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sábado, 8 de abril de 2006

Medicina Theologica

A obra, Medicina Theologica ou supllica humilde feita a todos os Senhores Confessores e directores sobre o modo de proceder com seus Penitentes na emenda dos peccados, principalmente da Lascivia, Cólera, e Bebedice, foi escrita por Francisco de Mello Franco que nasceu em Minas Gerais em 1757, frequentou medicina em Coimbra e praticou em Lisboa até 1817.
Em virtude do seu comportamento liberal, traduzido em vários escritos, criticou a ignorância de alguns professores assim como as doutrinas escolásticas então reinantes, acabou por passar uns bons anos nos frios e escuros aposentos da Inquisição.
Antes de largar Coimbra, escreveu, conjuntamente com José Bonifácio, um poema herói-cómico- O reino da estupidez (Paris 1818) – onde atacou de forma particularmente virulenta a estrutura e o funcionamento da Universidade, nomeadamente o Reitor e muitos professores.
Em 1817 voltou para o Brasil na qualidade de médico da Arquiduquesa de Áustria, mulher do Infante D.Pedro.
Escreveu várias obras pioneiras da medicina portuguesa das quais se destacam: Elementos de Hygiene, ou Dictames Theoreticos, e Practicos para conservar a saúde, e prolongar a vida, Tratado da educação fysica dos meninos, para uso da nação portuguesa (Lisboa, 1794), o primeiro tratado de pediatria, O Filosofo solitário (Lisboa 1786-1787) e Medicina Theologica (Lisboa, 1794).
A Medicina Theologica, publicada anonimamente, constitui o primeiro livro de medicina psicossomática em português, qual verdadeiro precursor de Freud.
Obra notável que chama a atenção para a necessidade de tratar certas doenças que, hoje, são reconhecidas como comportamentais, mas que na altura estavam imbuídas de conceitos moralistas.
Para Mello Franco, os confessores deveriam ter conhecimentos médicos e interpretar determinados sinais e sintomas, aplicando as medidas mais adequadas, quer terapêuticas médicas quer psicológicas.
Para o autor “Os Senhores Confessores devem ser chamados Médicos do homem e não só do seu espírito: …. porque ser médico, quer dizer, hum sujeito que examina seu enfermo com cuidado, combina com attenção as circunstancias da culpa, julga da sua causa com inteireza, ensina com brandura quanto o penitente deve fazer para evitar seus pecados, prescreve os remédios necessários para os evitar e mesmo procura com affecto estes remédios”.
Na sua obra, capítulo VIII, A Nostalgia, ou Saudades he enfermidade, afirma que “Do amor em geral nasce o primeiro ramo da enfermidade, que he a Nostalgia, ou aquelle amor da pátria, dos parentes, e pessoas com que se teve algum commercio, e amizade, mas que por estarem ausentes não podem os amantes tratar com elles…” Depois analisa os sintomas e quais as pessoas que sofrem deste mal: “…e faltando-lhes ao mesmo tempo o objecto, em que este amor se empregava, formaõ inúteis desejos, deseperaõ de o tornar a possuir, e se enchem de tristeza, e melancolia, ou adoecem, e enlouquecem”. Descreve vários casos: “… e eu sei que ainda naõ há muitos dias que, adoecendo em Coimbra hum estudante de Lisboa, naõ mostrou melhoria alguma com todos os remédios, senaõ quando o Medico lhe fallou em o fazer voltar para a sua terra. E para tirarmos algum exemplo da nossa historia, temos hum bem singular no Eminentíssimo Cardeal Alpedrinha D. Jorge da Costa, que no meio da maior grandeza, em que se vio em Roma, tinha ataques desta enfermidade, e só se alegrava com lhe fallarem em Alpedrinha”.
Ora, aqui há algum tempo, o meu amigo Pinho Cardão, que deve ter passado, hoje, um bom serão na companhia dos 4republicanos (eu faltei) escreveu uma nota “Papo d´Anjo, em Alpedrinha: de visitar e...voltar!...”. Restaurantes, paparoca, enfim, coisas boas….
Nos comentários o cardealpedrinha afirmou: “Realmente eu sou o cardealdealpedrinha e nasci há muitos anos em 1406. Por cá andei, tive muitos afazeres mas a certa altura tive que me ausentar para Roma, a conselho do Rei dado que arranjei uma namorada de quem Ele também gostava. Por lá vivi muito anos e agora que regressei, encontrei o Papo D'Anjo onde comi bem e bebi melhor. Tenciono lá voltar brevemente e se possível acompanhado por Bons Amigos”.
Perante isto tudo fiquei na dúvida. Afinal o Cardeal Alpedrinha sofria de Nostalgia de Alpedrinha, ou de falta de amores? O que eu sei é que alguns repastos podem minimizar muitos dos efeitos…
Afinal, como correu o convívio?

1 comentário:

João Melo disse...

curioso professor Massano Cardoso..ainda no outro dia tive de ir a Alpedrinha e me lembrei deste post.Cardeal deAlpedrinha,uma personagem" curiosa"..dizem que só não foi papa porque não quis..