Alguns seres humanos comportam-se nos tempos atuais de uma forma que faz lembrar o passado em que os senhores faziam o que entendiam dos seus escravos. Existe uma tendência para dominar o próximo, chegando a ponto de o humilhar. Alguns, para poderem ser superiores, fazem que os outros sejam tratados de forma pouco digna. Não é preciso comprá-los, vendê-los ou chicoteá-los, basta controlá-los, mediante o acesso ao emprego ou ao trabalho. Depois de serem criadas as respetivas ligações de dependência, muitos patrões, senhores dos tempos modernos, manipulam e fazem o que entendem. Inicialmente tratam-nos com deferência, pagam o que lhes é devido, comportam-se de forma atenciosa até chegar ao ponto de dependência máxima. Quando veem que atingiram esse momento, ou seja, quando a dependência económica está estabelecida, passam a protelar os seus deveres, esquecendo-se dos compromissos e adiando a retribuição das compensações que são devidas aos seus funcionários, os quais, perplexos, interpretam como sendo um lapso, um esquecimento, algo que em breve será restabelecido. O tempo passa e o acumular das obrigações passam a constituir um fardo pesado e doloroso para quem tem o direito a ser compensado pelo seu esforço. A desconfiança começa a instalar-se, e, sempre que surge uma oportunidade, atreve-se a recordar os pagamentos em falta na expectativa de poder resolver o problema. Chega o momento em que a arrogância e o desplante passam a ser uma realidade provocando-lhe mal-estar, sofrimento e angústia. Dominar o semelhante e abusar da sua boa vontade constituem atentados aos direitos dos homens. Por vezes, nestas condições, o melhor é explodir em ondas de dignidade e de nobreza, mesmo que constituam fonte de problemas ou de inquietações. Não há nada que consiga substituir a dignidade e a honra humanas. Recordo, frequentemente, muitos casos, histórias, obras e exemplos de seres humanos que foram capazes de sacrificar o seu bem-estar, interesses e conforto a troco da sua dignidade sempre que foram confrontados com os tais atos de domínio e pseudo superioridade. Não há dinheiro, não há nada, que consiga pagar ou substituir o direito à dignidade humana. Quando nos comportamos desta maneira conseguimos dar um pequeno passo no sentido de melhorar uma pobre humanidade que viveu e vive à custa do domínio e da "escravidão" de outros seres humanos. Uma verdade que dói e que existe por todo o lado e que reflete a verdadeira essência de muitos que "sabem" viver à custa dos outros. Mas lições de dignidade podem surgir de onde menos se espera, e quantas mais melhor. Para quê? Não sei!
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