Há já uns anos, S. Myers e R. Brealey, professores do MIT e da LBS publicaram um livro sobre finanças em que, reflectindo sobre a contribuição dos administradores para o sucesso ou insucesso das empresas, formulavam e respondiam à questão: serão as Administrações um passivo?
Na oportunidade, não me parece abusivo estender a pergunta aos deputados, procurando dar a minha resposta, prevalecendo-me da experiência de três anos no Parlamento e dizendo à partida que distingo o Parlamento, como pilar da democracia e com uma valia específica, dos Deputados que conjunturalmente o compõem.
Chamarei activo parlamentar ao trabalho de qualidade aí desenvolvido.
No Parlamento há sempre um grupo de Deputados cultos, competentes, assíduos, trabalhadores, disponíveis, com ideias próprias, capacidade de iniciativa e forte convicção de serviço público.
Terão um peso de 15%, fazem 45% do trabalho parlamentar de qualidade e teriam lugar como quadros superiores de qualquer empresa. São o Activo Disponível.
Um outro grupo integra os Deputados com alguns daqueles atributos; devidamente motivados e acompanhados, serão, a curto prazo, um activo imediatamente disponível.
Terão um peso de 20%, fazem 40% do trabalho parlamentar e teriam lugar como quadros médios de qualquer empresa, com promoção assegurada a lugares superiores. Constituem o Activo Realizável.
Há ainda Deputados cumpridores, algo passivos, mas que respondem bem, quando motivados. Terão um peso de 15%, fazem 15% do trabalho e são um activo que classificaria entre Realizável e Imobilizado afecto à Exploração.
Há ainda alguns Deputados, ditos notáveis, com um peso aí de 2%, e classificá-los-ia também como activo, em Imobilizado não afecto à Exploração, atendendo a que a sua colaboração será, sobretudo, de aconselhamento.
Assim, para o Activo parlamentar contribuem um pouco mais de metade dos Deputados.
Mas também há o Passivo parlamentar, constituído pelos Deputados de corredor, que não sabem, ou não querem fazer trabalho, por aqueles que só falam do passado, não tendo qualquer ideia de futuro e pelo importantíssimo segmento dos demagogos e truculentos, normalmente com publicidade assegurada na comunicação social.
Um bom número depende da política para viver.
A rubrica integra ainda os Deputados que visam apenas mostrar-se nos grandes debates, quando a cobertura televisiva é assegurada: trabalham para si, utilizando a Assembleia para se promover na profissão.
No todo, representam um pouco menos de metade do total, mas geram, só por si, um passivo equivalente ao total do Activo, pela perda de tempo, entropias e desprestígio que provocam ao Parlamento.
Apesar das eleições periódicas, parte destes Deputados vem-se eternizando, constituindo um verdadeiro passivo de longo prazo.
Com o panorama apresentado, a situação líquida tenderia a ser nula.
Poder-se-ia ainda deduzir a esta o intangível negativo de muitas lideranças, independentemente dos líderes, muito condicionadas por lobbies internos, mas poderia também acrescentar-se o goodwill inerente ao colectivo dos Deputados.
No balanço final, o capital próprio acabará por ser algo positivo.
Menos, todavia, do que o necessário!...
Na oportunidade, não me parece abusivo estender a pergunta aos deputados, procurando dar a minha resposta, prevalecendo-me da experiência de três anos no Parlamento e dizendo à partida que distingo o Parlamento, como pilar da democracia e com uma valia específica, dos Deputados que conjunturalmente o compõem.
Chamarei activo parlamentar ao trabalho de qualidade aí desenvolvido.
No Parlamento há sempre um grupo de Deputados cultos, competentes, assíduos, trabalhadores, disponíveis, com ideias próprias, capacidade de iniciativa e forte convicção de serviço público.
Terão um peso de 15%, fazem 45% do trabalho parlamentar de qualidade e teriam lugar como quadros superiores de qualquer empresa. São o Activo Disponível.
Um outro grupo integra os Deputados com alguns daqueles atributos; devidamente motivados e acompanhados, serão, a curto prazo, um activo imediatamente disponível.
Terão um peso de 20%, fazem 40% do trabalho parlamentar e teriam lugar como quadros médios de qualquer empresa, com promoção assegurada a lugares superiores. Constituem o Activo Realizável.
Há ainda Deputados cumpridores, algo passivos, mas que respondem bem, quando motivados. Terão um peso de 15%, fazem 15% do trabalho e são um activo que classificaria entre Realizável e Imobilizado afecto à Exploração.
Há ainda alguns Deputados, ditos notáveis, com um peso aí de 2%, e classificá-los-ia também como activo, em Imobilizado não afecto à Exploração, atendendo a que a sua colaboração será, sobretudo, de aconselhamento.
Assim, para o Activo parlamentar contribuem um pouco mais de metade dos Deputados.
Mas também há o Passivo parlamentar, constituído pelos Deputados de corredor, que não sabem, ou não querem fazer trabalho, por aqueles que só falam do passado, não tendo qualquer ideia de futuro e pelo importantíssimo segmento dos demagogos e truculentos, normalmente com publicidade assegurada na comunicação social.
