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domingo, 20 de janeiro de 2008

O ambiente ao serviço de "nuestros hermanos"!...

Segundo um amigo meu, que creio bem informado, em frente a Castro Marim, em território espanhol, está a nascer uma grande urbanização de vários milhares de habitações. Vista privilegiada para o sapal de Castro Marim, diz a publicidade do empreendimento.
Ao mesmo tempo, do lado de cá, toda a autorização é dificultada, em nome da preservação do ambiente e da biodiversidade. Onde o homem, naturalmente, não cabe.
Também, muito naturalmente, “nuestros hermanos” agradecem o excelente ambiente assim colocado à sua disposição!...

10 comentários:

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro Pinho Cardão,
O que me pergunto é se o seu modelo de desenvolvimento turístico é quarteira ou o six senses.
O que se está a fazer do lado espanhol é seguindo modelo quarteira e veremos os resultados a prazo. Para já cria emprego e permite o enriquecimeto efémero que qualquer processo especulativo permite enquanto alguém pagar o até há pouco tempo contínuo aumento do preço do imobiliário em Espanha.
Do lado de cá diga por favor ao seu amigo para se informar melhor: corte velho (six senses, pode ler pormenores sobre o que penso deste assunto num post do meu blog a que dei o título de contos exemplares http://ambio.blogspot.com/) está em fase final de aprovação, depois do promotor ter reformulado o projecto, e Almada de Ouro está fazendo o seu percurso.
Não são é quarteiras. São outras coisas. E são essas coisas dessas que fazem com que já hoje se pague mais para jogar golfe em Portugal que em Espanha: a qualidade média é substancialmente maior.
Não é só o ambiente, é também a racionalidade económica que aconselha a investir no que é produtivo em vez de investir no que é especulativo.
Sabe, há muitos anos o mosteiro da batalha foi vendido em hasta pública e arrematado por um construtor da zona que pretendia retirar a pedra para usar na sua actividade.
Pois um fundamentalista príncipe alemão, rei consorte de Portugal, parece que achou melhor manter a coisa como estava antes, prejudicando gravemente a economia local e obrigando à abertura de mais pedreiras em vez de reutilizar a pedra inútil e o mosteiro lá continua, inútil e sem frades.
Nunca confirmei a história, mas a função principal das parábolas não é serem verdadeiras, é serem esclarecedoras.
henrique pereira dos santos

Pinho Cardão disse...

Caro Henrique Pereira dos Santos:

Claro que ninguém quer novas Quarteiras ou Armações de Peras. Por isso, o exemplo, sempre dado nestas circunstâncias, não colhe.
Vêm para Castro Marim dois empreendimentos de seis estrelas: é muito bom e parece então que o ICN teve nisso uma acção de relevo; se assim foi, sou o primeiro a louvar.
Mas o país não se faz só de empreendimentos quarteirosos e de resorts de 6 estrelas; pelo meio,é possível a existência de empreendimentos adequados e equilibrados, que não agridam, antes protejam a natureza,o meio ambiente, a diversidade e o homem.
O meu amigo fala na função das parábolas e aí concordo consigo.
O exemplo que dei é também uma parábola. Só isso.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro Pinho Cardão,
Não sei se tem ideia do que está a ser feito do lado espanhol da fronteira. Não foi em vão que invoquei Quarteira.
Mas ainda que fosse alguma coisa entre as seis estrelas e Quarteira não percebo a parábola:
pretende-se dizer que para não beneficiar as construções que estão a ser feitas nas encostas destruíssemos o sapal de Castro Marim ou que se urbanizasse o sapal de Castro Marim para também ganhar qualquer coisa no processo?
É que o que está a ser feito em Espanha, bom ou mau, não ocupa sapal nenhum, se é que tenho a informação correcta.
Mas admitamos ainda que também nós não urbanizávamos o sapal mas construíamos empreendimentos iguais aos de Espanha.
Seria isso sensato do ponto de vista da economia?
Eu tenho dúvidas e curiosamente todos os documentos que conheço sobre o desenvolvimento estratégico do sector do turismo no Algarve (e em Portugal) também.
Mas o que verdadeiramente me intriga é onde pretende chegar com o que escreveu.
Pretende dizer que as regras ambientais que vigoram em Portugal prejudicam Portugal a favor de Espanha?
Se é esse o caso, independentemente do exemplo ser bem ou mal escolhido por estarmos apenas a falar do valor simbólico da parábola, conviria discutir isso de uma forma um bocadinho mais aprofundada, com números e dados concretos.
9 das 10 maiores fortunas de Espanha estavam (penso que ainda estão) ligados à construção e ao imobiliário.
Será mesmo consequência das regras ambientais que existem em Portugal?
Infelizmente os problemas de desenvolvimento do país não decorrem de regras ambientais demasiadamente restritivas.
Se assim fosse seria tão fácil obter resultados que qualquer Governo que decididamente olhasse para o problema dessa forma (e o actual Governo é absolutamente insuspeito de fundamentalismo ambiental) tinha a sua reeleição garantida.
henrique pereira dos santos

