O poder do terrorismo mostrou de novo a sua verdadeira face, ao conduzir ao cancelamento do Rally Lisboa-Dakar. Esse poder chama-se MEDO. Um poder temível para todos os que prezam a vida.
Foi o medo, atentatório da vida e anunciante da morte, que terá conduzido à solução radical de não deixar partir o Lisboa-Dakar.
As "Razões de Estado", apontadas por várias fontes, que forçaram o cancelamento do Lisboa-Dakar são a expressão política da razão fortíssima que explica a gravidade das decisões, o medo do terrorismo. Acreditando nas informações trazidas a público que justificaram a decisão do governo francês, sou de opinião que foi melhor assim, pois estando em risco vidas, nada, mas mesmo nada, poderia explicar que uma tal decisão não tivesse sido tomada se o terror, a violência e a morte tomassem conta da prova. Na posse de informação necessariamente muito grave, é caso para nos perguntarmos com que direito, com que (ir)responsabilidade ou a que título, o Lisboa-Dakar poderia ter avançado!?
O poder do terrorismo atingiu neste caso uma eficácia mediática muito elevada. É capaz de ser para o terrorismo demoníaco que nos ameaça, e que nos tira pedaços da nossa vida e a nossa própria vida, um resultado tão bom ou melhor que a tragédia da morte!?
Desta vez não venceu a eficácia operacional do terrorismo, mas venceu a eficácia mediática, igualmente poderosa.
Que consequências tirar desta nova ordem internacional ditada pela ameaça do terrorismo? Que podemos fazer para nos defendermos? Que preço estamos dispostos a pagar? Para onde vamos? Com o que é que podemos contar?
Foi o medo, atentatório da vida e anunciante da morte, que terá conduzido à solução radical de não deixar partir o Lisboa-Dakar.
As "Razões de Estado", apontadas por várias fontes, que forçaram o cancelamento do Lisboa-Dakar são a expressão política da razão fortíssima que explica a gravidade das decisões, o medo do terrorismo. Acreditando nas informações trazidas a público que justificaram a decisão do governo francês, sou de opinião que foi melhor assim, pois estando em risco vidas, nada, mas mesmo nada, poderia explicar que uma tal decisão não tivesse sido tomada se o terror, a violência e a morte tomassem conta da prova. Na posse de informação necessariamente muito grave, é caso para nos perguntarmos com que direito, com que (ir)responsabilidade ou a que título, o Lisboa-Dakar poderia ter avançado!?
O poder do terrorismo atingiu neste caso uma eficácia mediática muito elevada. É capaz de ser para o terrorismo demoníaco que nos ameaça, e que nos tira pedaços da nossa vida e a nossa própria vida, um resultado tão bom ou melhor que a tragédia da morte!?
Desta vez não venceu a eficácia operacional do terrorismo, mas venceu a eficácia mediática, igualmente poderosa.
Que consequências tirar desta nova ordem internacional ditada pela ameaça do terrorismo? Que podemos fazer para nos defendermos? Que preço estamos dispostos a pagar? Para onde vamos? Com o que é que podemos contar?
Tudo devemos fazer para combater a desgraça do terrorismo e devemos também aceitar que para vivermos em maior segurança face à ameaça teremos que abdicar de algumas "liberdades" que estamos a habituados a ter.
12 comentários:
Cara Margarida,
Muito obrigado por nos trazer este texto sobre o medo e o seu corolário, a vitória do mal sobre o bem.
Ao contrário da Margarida, porém, sou de opinião contrário. Penso que o rally, jamais, deveria ter sido cancelado. De todo em todo e absolutamente, não deveria. Outrossim, esta ameaça deveria ter servido para os governos dos países envolvidos pela passagem do rally, incluindo Portugal, demonstrarem a sua solidariedade para com o governo mauritano, incluindo mesmo oferecerem o envio de tropas para protecção do rally e toda a sua entourage. Estou em crer que o governo mauritano não iria fora desta oferta e, aliás, aceitaria que tropas Portuguesas, Espanholas e Senegalesas fossem ao seu território para proteger o rally, trabalhando lado a lado com o exército mauritano. Já o mesmo não digo de tropas marroquinas dadas certas divergências entre os dois países.
Simultaneamente, os governos de todos os países deveriam ter feito coro com o governo mauritano, não apenas repudiando a ameaça dos patifes, mas também oferecendo toda a solidariedade ao rally, aos seus participantes, a toda a entourage e ao povo mauritano, ao mesmo tempo que enfatizariam que sim, iria haver rally, que nós, ocidentais, não iriamos ceder ao medo, pelo contrário, iriamos defende-lo como parte integrante da nossa cultura ocidental que ele é.
