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domingo, 6 de janeiro de 2008

Rainhas e reis do disparate.

De médico e de louco todos temos um pouco. Provérbio bem conhecido que pode apresentar outras versões como a seguinte: de médico, de sábio e de louco todos temos um pouco. Uma verdade que ninguém põe em causa. Se for pouco nada de especial à excepção de sábio. É mau ser-se pouco sábio.
Esta observação prende-se com o facto de muitas individualidades e figuras públicas transmitirem ideias, conceitos ou opiniões que cientificamente não são correctos. Atendendo ao facto de serem ouvidas e respeitadas por uma fatia nada pequena do público, este, ao aceitar a informação que lhe é transmitida, corre o risco de ser mal informado condicionando negativamente os seus comportamentos e atitudes.
Vários exemplos foram seleccionados pela organização Sense about Science que editou recentemente um pequeno folheto denunciando o comportamento de muita gente famosa.
Nesse texto estão descritas algumas frases de várias artistas tais como: “ Estou a combater os genes perigosos através de métodos naturais, por isso estou convicta de que se comer alimentos biológicos é possível evitar os tumores”; ou então: “ A pele é o órgão mais extenso do corpo. É preciso ter cuidado porque muitos produtos para a pele utilizam os mesmos produtos petroquímicos existentes nos anticongelantes dos automóveis”. A própria Madona afirmou a necessidade de “neutralizar a radioactividade” (que não é possível) e a ex-mulher de Paul McCartney chega a relacionar a ingestão de leite com a obesidade ao passo que Juliet Stevenson afirmou ter medo da vacina tríplice porque “se injectam três doenças de uma só vez nas crianças”. Jo Wood, mulher do guitarrista dos Rolling Stones Ron Wood e dona de uma marca de produtos de beleza orgânicos, “decretou” que “O que se coloca na pele vai direitinho para a corrente sanguínea.” Outras chegaram a afirmar que “as mulheres devem limpar o seu sistema linfático para evitar o cancro da mama”.
Entre nós, é habitual, nalguns programas de entretenimento, ouvir várias personalidades a dissertarem sobre certos assuntos sem qualquer fundamento científico inculcando conceitos errados nas cabecinhas dos ouvintes, para não falar da utilização publicitária de várias figuras públicas que se prestam a esses fins.
A organização Sense About Science tem denunciado estas situações no Reino Unido sugerindo que as celebridades, antes de abrirem as suas “reais” boquinhas, deviam inteirar-se junto da comunidade científica sobre o valor e a correcção das suas afirmações. Para o efeito disponibilizam uma linha telefónica e outros meios.
Ah, já me esquecia. Apesar de ter sido feita uma distribuição maciça de folhetos nos lugares mais frequentados pelo jet set, até agora nenhum dos visados tentou redimir-se das suas afirmações ou feito qualquer inscrição em aulas de ciências…

4 comentários:

Anónimo disse...

Pois é, meu caro Professor. O problema, porém, está no facto constatado de que só o disparate vende papel e imagem. Atrai publicidade. E até alça à posição de rainha e reis obscuros personagens.
E não é só nos domínios da saúde. O que ouço por aí dito e comentado sobre assuntos jurídicos só não é de bradar aos céus porque o convívio com o dislate é uma coisa tão natural como respirar. Aliás o ar começa a ser mais raro...

PA disse...

A proposito de disparates e de tradições:

http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=899929&div_id=291

É de "bradar aos céus", Caro Prof. Salvador.

Anónimo disse...

É verdade, Pézinhos n´areia...
Embora duvide que esta seja uma verdadeira "tradição", é seguramente uma prática que deveria envergonhar quem a estimula.

Suzana Toscano disse...

Estes são os novos ídolos e os que têm maior audiência, por isso as asneiras que dizem passam a doutrina...Talvez fosse uma boa ideia ensinar-lhes uns rudimentos das coisas e assim já podiam desempenhar-se como deve ser. assim como repetem as asneiras podem repetir o que é correcto, quem sabe?
Cara Pezinhos, essa noticia é uma vergonha, há "tradições" que resistem a tudo porque são, não se percebe como é possível.