- Na edição de hoje do F.
Times encontra-se uma notícia/crónica do seu correspondente em Lisboa,
Peter Wise, dando conta de uma deterioração das condições que Portugal proporciona
aos investidores estrangeiros.
- A notícia tem por alvo
(i) decisões do BdeP no âmbito da resolução do BANIF e da recapitalização
do Novo Banco (neste último caso a muito decantada imposição de perdas a
obrigacionistas estrangeiros do banco), bem como (ii) decisões do Governo
que colocam em causa negociações/contratos com investidores estrangeiros
no sector dos transportes públicos.
- Quanto ao 2º ponto, a
notícia refere a irritação de investidores estrangeiros em relação ao anunciado
propósito do Governo de retomar o controlo accionista da TAP e, mais
especificamente, dos governos do Reino Unido, México e Espanha em relação á
também anunciada reversão da concessão dos serviços de transporte público
em Lisboa e Porto a empresas estrangeiras, que havia sido decidida pelo
anterior Governo.
- Como apontamento curioso, é citado o comentário de um responsável
da Eurasia Group risk consultancy, que passo a citar: “Mr. Costa faces the
impossible task of reconciling competing demands between his leftwing
partners and the international investment community”; acrescentando “this
is likely to have a negative impact on Portugal’s business environment for
several years”.
- Será mesmo uma “impossible
task”? Fácil não tem sido, certamente, e a "procissão ainda vai no adro"…
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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
Impossible task?
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17 comentários:
Começou! Agora é só ladeira abaixo!!! Podem anotar!
Está visto que essa gente não percebe nada de cenários. Devem ser economistas main stream, completamente ortodoxos e fora daquilo que são as novas tendências ao abrigo das epistemologias do Sul.
Depois do golpe de estado aplicado à Grécia pela União Europeia e pelas suas Instituições tornou-se evidente que estando a actual UE a ser governada de facto por uma tecnocracia ao serviço dos interesses de uma pequena, mas poderosa, minoria de poderes económicos e financeiros será mais do que lógico pensar que tais forças jamais permitirão que qualquer país actue de forma independente e favorável aos seus interesses, aos interesses da sua população. A arma de que dispõem será a manipulação dos juros da dívida pública (quer através do BCE, quer através da agências de rating e ou auxiliados também nesse propósito pelos centros de comunicação social de referência).
Todos os países economicamente mais débeis do euro trazem um garrote ao pescoço que é alargado ou apertado consoante as políticas dos governos desses países se aproximem ou afastem da satisfação dos tais poderosos interesses económicos.
Portugal não é excepção, mesmo com um governo da família socialista europeia. Em breve conheceremos se tal aperto já começou ou não (de qualquer modo mais tarde do que pretendia a PáF).
Caro Paolo Hemmerick,
Há que ter em conta a inclinação da ladeira, é um tema que compete às instâncias europeias supervisionar...veremos em que moldes essa supervisão vai ser exercida, desta vez (na primeira funcionou muito mal)...
Caro Pires da Cruz,
Tem alguma razão em chamar a atenção para o Cenário, tema que os articulistas do FT ainda não terão captado com a devida atenção. Mas admito que, para se tornar mais credível internacionalmente, o dito Cenário careça ainda de algumas certificações (estou a lembrar-me da Academia de Coimbra, por exemplo).
Caro Tavares Moreira, quando existe democracia em sociedades que não estão preparadas (ou talhadas, talvez seja mais o caso) para a ter e em simultâneo se permite a existência de partidos de pendor comunista (outra coisa diferente seria uma democracia musculada como Singapura, por exemplo) é natural que a dada altura essa gente exerça a sua influência na governação em prejuízo do país e das pessoas como sempre aconteceu lá onde chegaram. Olhe, sem ir longe, veja o horror que está a ser nos municípios Espanhois onde essa gente está a governar. Nem a limpeza pública conseguem organizar... mesmo em Madrid, que está suja como nunca a conheci!