Desta forma ter-se-ia uma frente militar, política e civil unida e trabalhando em conjunto contra as ameaças daqueles que, a pouco e pouco, estão a conseguir exactamente aquilo que pretendem desde o início: destruir o nosso modo de vida. E sem precisarem sequer disparar um tiro! Basta-lhes abrir a boca e fazer ameaças!
Não, Margarida Corrêa de Aguiar, lamento muito mas neste particular estou em desacordo consigo. Ceder ao medo, nunca.
Talvez cara Margarida, as grandes potências militares mundiais, não devessem ter fomentado o terrorismo, para dessa forma melhor dominar e "governar" aqueles países produtores de petróleo. Brincaram com o fogo, estão a queimar-se.
De todo o modo, não posso deixar de concordar com as suas interrogações finais, ligeiramente alteradas..."Que consequências tirar desta nova ordem internacional ditada pela ameaça do terrorismo? Que podem os países com estruturas militares e de inteligência adequadas, fazer para se defender? Que preço estão dispostos a pagar? Para onde vamos? Com o que é que podemos contar?
Esta anulação da prova Lisboa/Dakar, "cheirou-me" mais a uma retaliação abstracta. Um grito de revolta, que pretende sensibilizar a opinião pública para um problema que parece ameaçar o mundo, mas que a mim me parece ter objectivos concretos e definidos. Não quero dizer com isto que seja pro terrorismo, ou qualquer acção que vise esse efeito. Mas não posso ser concordante tambem com as acções que motivam os terroristas e perpetrar esses actos.
Aco ainda que a organização da prova tinha alternativas para poder levar o ralye a Dakar sem que os concorrentes corressem riscos diferentes dos inerentes aos que a própria prova os sujeita.
Concordo plenamente com Zuricher.
O objectivo foi conseguido: o ocidente demonstrou que tem medo.
Mas, há um problema, qto. à minha concordância com o Caro Zuricher !
Este:
O tempo que mediou entre a ameaça terrorista e o início do evento, seria suficiente para preparar a estratégia e a logística militares de apoio e defesa ao evento ?
Ou os terroristas também jogaram com esse "dado" precioso que é o tempo ?
estou um pouco por fora, do desenrolar desta situação.
Meu caro Pezinhos n'Areia, é muito certo o que diz do tempo e da sua influência na preparação de uma operação militar na escala requerida. Mas nem que se atrasse a partida do rally por uns dias, uma semana, dez dias por forma a permitir os preparativos e movimentações de tropas necessários! A instituição militar é muito mais expedita a preparar-se e a atingir a prontidão razoavel - não a óptima que essa leva mais tempo - do que a sociedade civil.
Teria muito menos consequências para o presente e para o futuro do que cancelar o rally.
É que, repare, os sinais que estas coisas dão para as governos e para as ruas muçulmanas de Rabat a Islamabad!
- Os governos apoiantes do terrorismo sentem o cancelamento como uma vitória da sua cruzada e por conseguinte vêm nesta cedência um incentivo para o prosseguimento da sua estratégia de destruição do modo de vida ocidental;
- Os governos moderados e que visam estabelecer pontes com o ocidente e que têm que lutar diariamente contra franjas da sua população que pretendem um retorno à islamização da sociedade sentem-se cada vez mais abandonados pela Europa e com menos espaço de manobra na sua acção contra o islamismo radical;
- Os cidadãos defensores do islamismo radical e o terrorismo, inegavelmente vêm esta cedencia - e outras do mesmo género - como um ganho em toda a linha e motivo mais do que suficiente para persistir na defesa dos seus ideias de luta contra o modus vivendi ocidental seja por que meios for, aliás, agora até já nem é preciso pôr bombas, não é? É tão fácil e tentador seguir em frente...
- Os cidadãos moderados dos países muçulmanos estão entre a espada e a parede, por um lado sociedades que tendem a ser mais abertas e laicas mas com um risco muito grande de deriva para o islamismo radical onde, ao sentirem-se abandonados, irão estes mesmos cidadãos buscar acolhimento e segurança.
Repare ainda no contexto em que estamos a falar. Marrocos, Argélia, Tunísia, mesmo a Mauritânia embora em menor escala, são países onde as lideranças têm vindo a tentar, mesmo que não laicizar, pelo menos abrir as suas sociedades, com tempo e vagar. E nem podia ser de outra forma dado que estas mudanças culturais não se fazem por decreto mas sim com o rolar e passar das gerações. Em todos estes, numa mais - Argélia - noutros menos - Tunísia - há tentativas brutais e desesperadas dos fundamentalistas islâmicos para reverter essas reformas e voltar ao islamismo fechado, anti-ocidental, anti-cristão, com pendor islamizante de todas as áreas da vida humana.