Um bom número depende da política para viver.
A rubrica integra ainda os Deputados que visam apenas mostrar-se nos grandes debates, quando a cobertura televisiva é assegurada: trabalham para si, utilizando a Assembleia para se promover na profissão.
No todo, representam um pouco menos de metade do total, mas geram, só por si, um passivo equivalente ao total do Activo, pela perda de tempo, entropias e desprestígio que provocam ao Parlamento.
Apesar das eleições periódicas, parte destes Deputados vem-se eternizando, constituindo um verdadeiro passivo de longo prazo.
Com o panorama apresentado, a situação líquida tenderia a ser nula.
Poder-se-ia ainda deduzir a esta o intangível negativo de muitas lideranças, independentemente dos líderes, muito condicionadas por lobbies internos, mas poderia também acrescentar-se o goodwill inerente ao colectivo dos Deputados.
No balanço final, o capital próprio acabará por ser algo positivo.
Menos, todavia, do que o necessário!...
Mas não acreditem nisto: é apenas uma brincadeira parlamentar...como as faltas dos deputados.
5 comentários:
Está visto. As nossas ideias de democracia representativa estão nos antípodas! Mas a análise está correcta...
é lógico que a nossa democracria parlamentar é unipesoal.ninguem votou nos 230 deputados.ou votaram no socrates ou no santana.Ou no ps ou no psd,ou no pcp ou no pp.e se o ps teve o resultado que teve foi precisamente por ser o santana e haver á partida do eleitorado,uma rejeição deste.Hoje em dia existem 22 circulos ,certo?talvez
nos circulos de fora da europa e da europa haja uma proximida.muito ténue.Mas a esmagadora maioria dos eleitores não sabe quem elegeu.e isso permite que haja os anonimos deputados que se escondem nas quintas e sextas filas dos parlamentos,não prestando contas aos eleitores que os elegeram.Se apresentaram algum projecto lei a favor da "santa -terrinha" , se apresentaram algum requerimento..ou se foram apenas uns "yes-man" ou "yes-woman" que andavam lá apenas a ler jornais , a passar o tempo e a conspirar nos paços -perdidos..
Caro Pinho Cardão
O seu humor, que é seguramente um activo intangível, cruza-se bem com a realidade. Diria mesmo que quase se confunde com a realidade.
Só não estou seguro se “No balanço final, o capital próprio acabará por ser algo positivo.”. Mas, uma nota de optimismo numa conjuntura depressiva ajuda sempre a exorcizar alguns fantasmas… Convém não deteriorar o nosso posicionamento mundial no “ranking” do suicídio.
Vale mais pobretes e alegretes, do que ricos e deprimidos.
Concordo com a criação de círculos uninominais, conforme defende Arnaldo Madureira.
Aliás, penso que nas eleições legislativas deveriam existir três boletins de voto (como nas autárquicas): um para os círculos uninominais distritais (eventualmente agrupamentos de Concelhos), outro para os círculos regionais e nacional e um terceiro para a Câmara Alta ou Senado.
A Assembleia da República deveria passar a ter uma Câmara Baixa ou Comum, com 100 a 130 deputados, e uma Câmara Alta com 50 a 60 senadores.
A 2.ª Câmara deveria, no essencial, apreciar apenas as Leis-Quadro e os Códigos, sendo necessária a sua aprovação antes da entrada em vigor. Caber-lhe-ia ainda o poder de fazer recomendações legislativas à 1.ª Câmara, promovendo a eficácia do ordenamento jurídico, propondo a correcção de erros e a integração de eventuais omissões. Mas, o seu papel mais nobre deveria ser o escrutínio dos diferentes órgãos do Estado e da Administração Pública, quer ao nível da sua eficiência quer na relação com a sociedade civil – cidadãos e empresas.
Nota importante: Tudo isto sem se gastar mais um tostão do orçamento da República. Penso, aliás, que ainda haveria alguma margem para se pagar melhor aos bons deputados (em exclusividade de funções, claro está!).
Não sei se esta solução seria suficiente para resolver os nossos problemas estruturais e culturais. Mas talvez fosse um contributo, talvez…
Em complemento do comentário anterior:
O Tribunal Constitucional passaria a funcionar no âmbito dos serviços da Câmara Alta, na medida em que é um órgão híbrido político-jurisdicional.
Os círculos uninominais também seriam extensivos às Regiões Autónomas e aos portugueses residentes na Europa ou fora da Europa.
O Dr. Pinho Cardão tem razão. Com so circulos uninominais como têm sido propostos corremos o risco de termos um plenário de idependentes.
A solução passará por listas distritais com actualmente mas divididas em subcirculos uninominais claramente identificados e por um equilibrio de poderes entre o Partido e os deputados com supremacia do Partido mas participação de todos os que foram candidatos nas tomadas de decisão.
Como? fica para o meu livro... que está quase quase a sair.
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