Número total de visualizações de páginas

sábado, 5 de janeiro de 2008

“Endireitas”

No decurso de um telejornal foi apresentada uma reportagem sobre um endireita, o Sr. Chico de Alter, que há mais de cinquenta anos vem prestando o seu contributo à comunidade. É de tal forma conhecido que, segundo o próprio, são os médicos que lhe enviam os doentes chegando a tratá-lo por colega!
Vi o senhor a palpar os ossos e tendões das pessoas e, de repente, ouvia-se um ruído característico acompanhado por um ai suspiroso dos doentes. Um ai muito interessante que me fez lembrar o alívio das dores que alguns doentes descrevem da seguinte maneira: - Ai senhor doutor, foi como a graça de Deus!
De acordo com a entrevista, o "colega" põe no seu devido lugar os ossos e tendões em apenas num minuto. Nem mais nem menos, um minuto! Também observei o senhor a ser esportulado de uma certa quantia a qual enfiou de imediato no bolso do lado direito do casaco. Não sei se passou o respectivo recibo e se o mesmo serve para descontar no IRS. O que é certo é que não lhe falta freguesia.
Curioso, tentei sabei quem era tamanha personalidade. Confesso que desconhecia a existência do curandeiro e não me sentia bem se não alargasse os meus conhecimentos. Acabei por saber que o senhor Francisco da Silva Mendes, o Endireita de Alter, foi distinguido no dia do município com a medalha de mérito municipal grau ouro.
A pompa e circunstância que rodeou a homenagem está bem retratada na citação seguinte extraída do Jornal regional.com (in Alto Alentejo): “…Com a centenária Banda Municipal Alterense a abrir o desfile e seguindo-se os cavalos do Clube Equestre, fez-se o cortejo entre o Largo do Município e o Palácio de Álamo, com os autarcas a pé, bem como o chefe de Gabinete do governador Civil… e os homenageados transportados no trem da Coudelaria. Num salão nobre repleto de gente, um homem simples recebeu com visível comoção a medalha de ouro de mérito municipal, e o elogio do homenageado esteve a cargo de António Brazão Ferreira que falou sobre esta pessoa humilde «num país subserviente aos títulos de doutor e de engenheiro», e comparou o Endireita a outras personalidades de fraca escolaridade, como Amália ou Eusébio que «levam o nome de Portugal ao mundo, como Mestre Chico leva o de Alter»".
Aqui está um bom exemplo para resolver muitos problemas de saúde. O senhor ministro podia aproveitá-lo e até, porque não, promover escolas de especialistas nestas práticas.
Se os nossos governantes e responsáveis fossem tão eficientes como o “Endireita de Alter”, já estaríamos endireitados há muito evitando que andássemos tão cabisbaixos..
Olhem para o senhor Chico de Alter. Olhem. Se fizerem como ele ainda podem chegar a comendadores, com pompa e circunstância…

10 comentários:

Suzana Toscano disse...

O povo agradece a quem o trata bem, o que é que o meu amigo quer?Talvez o tal curandeiro seja um autodidacta e conheça algumas técnicas que lhe permitem fazer esses "milagres". Com os serviços de saúde a desviarem-se do caminho dos doentes, é natural que haja cada vez mais laureados desses...

Anónimo disse...

Pode mesmo chegar a ministro. Ou não se julga o nosso ministro da saúde um verdadeiro Endireita?
Ponha-se o senhor Silva Mendes a jeito que, aproximando-se a remodelação, ainda o fazem barão. Perdão, ministro.

Bartolomeu disse...