Anónimo disse...

É pena que não funcionem os mecanismos de cooperação transfronteirça em matéria de ambiente e de ordenamento do território entre Portugal e Espanha, consagrados na lei comunitária mas também na legislaçao nacional dos dois Estados. Para já não falar nas recorrentes profissões de fé e proclamações em encontros bilaterais entre as autoridades dos dois países.
Em Espanha existe de resto consciência da necessidade de as fronteiras também tombarem quando em caso está o uso e a aproveitamento racional e sustentável do solo ou a conservação da natureza (essa então não deve conhecer limites politicos porque não tem que ver com a soberania).
No ano que passou, a reflexão sobre a cooperação transfronteiriça em matéria ambiental e no ordenamento do território foi aliás o tema do Encontro Luso-Espanhol de Professores de Direito Ádministrativo, realizado em Sevilha. E este que o Pinho Cardão aqui trouxe foi, precisamente, o exemplo lamentado de ausênca de cooperação, sequer sob a forma de mera consulta do lado de cá, sobre os plano do lado de lá do Guadiana.

Uma nota adicional. Parece que há muito quem, em Portugal, goste das Quarteiras. É que, se por lá passarem, constatarão que boa parte dos automóveis estacionados tèm matricula portuguesa...

Pinho Cardão disse...

Caro Henrique Pereira dos Santos:
Eu falei de empreendimentos adequados e equilibrados, que não agridam, antes protejam a natureza,o meio ambiente, a diversidade e o homem.
O meu amigo vem falar-me de " empreendimentos iguais aos de Espanha". Nada tem a ver uma coisa com outra. Tem que haver proporção nas coisas e atender ao sapal que, de facto, está lá, sem esquecer que também há gente que vai persistindo em não fugir.
Por isso, têm razão todos os que dizem que o concelho não pode ser uma reserva de vida vegetal ou animal, mas de onde o homem é banido,por nem sequer poder melhorar um pouco as suas condições de habitabilidade. E o meu amigo, nestas circunstâncias, fala-me de grandes empreendimentos, como os de Espanha?

Pois, caro Ferreira de Almeida, de acordo com o meu amigo.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro Pinho Cardão,
Do que falou foi das normas ambientais estarem ao serviço dos espanhóis com base num exemplo concreto.
E agora na sua resposta vem o habitual fado das zonas do país a desertificarem-se por causa das normas ambientais.
Peço desculpa, mas há anos que ouço essa argumentação, mas simplesmente nunca vi um único estudo sério que a suportasse.
Eu próprio posso porocurar os mapas que fim sobrepondo o rendimento per capita concelhio e a sua evolução com as áreas da rede natura e áreas prtoegidas e não há nenhuma demonstração de relação entre uma coisa e outra.
Castro Marim, e mais acentuadamente Alcoutim, têm profundos processos de desertificação semelhantes aos que existem noutras áreas de Portugal que não estão em áreas classificadas e semelhantes às áreas com as mesmas características em Espanha.
É um enorme embuste fazer a relação entre despovoamento e áreas classificadas (e mesmo RAN e REN).
Volto a dizer, desconheço qualquer avaliação objectiva que permita essa conclusão.
Se alguém tiver dados globais que contrariem isso agradeço. Aqui e ali há erros, decisões erradas, etc.? Com certeza. Mas não é de exemplos pontuais (e o que têm vindo à colação nem sequer servem de demonstração por partirem de informação errada) que falo, mas de análise globais que provem que as regulamentação ambiental é um factor significativo do desenvolvimento em Portugal (coitados dos finlandeses, dos alemães e etc., se isso fosse verdade)
Agora que dá imenso jeito aos comentadores dizer isso porque é uma verdade popular e não dá trabalho, aos empresários porque os isenta das suas responsabilidades, aos decisores públicos porque desvia o alvo das críticas, lá isso dá.
henrique pereira dos santos

Anónimo disse...

