos, reis magos nessa direcção.
Cito de memória, pois não me lembro do livro em que li tal descrição.
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