O meu caro Amigo menciona esse artigo do FT mas a imprensa internacional tem estado atenta ao que se passa em Portugal e têm saído vários artigos nada abonatórios da governação Portuguesa. E ainda a procissão vai no adro...
Como corolário, sabe o que lhe digo? Quanto mais vivo, quanto mais vejo, quanto mais experiencio, mais consolido a minha posição de que Portugal em democracia é um estado inviavel. Haja um Salazar (bom, eu sou um pouco parcial e até preferiria o Generalíssimo Franco dado preferir "Una, Grande y Libre" como lema do que "Deus, Pátria e Família") que nos governe!
Caro Zuricher,
Creio que um dos problemas estruturais da democracia portuguesa, que explica estarmos novamente na cauda da Europa em termos de soluções governativas, está na extrema fragilidade (para não lhe chamar indigência) - média e modal - dos profissionais de "media".
Há vozes discordantes, sensatas e esclarecidas, mas são uma ínfima minoria, que não conseguem fazer passar a sua mensagem face a uma barragem de insensatez, de pendor esquerdista, que nos amarra a ideias totalmente ultrapassadas e nos condena ao atraso.
Ainda ontem á noite assisti a parte de um programa sobre a situação na Grécia, transmitido num dos canais da RTP, que mais se assemelhava a tempo de antena do PC ou do BE do que a um trabalho de jornalismo.
Suspeito que Varoufakis terá orientado todo o conteúdo do programa.
Assim não vamos lá, nunca mais.
"Haja um Salazar (bom, eu sou um pouco parcial e até preferiria o Generalíssimo Franco"
Pois, está tudo explicado.
E são estes senhores, com tais pensamentos, que se atrevem a tecer considerações sobre a DEMOCRACIA!
Porque não abandonam o PSD e formam um novo partido?
Caro Tavares Moreira, sem sombra de dúvida no que toca à indigência da comunicação social Portuguesa. Extremamente ideológica e sectaria. Fala dum programa da RTP que viu. Não vi, naturalmente, mas o que diz pode expandir-se mais além. Repare que nos últimos anos tem sido comum a comunicação social Portuguesa falar à exaustão da Grécia... mas sobre a Irlanda ou dos países do Leste Europeu, inegaveis casos de sucesso, nem um pio. Isto, claro, porque esse sucesso foi alcançado adoptando medidas exactamente opostas àquelas que defendem. E isto para não falar do silêncio sobre a Venezuela onde têm sido aplicadas as medidas que preconizam com os resultados que todos conhecemos. Em suma, a comunicação social Portuguesa, de forma geral, é, acima de tudo, desonesta.
Num outro registo, leu a nota do Commerz? É só mais uma a juntar a várias outras dos últimos dias de vários quadrantes.
Carlos Sério, não sou, nunca fui nem nunca serei militante do PSD ou de qualquer outro partido. A militância política é, aliás, algo que nem sequer concebo pelo castrante que é. É que, sabe, eu tenho biblioteca, o que me dá a liberdade de não precisar ter ideologia.
Caro Zuricher,
Acabei de ler a nota do Commerzbank. A menos que o Governo comece, SEM DEMORA, a fazer marcha atrás no Virar de Página - mas nesse caso com consequências imprevisíveis para o funcionamento da coligação partidária em que se escora a sua sobrevivência - parece-me existir um risco considerável de as taxas de juro da dívida pública nos pregarem uma grande partida, ainda com a procissão no adro e apesar da enorme ajuda do BCE...
Zuricher, também estranhei que um social democrata tivesse esse tipo de opiniões. Ainda bem que não é do PSD, mas naturalmente, como democrata, aceito o seu pensamento "bibliotecário".
Acho que a nota do Commerzbank significa que já dão a página por virada. Pode ser que este PR ainda veja o segundo resgate no mesmo mandato. Um orgulho como há poucos...
Caro Zuricher,
tem toda a razão.
