A sensibilidade de Hassan Rouhani, o presidente do Irão, foi poupada à pecaminosa nudez das estátuas do Museu Capitolino na visita que fez a Roma, local onde se encontrou com o PM italiano. Não há muito tempo faziam-se ouvir vozes europeias indignadas com a atitude paternalista do Velho Mundo para com outros Estados. Gritavam e gritam pelo reconhecimento do direito dos povos se afirmarem donos das suas culturas e história e credores do respeito pelos seus costumes. Em especial quando as culturas, a história e os costumes não coincidem com os valores prevalecentes no Ocidente. Não falta por aí quem fale em neocolonialismo nascido de uma superioridade cultural que a Europa sempre terá ostentado.
Em pouco tempo parece que a soberba deu lugar às mais humilhantes genuflexões. Esconder o nú das estátuas de um museu é o derradeiro e mais chocante símbolo de uma rendição vergonhosa.
9 comentários:
Pois é, hoje cobrem o nú das estátuas, para não melindrar islamistas! Amanhã, terão de retirar as estátuas e as cruzes de suas catedrais, pois os inimigos da cultura judaico-cristã o exigirão! E chegará o dia em que as mulheres, para saírem à rua, terão de se cobrir dos pés à cabeça, sob pena de serem vilipendiadas em seus mais comezinhos direitos! Aonde a Europa quer chegar?!!!!
Intolerável ! A que propósito? Grandes negócios ?
Prostituições...
Cada vez admiro mais a "Santa Rússia"...
Caro Ferreira de Almeida, a história da humanidade está cheia de civilizações que são dominadas e desaparecem às mãos doutras que lhes são socialmente inferiores. Os Gregos e os Egípcios pelos Romanos e os Islâmicos da Idade de Ouro do Islão pelos Mongóis são apenas três exemplos soltos dessa queda de civilizações mais avançadas às mãos de gente muito mais básica.
Na Europa de hoje em dia, porém, a situação é diferente dado essa destruição dos nossos valores e do nosso modus vivendi estarem a ser menosprezados pelos próprios Europeus que, por uma série de complexos ridiculos, preferem olhar para o outro lado em vez de fazer valer o nosso modo de vida no nosso espaço geográfico. O que me leva a uma pergunta: será que uma civilização que renega o seu próprio modo de vida merece, sequer, existir? Alguns na Europa Oriental perceberam muito rápido e desde o princípio desta loucura toda o que está realmente envolvido no assunto. Na Europa Ocidental o execravel politicamente correcto impede que se aceite a realidade do que está a acontecer e persiste-se na auto-humilhação. Mesmo quando dela não há qualquer necessidade. Merecem povos que se envergonham de si mesmos continuar a existir?
Não vou ao ponto, meu caro Zuricher, de pensar que a civilização milenar capitulou por que uns tontos que nos governam não percem o elementar. Que esta e outras situações de submissão nos envergonham como europeus, isso envergonham. Que é tempo de reafirmar as conquistas de séculos e séculos pela dignificação da pessoa, é tempo. Que há que gritar bem alto que a convivência entre civilizações, não obedecendo a um mero critério de territorialidade, implica todavia que, sem complexos, se exija e imponha respeito reciproco, ai isso é tempo.
Convém é que não confundamos as coisas, não permitindo aproveitamentos destes vergonhosos gestos de uma classe dirigente medíocre que perdeu referencias básicas, nem deixando, por causa desses gestos, alimentar sentimentos de xenofobia e segregação de uma minoria que também nenhum respeito tem pelos nossos valores essenciais.
As minhas desculpas pelo português macarrónico...
Se a visita do presidente do irão, tivesse sido ao nosso país, fazia todo o sentido entaipar as estátuas. Não para ocultar o nu mas, para ocultar a falta de restauro e limpeza, frutos da má utilização, proteção e valorização que fazemos do nosso património artístico.
Sendo em Itália... quem se lixou foi o Hassan que ficou privado de admirar, ao vivo, verdadeiras obras de arte.
Prá próxima, que abra os olhos emande o puritanismo islâmico às urtigas..
Bem, se olharmos para o comportamento dos responsáveis de entidades públicas portuguesas cada vez que o chefe de estado do Vaticano cá vem, estamos a falar da mesma coisa a menos de um factor de escala. Imagino que não tenham decretado um feriado para o iraniano fazer uma missa ou lá como se chamam as coisas deles.
Deplorável, mas tão deplorável como os nossos.
"Submissão" é o título do livro de Houellebecq que o obriga a andar clandestino e protegido pela polícia contra a fatwa lançada sobre ele.
Não sei de outra palavra que resuma melhor a postura de cócoras da cultura ocidental perante a obtusidade civilizacional da cultura islâmica actual.
Mas, curiosamente, em Novembro passado, voltaram a ser expostas no Museu de Arte Contemporânea de Teerão, as obras de arte coleccionadas pela mulher do Xá, que se encontravam encerradas num cofre forte desde 1979. Valeram a estas obras, agora libertadas - de Picasso, Rothko, Warhol, Pollock, Gauguin, Bacon, e vários outros - não despertarem aos olhos dos clérigos islâmicos concupiscência que os motive.
Hitler mandou queimar as obras de arte contemporânea que lhe estavam ao alcance por as considerar "arte degenerada".
Khomeini só as mandou para a prisão num cofre forte, e Hassan Rouhani libertou-as 36 anos depois. Houve progresso, esperemos que não haja retrocesso.
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