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domingo, 20 de outubro de 2013

Calhou

Ouvi há dias na TSF um programa sobre os que emigraram do Brasil, no tempo em que éramos um país atraente, e agora regressaram à sua terra para recomeçar a vida. Um deles aproveitou os mil euros que uma organização internacional dá aos migrantes para apoio ao reinício e começou a assar frangos "à portuguesa", uma originalidade bem diferente do rodízio brasileiro. O homem ria-se muito a contar que quando chegou cá admirou-se muito por não haver assadores de carne mas sim grelhadores de frango "escarrapachados no carvão" depois de levarem um delicioso tempero cujo segredo ele utilizou depois no Brasil. Pensou que iria ser um sucesso e começou a assar frangos numa garagem improvisada e realmente acertou, em breve a clientela cresceu, vencida a desconfiança inicial, ao ponto de ter aberto um restaurante para servir adequadamente o pitéu. Quando chegou a altura de escolher um nome para o local foi um problema, porque queria um nome "bem português" mas nada de nomes de terras, ou de santos, ou de pessoas, queria uma expressão típica, uma palavra que, de acordo com a sua experiência, simbolizasse a gente lusa. Foi assim que escolheu o nome que agora está na placa por cima da porta "Restaurante Calhou". Calhou? Perguntava a jornalista, sim, calhou, em Portugal todo o mundo diz "calhou"', tudo acontece porque "calha", eu calhei ir para lá, calhou ter ajuda quando precisei de voltar, calhei na ideia dos frangos, está vendo, estou como os portugueses, fiquei com a palavra na cabeça, daí o "Calhou", calha mesmo bem, né?

3 comentários:

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
Calhou ou se calhar são palavras que utilizamos com muita frequência. Tenho para mim que estão muito associadas a situações de ocasião e ligadas a um certo improviso. Improviso é connosco. O brasileiro dos frangos observou bem e escolheu bem, o importante mesmo é despertar a curiosidade da clientela!

Bartolomeu disse...

Aos portugueses de Portugal também calha cada uma; de bradar aos céus.
Calhou-nos um governo, que se calhar nos vai matar à fome, ou, calhando, de raiva. Calham-nos políticos, para-políticos e pró-políticos que, calhando, vieram de outro planeta, se calhar são alienígenas. Calham-nos também nos empregos, umas zaragatoas meias amalucadas, que de um momento para o outro, acharam que iriam reinventar o mundo e que tudo o que foi feito até aqui, está errado, calhando, mais cedo do que pensam estão a bater às portas pedindo emprego, se calhar vai estar difícil para os achar...
Efectivamente, o brasileiro teve faro para o frango-na-calha, a antítese da vida portuguesa que anda completamente fora dela.

jotaC disse...

A vida é assim, às vezes calha bem outras calha mal!. Mas de modo geral costuma calhar melhor para uns do que para outros, lá calha!

Bem apanhada:)