Caro Henriuque,


Quer melhor exemplo do que a OTA para demonstrar que os regulamentos ambientais, ou a aplicação destes ou, se quiser, os lobbys ambientais, exercem no atraso do País? A OTA que pelos vistos era uma opção errada e limitada foi escolhida pelo exacerbar destes critérios ambientais

E como diz muito bem o Dr. Pinho Cardão, acabam em ultima análise de excluir o homem, o Português, do seu território.

Henrique Pereira dos Santos disse...

A OTA?
Primeiro não existe nenhuma decisão sobre o aeroporto de Lisboa.
Segundo, as decisões que houve até agora (e já foram várias) foram sempre tomadas por processos decisão pouco lineares.
Terceiro, só agora se começa a falar de ir ver o que diz a regulamentação ambiental ao mesmo tempo que se condicionam as decisões com critérios escolhidos por quem de direito mas não decorrentes do regulamentos ambientais.
Quarto, nem percebo o que tem a decisão sobre o novo aeroporto (aponte ela para que localização apontar) com a exclusão do homem do território português.
henrique pereira dos santos

Anónimo disse...

Caro Henrique,

Indo directo ao quarto ponto, pois penso ser o critério que condiciona posições diferente, já que em termos absolutos todos defendemos a vida animal e o ambiente em geral. Resta saber a que preço.

Respondendo à sua questão da ligação das escolhas dos investimentos do País, de que é exemplo a OTA, apenas com critérios ambientais, com a exclusão do homem do território, essa ligação é óbvia e prende-se com 3 linhas de razões. A primeira tem a ver com a impossibilidade do homem usufruir do território, ora por lhe ser vedado o acesso ou por lhe ser vedada a permanência. A segunda linha tem a ver com a impossibilidade de desenvolvimento que as restrições ambientais impõe, obrigando muitos portugueses a procurar trabalho fora do território. A terceira tem a ver com custos directos para causas ambientais, utilizados de forma desequilibrada, recursos que desaparecem na mesma proporção em que o País empobrece.

Nota: não esquecer que todos somos amigos do ambiente, mas precisamos de equilíbrio entre as várias realidades.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Digamos que somos todos amigos do ambiente mas na prática a teoria é outra.
A ligação entre normas ambientais e a emigração ainda é mais ténue do que o povoamento, basta para isso ter em atenção as duas últimas grandes vagas de emigração de Portugal, nos anos vinte para o Brasil e nos anos sessenta para a Europa são muito anteriores às normas ambientais.
Há um erro de base no seu raciocínio: é o de que o homem não usufrui de áreas com condicionantes ambientais. Mesmo nos raríssimos casos de reserva integral o que está em causa é ainda o homem: os ecossistemas prestam serviços sem os quais a acividade humana, e dentro desta a economia, se torna impossível. Os serviços prestados pelos ecossistemas, desde a depuração das águas e do ar, até à manutenção da diversidade biológica onde vamos buscar a resitência a pragas das culturas ou o essencial do fabrico de medicamentos, passando pelos serviços de polinização de culturas (o súbito desaparecimento de abelhas, especialmente marcado na América do Norte, provocou perdas brutais de produtividade por falta de polinização) e muitos outros são serviços de que todos nós usufruímos.
Quanto aos custos directos das normas ambientais só parecem grandes (evidentemente há insensatez nesta área como em todas as outras mas posso garantir que raramente vi insensatez do tamanho da que vi na gestão do processo do BCP, só para dar um exemplo) quando não são comparados com os custos de não haver normas ambientais.
henrique pereira dos santos