"Repare que nos últimos anos tem sido comum a comunicação social Portuguesa falar à exaustão da Grécia... mas sobre a Irlanda ou dos países do Leste Europeu, inegaveis casos de sucesso, nem um pio."
Mas pela minha experiência, ainda que limitada, as pessoas no estrangeiro e, em particular, no Reino Unido já se aperceberam disso. A extrema-esquerda, agora com o apoio do ps, bem o tenta encobrir.
Caro Pires da Cruz,
Nem tanto ao Mar nem tanto à Terra, como diz a linguagem popular...
Atenção que as eleições para PR são já no Domingo, e as casas de apostas não têm apostadores para uma 2ª Volta...
Mas que o "Cenário" - que o meu Amigo tanto aprecia - parece estar a claudicar, torna-se claro.
Noutro Post, ontem editado, eu referia as yields da dívida a 10 anos nos 2,7%, pois hoje já superam os 2,8% e o movimento parece consistente.
Enquanto isto sucede com a dívida portuguesa, as yields da dívida irlandesa, espanhola e italiana estabilizam ou descem, mesmo.
Aguardemos, serenamente, pois o Povo é sereno, como sabe.
A yeilds das OT's nem parecem o problema maior. Pelo que sei, as linhas do mercado monetário nos bancos externos secaram tão rápido quão rápida foi a decisão de ferrar o calote nas obrigações do BES. Vamos ver como é que as OT's vão ser usadas para compensar o acesso fechado aos mercados...
Caro Pires da Cruz,
As yields das OT's poderão vir a ser um problema de maior, pois, se continuarem a subir, isso implicará que o Estado/República, para cumprir o seu programa de financiamento, terá de pagar juros mais elevados que o previsto, o que pesará na rubrica dos juros/encargos com a dívida, já em 2016 e, pior ainda, em 2017.
Será mais um contratempo, eventualmente sério, para o decantado Cenário, já tão desgastado por outras frentes de combate...
Quanto à outra informação que menciona, da dificuldade de acesso aos mercados, admito que possam ter ocorrido situações pontuais mas não será o panorama geral.
É importante que o país seja credível aos olhos dos investidores e financiadores estrangeiros, mas é igualmente importante que o seja em relação aos aforradores nacionais, em particular as famílias. Com o estado actual dos bancos, a sua incapacidade de gerar resultados que permitam compensar perdas de negócio, uma estrutura de activos muito assente em elevadas carteiras de crédito hipotecário indexado à Euribor, agora com taxas negativas, para as quais as fontes de refinanciamento a taxas Euribor deixaram de estar disponíveis, não parece que possam contribuir activamente para captar e canalizar poupança. Acresce que as sucessivas operações de intervenção, resgate e resolução de bancos, num país de pequena dimensão, afetaram gravemente um dos principais activos dos bancos que é a confiança. A ligeireza com que se admite a ausência de proteção aos depósitos acima de 100 mil euros, a ausência de remuneração nas contas de depósitos a prazo, a contrastar com volumosos créditos hipotecários, que rondarão os 150 mil milhões de euros em todo o sistema, com taxas de juro nulas ou negativas, combinam uma mistura explosiva que não augura nada de bom para o futuro.
Caro Dr. Vieira Águas,
Uma reflexão muito séria e oportuna, certamente, sublinhando uma nova e muito pesada fragilidade estrutural da nossa economia, que muito condicionará o desejável crescimento nos tempos mais próximos.
E que, para além de oportuna, se alguma incidência tem ao nível de uma reflexão macro - na minha opinião tem, obviamente - é no sentido de sugerir muita prudência na condução da política financeira.
Para além das questões aqui muito oportunamente suscitadas, tenho-me interrogado sobre quem, e a que preço, estará nos próximos anos disponível para investir em activos emitidos por instituições financeiras, de dívida ou de capital, neste contexto de confiança abalada e de prejuízos generalizados para tantos investidores.
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