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sexta-feira, 20 de maio de 2005

A dança das cadeiras

A instabilidade política provou ser um mal e por isso a possibilidade de o parlamento e o governo concluirem as legislaturas afigura-se - julgo que para a grande maioria dos interessados pela coisa pública - essencial para consolidar políticas e prosseguir objectivos de médio prazo. Mas mais iníqua do que a instabilidade política, é esta permanente "dança das cadeiras" a que é sujeita a administração pública escassos meses após eleições. O desgaste que provoca. A fraqueza das lideranças a que conduz. O desânimo que gera nos mais capazes e preparados, tudo isto actua como um verdeiro cancro sobre o organismo administrativo.
Ora, não há governo capaz que se não apoie numa administração pública saudável, assente no reconhecimento do mérito e da competência.
Não se pense, todavia, que só ao nível dos altos cargos e da gestão de empresas públicas é que a legião dos disponíveis "gestores" e "dirigentes" ataca. Em cada pequena urbe, onde haja um serviço local do Estado cuja chefia é nomeada discricionariamente, logo se perfilam os apaniguados do partido governamental que vêem finalmente chegada a sua vez de partilharem o poder e ocuparem a ambicionada cadeira. Acabei de ler o jornal da santa terrinha e lá vinham os nomes dos novos "indigitados" para o Centro Regional da Segurança Social, para o Centro de Emprego, para a delegação do Instituto, para o agrupamento escolar. Com direito a fotografia e tudo, que revelava, aliás, os efeitos desgastantes da espera.
É esta uma doença muito grave que atinge há muitos anos a nossa administração pública. Pela qual, é necessário dizê-lo, são responsáveis todos os partidos do arco governamental.
Oxalá as tão badaladas regenerações partidárias e a recuperação da credibilidade dos políticos também passem por aqui.
Já é evidente que Sócrates não está a ser mais feliz do que Guterres na sua versão do "no more jobs for the boys".
É de esperar que, na oposição, o PSD reflita sobre o tema no sentido que apontou aqui a Suzana Toscano. Mas que também bata no peito e, humildemente, faça o seu acto de contrição...

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