O meu nariz de perdigueiro diz-me que este seu post, caro Professor, encerra um misto de ironia e de "braço torcido", pudera. No entanto, o mesmo nariz, fareja verdade, quando declara... "porque não, promover escolas de especialistas nestas práticas".
Concordo!
E porque não, mesmo?
Preconceito?
Orgulho desmedido?
Sejam estes ou outros motivos, a racionalidade aconselha-nos a valorizar aquilo que nos pode ser socialmente útil. E, se aquele Senhor sabe da poda, porque o seu conhecimento é reconhecido, porque não pedri-lhe que ensine aquilo que sabe aos pofissionais de saude?
O conhecimento feito da experiência de muitos anos, transmitido de geração em geração, apesar de não ter base científica, não deixa no entanto de ser prestável.
Ah porque iria ser um vexâme para os professores de medicina... Seria?
E os senhores professores, nasceram ensinados?
Não precisaram de aprender com quem lhes ensinou?
Ah mas quem lhes ensinou, também era professor.
Ok, então e ao primeiro professor, quem é que ensinou?
Será que a medicina nasceu com o aparecimento dos doutores, ou os mesmos terão nascido da curiosidade, do estudo e do aprofundamento do conhecimento?

PA disse...

Bem ... eu aqui ... opto pelo Conhecimento Científico, e considero um pouco de mau gosto, e de falta de mais qq coisa, talvez de "Conhecimento Científico na área da Medicina", para ter a coragem de proferir esta barbaridade:

- "que falou sobre esta pessoa humilde «num país subserviente aos títulos de doutor e de engenheiro», e comparou o Endireita a outras personalidades de fraca escolaridade, como Amália ou Eusébio que «levam o nome de Portugal ao mundo, como Mestre Chico leva o de Alter»"

De forma um tanto prosaica, comento:

- "Cada macaco no seu galho."


Ironia "amarga" esta ... que está no Post do Caro Prof. Salvador !

Massano Cardoso disse...

Caro Bartolomeu.

Em 18/8/2004 o Correio da Manhã publicou um texto intitulado: “Ossos - Mais de 56 anos a ajudar quem tem entorses
O MÉDICO QUE PÕE O PAÍS DIREITO”.

Nesse texto o Sr. Francisco afirmou que “Nem se aprende nem se ensina”. Sendo assim, nada a fazer...
Afinal este tipo de pessoas nasce espontaneamente ou por qualquer intervenção divina que não consigo perceber!
Já agora transcrevo parte da reportagem.
“...As experientes mãos iniciam o trabalho. Tacteia o tornozelo enquanto o paciente vai explicando onde lhe dói, mas o Sr. Francisco não presta muita atenção, já que sabe perfeitamente o que tem de fazer. Dá um jeito que só ele conhece, ouve-se um estalido, e pronto, já não tem o pé torcido. O tratamento demora menos de dois minutos e o paciente sai aliviado. “E nem precisam de me dizer o local exacto onde dói, que eu vou logo ao sítio”, remata o Sr. Francisco, salientando nunca ter causado danos em ninguém.

Mas como é que uma pessoa sem qualquer conhecimento do corpo humano consegue tratar problemas ósseos? Nem o próprio sabe responder. Encolhe os ombros, esboça um sorriso e diz: “Não sei. Talvez seja um dom”.

E prossegue: “De vez em quando penso: quem é que me deu o destino para tratar as pessoas?” O Sr. Francisco nunca aprendeu a ler nem a escrever e não se sente inferior por isso....”

Apesar do raio do meu joelho direito começar a dar problemas não me vejo a “peregrinar” para Alter, nem para outros santuários...

Quem os procura lá têm as suas “razões”, mas no final acabam sempre por procurar os médicos (sem aspas), embora muitas vezes em condições não muito agradáveis. Mas a vida é mesmo assim. A “loucura” e a “medicina” sempre andaram de mãos dadas. Dão-se bem, embora os resultados nem sempre são os melhores...

ferreira disse...

naquela coisa do governo chamada Novas Oportunidades, o tipo tirava o curso de doutor em 9 mese...ou menos...

Bartolomeu disse...

