Começou a chover. Conheço bem este som. Uma chuva fria e cinzenta a pedir que fique em casa, sentado, a ler, a escrever e a ouvi-la. Uma chuva que canta, que não espanta, apenas encanta. Conheço esta música. Sempre o mesmo cantar. Uma forma de despertar que transmite um agradável bem-estar. Lembro-me de ficar à janela, cotovelos no peitoril, nariz encostado ao vidro frio para poder ver as gotas de água a saltitar, umas atrás das outras, vindas de um céu sem luar. Olhava para a rua, para o meu local de brincadeira. Não podia jogar, mas podia sonhar. Olhava para o céu e não havia nuvens, apenas um cinzento uniforme como se alguém o tivesse pintado. Mas o que eu gostava mesmo era de ouvir os diferentes cantares da chuva. Não me cansava, nem ficava triste por não poder correr ou brincar. Ficava quedo e mudo, e passava o resto do tempo a ler. Sempre que chovia dava-me para ler. E quando chovia eu entendia melhor o que lia. Havia alturas em que chovia muito, dias e dias a fio sem parar, sempre com a mesma música, era a altura de ler, e lia sempre que chovia, e quanto mais chovia mais eu lia, e quanto mais lia mais aprendia. Agora entendo porque é que chovia...
Hoje vou ler, porque tenho ainda muito que aprender, e já agora aproveito para escrever...
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