- A teoria (e a prática, progressiva
e irrecusável) do “Virar de Página da Austeridade”, aliada à promessa de “Reverter
o Empobrecimento”(…) e, ainda, o teor das declarações da generalidade dos
candidatos à presidência da República sugerem, de modo eloquente, que
entramos num tempo novo.
- E entramos num tempo
que diverge, radicalmente, do tempo que vivemos até às eleições de Outubro
e que ficou marcado, de forma indelével, por um enorme esforço de
ajustamento económico e financeiro, tornado inevitável pela catastrófica
gestão macroeconómica que conduziu ao colapso financeiro de Abril/2011…
- …e à celebração de um
Memorando de Entendimento entre o penúltimo Governo e os credores
internacionais, estabelecendo os termos do Programa de Ajustamento Económico
e Financeiro (PAEF) cujo cumprimento seria essencial para que a República e outros agentes económicos voltassem a ter acesso a financiamento nos mercados.
- No tempo que estamos
agora a viver, parece que tudo mudou: bastaram o episódio, a todos os títulos
lamentável, da resolução do BANIF - tremendamente
embaraçoso para o anterior Governo - bem como os episódios, ainda mais
lamentáveis, de lapsos gravíssimos no funcionamento de hospitais públicos,
para que no discurso político modal o tempo da Austeridade seja hoje
tratado quase como um equívoco nacional, uma desnecessidade…
- …se não mesmo uma violência
injustificada sobre a população, quando poderíamos
ter optado, FÀCILMENTE (…), por outras soluções!
- Tal como as coisas se
colocam hoje, não surpreenderá que volte a ser moda a popularíssima modalidade
desportiva que ficou conhecida por “Lançamento de Dinheiro para Cima dos
Problemas”, que tão bons frutos gerou - basta recordar o facto de
termos sido o primeiro País do Euro a incorrer em situação de défice
excessivo, nos já distantes anos de 2001/2…
- Só existe um obstáculo,
e sério, ao prosseguimento de uma nova era de facilidades na gestão
financeira do Estado: o Euro, esse incómodo colete-de-forças que nos impõe
um mínimo de disciplina financeira para não termos de incorrer em novo surto
de Austeridade…
- Mas o caminho está
traçado e não tardaremos a viver episódios que demonstrem a terrível incomodidade
das regras do Euro face às novas aspirações nacionais…bem sei que o baixo
preço do petróleo vai ajudando por enquanto a adiar os efeitos deletérios do
“Virar de Página” sobre os equilíbrios económicos alcançados com elevado
custo…
- …acontece todavia que esta fase de petróleo barato não durará sempre e, quando mudar, a nossa incomodidade dentro do Euro tornar-se-á ainda mais visível.
- Daí a pergunta: mais tarde ou mais cedo, não viremos a precisar de Moeda própria?
Número total de visualizações de páginas
segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
Mais tarde ou mais cedo, não precisaremos de Moeda própria?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
9 comentários:
Talvez não. A mera mudança de presidente da república pode fazer com que um segundo resgate, queira a troika aturar estes malucos outra vez, possa ter o sucesso que este não teve. Senão, como eu gosto de dizer, eu não vou sair do euro. Se há quem vá sair, força...
Como certamente terá entendido, o cenário que coloquei como (eventualmente) determinante da opção por moeda própria, tem a ver com a necessidade de não interromper - ou inverter, o que seria ainda pior - a prosperidade fácil associada ao Virar de Página.
Se nos dispusermos a renunciar a essa prosperidade fácil, poderemos, por certo, continuar no Euro.
Mas reconheço, em função dos parâmetros actuais, será uma decisão verdadeiramente dilacerante - qualquer que seja o PR...
Eu já dou como certo o segundo resgate. Afinal, basta a DBRS começar a embirrar com as decisões brilhantes do banco de Portugal que, conjugadas com o Virar de Página. É que será caso de polícia, até para uma agência de rating, insistir em considerar isto um país de gente séria depois das últimas semanas. E sem DBRS, não há BCE...
Parece-me que sim, caro Dr. Tavares Moreira; mais cedo que tarde, viremos a precisar de moeda própria... mais ou menos pela mesma altura em que já estiver tudo nacionalizado.
Caro Pires da Cruz,
Não será assim tão certo, caro Pires da Cruz, a malha preventiva está agora muito mais apertada e os mercados têm os holofotes em funcionamento...por isso é que eu digo que a dado momento o grau de incómodo causado pela camisa de forças do Euro pode tornar-se insuportável, para esta nova geração de salvadores da Pátria, e a tentação de encontrar escapatórias pode tornar-se incontrolável.
Aguardemos, vamos ter de aguardar ainda um valente espaço de tempo.
Caro Bartolomeu,
Quem sabe se o Senhor não terá razão, quem sabe...mas só espero que essa potencial vaga de aquisições/confiscos por parte do Estado/Nação, não atinja os nossos conhecidos FUSO, Capoeira, Valentim, Laurentina, Cave Real, Vela Latina, Coelho da Rocha, O Talho, o Saraiva's e "tutti quanti"...isso seria uma calamidade, transformar essas pérolas da boa cozinha em cantinas do Estado!
Mas quanto a esse risco sinto-me confortável, pois estou certo de que, antes disso acontecer, os nacionalizadores teriam que se haver com um tal Bartolomeu...e a refrega seria memorável, cruenta até mais não poder, terminando com a vitória das hostes do Bem!
Deus não ouça - o "escudo novo" seria uma desastre, como o caro Tavares Moreira muito bem sabe.
A haver contenda, caro Dr. Tavares Moreira, os conjurados terão de se reunir no Capoeira. Ha que respeitar a tradição histórica... as grandes revoluções nascem na Capital Nortenha e vêm conquistando e aregimentando até à foz do Tejo.
Caro Tiro ao Alvo,
Eu sei muito bem (ou julgo saber) o que significaria o abandono do Euro e a adopção de uma nova moeda, própria.
Mas isso não significa que a corrente dos acontecimentos, caso entremos em novo descontrolo, não nos empurre para tal desfecho.
Tal solução teria sempre, como é óbvio, a nossa mais veemente oposição.
Caro Bartolomeu,
Fica combinado, no Capoeira ou no Valentim que é ainda um pouco mais a norte (Matosinhos)! Só falta saber a quem competirá o primeiro grito de "às armas"! Proponho que seja o Bartolomeu, por razões que se me afiguram óbvias.
Os conjurados que no primeiro dia de Dezembro de 1640 puzeram fim ao domínio espanhol dos Filipes, reuniram-se no Palácio de São Domingos, junto ao Rossio e à igreja votada ao mesmo santo.
Nós, que não somos "Dom" nem monarquicos, destacamo-nos pela diferença - Ao Valentim!!!
Enviar um comentário