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sexta-feira, 7 de abril de 2006
Blogosfera e capital social - IV
Uma das recentes “febres entusiásticas” no ciberespaço dá pelo nome de “social networking”. O objectivo é sempre o mesmo: como criar redes de comunicação e conhecimento de forma a poder atrair uma parte significativa do investimento publicitário.
Casos como Facebook.com ou MySpace.com surgidos nos últimos dois anos captaram milhões de adolescentes ávidos de comunicar e de se darem a conhecer, conseguindo atingir o top dos “rankings” da net em clara competição com os motores de busca mais famosos ou os sites de vendas mais concorridos. Uma das subidas mais alucinantes terá sido um outro site dirigido para a população escolar dos Estados Unidos, bebo.com, onde os membros partilham desde mensagens e fotografias a informação sobre a própria escola. Pais e professores começam a ficar tão preocupados com tão repentino entusiasmo e excessiva dedicação que alguns destes sites têm o seu acesso bloqueado.
Numa plataforma também recente, Linkedin.com, apresenta-se com um slogan muito simples, mas ao mesmo tempo muito significativo: “Relationships matter”. Entre as propostas que apresenta como atractivos destaca-se a possibilidade de entrar em contacto com os antigos colegas de liceu, de encontrar pessoas de quem se perdeu o paradeiro ou de entrar em contacto com as pessoas que possam ter influência numa organização ou empresa onde se pretende fazer carreira profissional.
Todos vivem afinal da capacidade de agregar novos membros e de estabelecer relações que permitam construir redes sociais ou mesmo comunidades virtuais. Só que estamos à escala dos milhões.
Como seria de esperar, cada vez mais os técnicos do marketing vêm neste movimento um potencial enorme que não querem desperdiçar. Uma das técnicas mais em voga é a do “marketing viral” que se poderá definir como a forma de explorar redes virtuais preexistentes para produzir vagas exponenciais de conhecimento de marcas ou de produtos. Tudo funciona como na lógica de uma epidemia, através do princípio do contágio, neste caso da circulação rápida da informação para receptores massificados.
Poderíamos agora pensar sobre o potencial efeito que estas novas realidades podem ter nas chamadas cadeias de solidariedade (capital social positivo) ou na difusão de boatos ou suspeições (capital social negativo). Dá para imaginar? Imaginem agora o que poderá acontecer, por exemplo, na China com o desenvolvimento massificado do acesso à net. Será possível manter por muito tempo a limitação da liberdade de expressão, a censura de conteúdos ou o sistema político de partido único? Imaginem o que poderá ser o mundo daqui a uns anos.
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