Repare ainda que estamos a falar de países que estão às nossas portas e que é do maior interesse da Europa tê-los em paz e como nossos amigos ao invés de os ter como países islâmicos radicais mesmo ao lado. E, claro, sem o apoio da Europa a deriva dos governos e das sociedades para esse islamismo perigoso é inevitavel e totalmente lógico.
Poder-se-á dizer que isto é demasiado gasto de palavras com algo tão insignificante como um rally. Mas ESTE rally é mais do que um rally. É um símbolo da nossa cultura como tão bem aqueles que o ameaçaram perceberam. Daí a sua importância, daí os sinais que o seu cancelamento enviam para os governos e ruas do mundo árabe, daí a importância de o ver como muito mais do que apenas uns quantos carros a passear pelas areias do deserto de Lisboa até Dakar.
A mãozinha do Presidente Francês ditou a decisão.
Para o ano que vem o raly parte de Paris e as ameaças já não meterão medo a ninguém.
Viva o Tratado de Lisboa
Cara Margarida
O terrorismo,desta vez presente pelas consequências desastrosas que decorrem de não se poder efectuar um raly cuja imagem no grande público é insufismável,continua a marcar pontos a seu favor pelo medo que com esta e com aquela acção, vai incutindo nas sociedades,sobretudo ocidentais. Cada vez pertenço mais ao grupo daqueles europeus que não acreditam numa europa politicamente unida ; os exemplos de casos objectivos nesta perspectiva, já são demasiadamente numerosos para nos mostrarem à saciedade, a impossibilidade total da europa vir um dia a disfrutar de um comando de intervenção, unido e coeso, logo que essas mesmas sociedades começassem a perder a possibilidade de em total liberdade, exercer os seus direitos e deveres, de acordo com um figurino de respeito pelas instituições e pela comunidade internacional.
Com toda a franqueza, mete-me grande pena a incapacidade de actuação e intervenção de que sofre esta união europeia onde estamos integrados, pois só a vejo e cada vez mais, como a antiga efta, claro que mais alargada e é evidente, com outro estatuto organisativo. Se pensarmnos na quantidade de empresas ligadas ao ramo automóvel que ficaram em causa, nos investimentos de toda a natureza que um acontecimnto destes implica e sobretudo, na posição muito dificil em que os países que mais de perto se encontravam envolvidos, tenho que concluir que só por desespero é que a França tomou a atitude que é conhecida. Mas aqui entram à baila diversos tipos de responsabilidades , desde uma desgraça que potencialmente, percebe-se bem, poderia ocorrer, até à describilização de toda uma organização que sem meios de defesa, poderia vir a sofrer. Não estou a ver, sinceramente, como pertinente, a intervenção de forças militares, - as dos países africanos são o que são e a coordenação quem a faria? - muito menos as francesas, isoladas e mal compreendidas certamente, face à falta de apoio e solidariedade, acredito piamente nisto,por parte de outros países ocidentais. E é aqui que me lembro da nossa união europeia, imóvel, impávida e serena politicamente, onde a clivagem de objectivos económicos é gritante, pois só esses interessam de verdade. Talvez que o tratado de Lisboa, com a benção caridosa do seu inefável tutor, dê a volta a isto tudo.
Caro Zuricher
Pois seja muito bem acolhido nesta troca de impressões sobre o poder do terrorismo e a luta do Mundo Ocidental para lhe fazer frente. Não temos que nos lamentar por discordarmos no entendimento que fazemos quanto à decisão tomada do cancelamento do rally Lisboa-Dakar.
Também sou de opinião que não devemos ceder ao medo terrorista. É nesse sentido que o Mundo Ocidental está a trabalhar para enfrentar e "conviver" com a ameaça do terrorismo, embora gostasse de sentir que a Europa está realmente unida e com os meios necessáriaos envolvidos neste desígnio. Está em causa a sua segurança, a preservação da cultura e dos ideais ocidentais. Penso, portanto, que em relação a esta questão de fundo estaremos todos de acordo. Não sabemos, não estamos informados sobre a eficácia desse trabalho no sentido de avaliarmos que grau de eficácia operacional o terrorismo atingiria sem o empenho Ocidental contra o seu avanço.
Tenho para mim que a decisão tomada é muito grave porque tudo nos leva a crer que eram muito graves os riscos existentes, não sendo presumivelmente possível eliminá-los. Admito que tenha sido ponderada a decisão de o rally se fazer "escoltado" por tropas terrestres e aéreas como defende o Caro Zuricher.
A Europa - e aFrança - não me parece que tivesse interesse em aparentemente perder esta guerra com o terrorismo, porque a decisão do cancelamento fragiliza a sua posição. Seria muito pior que um acto de coragem e de força fosse pago com vidas!