Concordo, caríssimo Professor, talvez no meu comentário, não tenha conseguido ser explícito.
Consigo perfeitíssimamente separar o trigo do joio. Não confundo ciência com auto-didactismo. Porém, neste assunto específico, creio que uma inter-acção, ciência versus prática, conhecimento, pode resultar uma enorme mais-valia.
No aspecto que o caro Professor apresenta, relativamente à declaração feita pelo Sr. Francisco de não conhecer a origem dos seus "dons" e de os mesmos não poderem ser ensinados, creio que as palavras dele têm outro sentido.
Quanto ao facto de ele achar que não conhece a origem dos "dons"´será uma semi-verdade. Esta resposta completa ainda o facto de aquela "arte" não se ensinar. A questão prende-se também com o aspecto de ser necessária uma visão especial, uma visão altamente sensorial e um tacto muito "cirúrgico". Ora caro Professor, saberá muito melhor que eu, que de entre os alunos que em medicina, são candidatos a médicos, a uma parcela maior ou menor desses alunos, o caro professor, não lhes reconhecerá certamente "dotes" evidentes para o exercício da medicina. Verdade?
Aquilo que o Sr. Francisco quererá dizer naquela reportagem, tem certamente a ver com esse ponto de vista.
Vou confidenciar-lhe uma intimidade.
Tanto no emprego, algumas das minhas colegas, como em família, pedem-me com frequência para lhes dar "um jeitinho" quando sentem aquelas dores terríveis no pescoço que se estendem ao ombro. Afirmam que eu vou direitinho aos sítios onde lhes doi e que depois tenho um jeitinho especial que as deixa muito mais aliviadas. A verdade é que eu percebo tanto de ortopedia, ou problemas de músculos, como de lagares de azeite. E, muitas vezes escuso-me a dar o tal "jeitinho" por receio de um dia o "jeitinho" poder resultar pior que o mal. Mas aquelas que já foram "ajeitadas", insistem e não lhes consigo fujir.
Um dia vou fazer um desses cursos de homeopatia, ou massagista.
Na, massagista não, que essa coisa de massajar é cansativa e resulta mais ou menos como o "melhoral" nem faz bem nem faz mal.
;)))

Unknown disse...

Há poucos dias ouvi falar na TV, pela primeira vez, por casualidade, no Chico de Alter.
Porque acredito que há pessoas que têm verdadeiros dons especiais que aparentemente são inexplicáveis (o dom para cantar de Amália Rodrigues, o dom para jogar a bola de Eusébio, o dom para escrever… o dom para desenhar, pintar, arquitectar, o dom para compor música… o dom para a ciência, etc., etc. …), peguei num papel e rapidamente registei essa informação.

Tenho uma filha casada que nestes dois últimos dias sofreu imenso com dores nas costas e pescoço, situação que a impedia, completamente, de pegar no próprio filho bebé de 10 meses!

Hoje de manhã lembrei-me do nome que tinha registado e fiz uma pesquisa na net.

Pouco depois, a minha filha, na companhia do filho e marido, saíram rumo ao SR.FRANCISCO de ALTER.

Pelas 16h telefonava para me dizer que tinha sido simpaticamente atendida e que o diagnóstico a olho nú, de dois tendões que deviam estar paralelos e estavam cruzados, foi a causa que lhe provocou tanto incómodo. Falou feliz porque já se sentia bem e segundo me disse, já estava com o filho ao colo!!

Obrigada Sr. Francisco! Bem merece as homenagens que lhe têm sido feitas!

Mais palavras para quê?

Unknown disse...

Ainda vive o sr Francisco?

Unknown disse...

O autor bem como alguns comentadores falam do que não sabem.
eu recorri a este homem varias vezes e sempre a resultar.
a ultima andei em medicos 2 semanas, até que me fartei e fui a Alter, problema resolvido de imediato.
parem de deitar abaixo o que não conhecem, só lamento ele já não estar cá, hoje iria lá com a minha filha resolver um entorce num dia e assim a miuda vai passar semanas com um problema que ele resolvia num minuto.