“…Trocadas as descomposturas preliminares, sobre a questão da fazenda, decide-se que é indispensável, ainda mais uma vez, recorrer ao crédito, e faz-se novo empréstimo. No dia seguinte averigua-se, por cálculos cheios de engenho aritmético que para pagar os encargos do empréstimo do ano anterior não há outro remédio senão recorrer ainda mais uma vez ao país e cria-se um novo imposto.
Fazem-se empréstimos para suprir o imposto, criam-se impostos para pagar os empréstimos, tornam-se a fazer empréstimos para atalhar os desvios do imposto para o pagamento dos juros, e neste interessante círculo vicioso, mas ingénuo, o deficit-por uma estranha birra, admissível num ser teimoso, mas inexplicável num mero saldo negativo, em uma não-existência- aumenta sempre através das contribuições intermitentes com que se destinam a extingui-lo, já o empréstimo contraído, já o imposto cobrado…
Pela parte que lhe respeita, o país espera. O quê? O momento em que pela boa razão de não haver mais coisa que se colecte, porque está colectado tudo, deixe de haver quem empreste, por não haver mais quem pague...”
Ramalho Ortigão- Farpas-1882
Depois disto, ainda há economistas e políticos que continuam a sustentar que mais despesa pública promove o desenvolvimento, sem criar outros constrangimentos que o impedem!...Deveríamos estar desenvolvidíssimos!...
Ah! Mas houve o "salazarismo", que o impediu!...
Manda a verdade, no entanto, dizer que foi, nesse período de equilíbrio das contas públicas, que o País mais cresceu.Não é um julgamento político, mas estatística.
Tal facto em nada defende ou branqueia esse regime, tanto que estou convencido que um regime democrático, com preocupações de boa gestão da coisa pública, obteria, certamente, melhores resultados.
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