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terça-feira, 24 de maio de 2005

A quem não interessa a diminuição da despesa?

Há dois grandes mistérios para mim na sociedade portuguesa: o primeiro é a resistência à diminuição de impostos; o segundo é a resistência à diminuição da despesa pública.
Começo por esse último mistério.
A necessidade de diminuir a despesa pública é uma coisa óbvia, mas parece não interessar a ninguém.
Não interessa aos que, por razões ideológicas, querem sempre mais e mais Estado.
Não interessa aos membros do Governo, de qualquer Governo, para quem governar se resume a distribuir o dinheiro público.
Não interessa às empresas que sempre têm vivido à sombra dos dinheiros públicos, nem aos Sindicatos da função pública ou aos outros, temerosos de restrições salariais.
E é indiferente para muita gente:
• para os donos das 153000 empresas que nunca pagaram um cêntimo para o fisco
• para o milhão e cem mil agentes económicos que produzem uma colecta média inferior a 80 euros
• ou para os 588.000 empresários em nome individual ou profissionais liberais que geram uma colecta média inferior a 190 euros, pela simples razão de que nunca sustentaram os gastos do Estado ou para a sua cobertura contribuem apenas simbolicamente.
No entanto, a diminuição da despesa:
• é uma exigência de 43% das empresas que actuam correctamente no mercado e originam a totalidade da colecta
• é também um acto de justiça para os 7,5% de cidadãos (cerca de 274.000 titulares, entre 3,65 milhões) que pagam 63% do IRS!..
Mas estes últimos são manifestamente poucos para contrariar a aliança dos Governos com os incumpridores. Aliança que se dá por motivos eleitorais e é potenciada por razões ideológicas de quem quer sempre mais Estado para, irónica e cinicamente,o colocar objectivamente ao serviço de quem não cumpre.

1 comentário:

O Reformista disse...

Menos Estado só será verdade quando na saúde e na educação se optar por sistemas bismarkianos retirando-se o Estado da Prestação.
Isto só será conseguido quando se chegar ao governo com convicções e soluções sólidas nestes aspectos. Senão, or muitas promessas que se façam, os Governos, e os seus Boys, instalam--se e passam a ser os campeões na defesa das instituiçõs públicas. A defesa dos "interesses públicos" passa a ser o lema.
Julgo que era muito importante que este debate se faça desde já no PSD. Todos os contributos são bem vindos, senão...daqui a uns anos lá estaremos nós outra vez a aumentar o IVA...