O Mundo Ocidental não quer nem pode ceder ao medo do terrorismo. O sinal do cancelamento não tem necessariamente que ser entendido como uma "derrota". O que é importante é que se retirem desta história as devidas ilações, no sentido de que temos que ser mais fortes para resistirmos à ameaça do terrorismo. A Europa tem que unir esforços para actuar a uma só voz.
Caro Bartolomeu
Do que li hoje nos jornais, parece que a organização do rally não tinha alternativas exequíveis ao traçado inicial.
O que já me parece estranho é que a organização não estivesse informada atempadamente para os riscos de "terrorismo" e não tivesse um plano de contingência.
Também me parece estranho que a Europa e os Países atravessados não tivessem feito, com a necessária antecedência, uma avaliação dos riscos e preparado os apoios necessários a que a prova se realizasse ainda que com alterações e condições diferentes.
São interrogações que ficam por esclarecer!
Caro Pézinhos n'Areia
Não há a mínima dúvida de que o Ocidente tem medo! A questão está em como actuar perante o medo? A resposta como se constata com esta história do rally Lisboa-Dakar não parece ser simples.
O problema que levantou – de que falei no meu comentário ao Caro Zuricher – sobre "O tempo que mediou entre a ameaça terrorista e o início do evento, seria suficiente para preparar a estratégia e a logística militares de apoio e defesa ao evento?" é pertinente. Mas também é pertinente a pergunta se foi efectivamente uma questão de tempo? Isto é, se a hipótese foi efectivamente considerada?
Acredito que a decisão de manter a realização do rally seria muito difícil de tomar, perante as ameaças. Mas já viram a quantidade de coisas que continuam a fazer-se apesar de todos os perigos? A começar por andar de avião ou de comboio,viajar a locais menos seguros. É difícil de aceitar que, na preparação desta prova, não se tivesse razoavelmente contado com o perigo do terrorismo. Estou bastante tentada a concordar com o caro Vitor Ramalho, não compensava aos franceses arriscar muito pelo raly Lisboa-Dakar...
Caro Vítor Ramalho
Porque é que as ameaças haviam de desaparecer? Só porque o presidente francês é mais esperto? Não creio que a decisão agora tomada tenha ido tão longe!
Caro antoniodasiscas
Excelente apreciação a sua sobre a debilidade politica da Europa. Estou longe de acreditar numa Europa politicamente unida. Para já a política externa comum não existe. Ora nas questões do terrorismo impõe-se precisamente um comando de intervenção, como muito bem refere.
Estou de acordo com a sua convicção de que a decisão da França terá sido tomada num quadro de muita gravidade, por "desepero" utilizando as suas palavras.
O Presidente não é mais esperto.
Mas tenho a certeza que se o raly começar em Paris, já não vão falar da segurança.
Caros amigos, no que eu disse não pretendi, de forma alguma, que fosse implícita a União Europeia, de todo em todo e absolutamente. Aliás, tenho posição semelhante à exposta pelo antóniodasiscas no que toca a uma política externa da União Europeia e similares. Vejo-o como mera utopia. Agora isto não exclui cooperação militar entre os países A, B ou C em assuntos pontuais contra uma ameaça comum a esses mesmos países como é o caso.
Não se trataria de uma posição da União Europeia - nem me recordei de tal entidade quando escrevi - mas sim uma colaboração militar pontual de alguns países, Portugal, Espanha, França, Mauritânia e Senegal para enfrentar uma ameaça comum. Quanto à liderança da operação militar, isso é o de somenos importância mas manda a prática que as tropas no terreno fossem comandados superiormente por um oficial general - por via de regra até o mais graduado e antigo - das forças armadas do país anfitrião, neste caso, a Mauritânia. Coadjuvado, obviamente, pelos oficiais superiores das forças militares convidadas.
No que toca à União Europeia, e para desfazer equívocos, eu prevejo, e há vários anos aliás, a sua total desagregação. Sempre tenho pensado no triénio 2012-2015 como a altura em que isso acontecerá e, aliás, se ficarmos com o que era a antiga CEE já será com alguma sorte. Esperemos que os ressentimentos causados por estas tentativas de integração por decreto que são totalmente contra-natura, utópicas e que fazem tabua rasa de 1000 anos de história, não causem ressentimentos fortes ao ponto de impedir a existência, sequer, de um espaço económico europeu quando a derrocada chegar.
Caro Zuricher
Bom ponto o seu sobre o futuro da União Europeia.
Confesso que não partilho da sua visão apocalíptica, embora tenha a noção que a união política nunca será alcançada porque os países não estão dispostos a cederem em questões fundamentais da sua soberania. Estão nesta categoria a política de segurança interna (forças militares e policiais) e a política fiscal. Mas sempre foi assim e não creio que sejam motivos suficientes para o recuo à "antiga CEE".
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