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terça-feira, 24 de maio de 2005

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Como já havíamos escrito, o valor do deficit “apurado” não surpreende. Pode ser dramatizado, pedagogicamente promovido, politicamente responsabilizado, mas não traz nada de novo aos que nos últimos meses têm estudado com atenção este problema. O que surpreende é a reacção de algumas instituições e partidos políticos.

A começar pelas declarações do Governador do Banco de Portugal. A sua surpresa surpreende e só pode ser entendida como uma forma particular de alertar o país para a gravidade da situação a que chegámos. Prefiro pensar que tenha sido essa a preocupação e não outra qualquer. A precisão das centésimas é, no mínimo, ridícula e revela apenas a preocupação com uma imagem de rigor, quando estamos perante uma estimativa para 2005 e não um deficit apurado.

A reacção do PSD, através da vogal da Comissão Política Nacional Dulce Franco, também não abona quanto à muito promovida e ansiada credibilidade. Não reconhecer que a dimensão do problema vai muito para além da sucessão dos governos e remeter exclusivamente para a herança guterrista a responsabilidade da situação não é a melhor forma de ganhar credibilidade. Há que assumir o enorme esforço do XV Governo e reconhecer que o facto de ele não ter sido continuado foi um erro grave. Também é necessário dizer que um programa de consolidação das finanças públicas não se concretiza num ano ou numa legislatura. Vai muito para além disso.

A reacção do PS, através do testemunho de Jorge Coelho, é inaceitável. Voltou-se ao argumento do “cavador” (expressão de Sousa Franco) e à visão “trauliteira” dos problemas do Estado. Assim, não vamos lá.

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