São hoje inauguradas as Piscinas da Portela. Grande novidade, dirão os leitores, piscinas é o que por aí não falta, com tanta escola por remediar e querem é piscinas? Pois, mas estas são um caso especial, as verdadeiras obras de Santa Engrácia deste bairro que finalmente viram a luz do dia.
A história tem muito de rocambolesco, coisas que só se passam neste país. Um bairro construído de raiz, os prédios muito alinhadinhos, na época, finais dos anos 70, destoava da confusão de outros que se multiplicavam nos limites de Lisboa. Aqui compraram casa muitos casais jovens, com predomínio dos que tinham já beneficiado do acesso à Universidade, aqui encontraram morada também muitos dos que começavam a organizar a vida depois de África, sobretudo comerciantes que deram o grande impulso ao então moderno centro comercial, coisa rara e nunca vista.
A Portela era um bairro cheio de miudagem, tinha escolas, tinha sossego, ao fim de semana os vizinhos encontravam-se por todos os lados, no Centro havia lojas para todas as necessidades, o pior eram os acessos e os transportes públicos, mas quem cá morava gostava imenso. Depois, com as obras para a Expo, foram dois anos de poeirada e bloqueios de trânsito, um tormento que finalmente deu lugar a acessos largos, a avenidas com árvores e a um belo sítio para ir passear à beira rio, em vez das velhas docas semi abandonadas onde até era perigoso passar. Creio que foi nessa altura que se fez o jardim e se arranjaram os exteriores de uma parte do bairro, a outra, a chamada 4ª fase, foi sempre adiada …até hoje, há promessa firme que será este ano.
Em 94, época áurea, a grande novidade era que se iam construir as piscinas, bem no centro do bairro. Grande entusiasmo, não haveria muitas freguesias com esse luxo, na altura quem é que falava em piscinas? Ia-se com as crianças à natação ao Aeroporto ou aos Olivais, já não era nada mau, o Colégio levava-as, mas uma piscina aqui mesmo ao pé, iniciativa da Associação de moradores, foi adesão imediata.
Começaram logo a fazer a cratera e a pôr o betão, cobraram-se quotas por antecipação para ajudar à obra, houve até quem desse o sinal para a salinha do novo ginásio. Pois bem, que se começou, começou. Mas, depois, faltou o dinheiro no ano seguinte, e no outro, e no outro, e no outro, a cratera enchia-se de água das chuvas, o betão começou a ter os ferros enferrujados, o matagal invadiu tudo e ali se instalavam os marginais ou os vadios. Esteve anos com uma vedação meia podre, esventrada pelos que queriam acoitar-se ali para se drogarem, assim viveu o bairro 14 anos, virando a cara para não ver aquela vergonha, já nem se falava disso, embora fosse difícil de entender porque é que se faziam outras piscinas nas freguesias em redor, várias, algumas até foram ficando abandonadas por falta de manutenção, mas a da Portela, zero.
A miudagem cresceu, os jovens pais envelheceram, muitos mudaram-se para novos bairros, sobretudo a Expo, e os destroços da obra já eram quase monumento histórico.
Nas eleições de 2002 a promessa ressuscitou, sempre eram votos para ajudar a mudar a Câmara de mãos, e o novo executivo declarou a obra prioritária. Nas eleições de 2006 foi posta uma vedação nova, com cartazes a anunciar a inauguração próxima do “complexo de piscinas” a qual, porém, não dava sinais de inquietação. Por fim, lá arrancou, lá se investiram os actualizados 3,5 milhões de euros, Deus quer, a obra nasce, tardou mas chegou.
É inaugurada amanhã, já tem espaços dedicados à terceira idade, àquela que era só 2ª quando se fez a promessa, os miúdos que evitavam os andaimes abandonados vão agora lá fazer pesos e halteres ou vêm ao bairro deixar os filhos para os avós os levarem à natação.
Aleluia, aleluia, ao fim de uma década e meia, inaugura-se a piscina da Portela! É caso para festejar, nem tudo tem um happy end.
A história tem muito de rocambolesco, coisas que só se passam neste país. Um bairro construído de raiz, os prédios muito alinhadinhos, na época, finais dos anos 70, destoava da confusão de outros que se multiplicavam nos limites de Lisboa. Aqui compraram casa muitos casais jovens, com predomínio dos que tinham já beneficiado do acesso à Universidade, aqui encontraram morada também muitos dos que começavam a organizar a vida depois de África, sobretudo comerciantes que deram o grande impulso ao então moderno centro comercial, coisa rara e nunca vista.
A Portela era um bairro cheio de miudagem, tinha escolas, tinha sossego, ao fim de semana os vizinhos encontravam-se por todos os lados, no Centro havia lojas para todas as necessidades, o pior eram os acessos e os transportes públicos, mas quem cá morava gostava imenso. Depois, com as obras para a Expo, foram dois anos de poeirada e bloqueios de trânsito, um tormento que finalmente deu lugar a acessos largos, a avenidas com árvores e a um belo sítio para ir passear à beira rio, em vez das velhas docas semi abandonadas onde até era perigoso passar. Creio que foi nessa altura que se fez o jardim e se arranjaram os exteriores de uma parte do bairro, a outra, a chamada 4ª fase, foi sempre adiada …até hoje, há promessa firme que será este ano.
Em 94, época áurea, a grande novidade era que se iam construir as piscinas, bem no centro do bairro. Grande entusiasmo, não haveria muitas freguesias com esse luxo, na altura quem é que falava em piscinas? Ia-se com as crianças à natação ao Aeroporto ou aos Olivais, já não era nada mau, o Colégio levava-as, mas uma piscina aqui mesmo ao pé, iniciativa da Associação de moradores, foi adesão imediata.
Começaram logo a fazer a cratera e a pôr o betão, cobraram-se quotas por antecipação para ajudar à obra, houve até quem desse o sinal para a salinha do novo ginásio. Pois bem, que se começou, começou. Mas, depois, faltou o dinheiro no ano seguinte, e no outro, e no outro, e no outro, a cratera enchia-se de água das chuvas, o betão começou a ter os ferros enferrujados, o matagal invadiu tudo e ali se instalavam os marginais ou os vadios. Esteve anos com uma vedação meia podre, esventrada pelos que queriam acoitar-se ali para se drogarem, assim viveu o bairro 14 anos, virando a cara para não ver aquela vergonha, já nem se falava disso, embora fosse difícil de entender porque é que se faziam outras piscinas nas freguesias em redor, várias, algumas até foram ficando abandonadas por falta de manutenção, mas a da Portela, zero.
A miudagem cresceu, os jovens pais envelheceram, muitos mudaram-se para novos bairros, sobretudo a Expo, e os destroços da obra já eram quase monumento histórico.
Nas eleições de 2002 a promessa ressuscitou, sempre eram votos para ajudar a mudar a Câmara de mãos, e o novo executivo declarou a obra prioritária. Nas eleições de 2006 foi posta uma vedação nova, com cartazes a anunciar a inauguração próxima do “complexo de piscinas” a qual, porém, não dava sinais de inquietação. Por fim, lá arrancou, lá se investiram os actualizados 3,5 milhões de euros, Deus quer, a obra nasce, tardou mas chegou.
É inaugurada amanhã, já tem espaços dedicados à terceira idade, àquela que era só 2ª quando se fez a promessa, os miúdos que evitavam os andaimes abandonados vão agora lá fazer pesos e halteres ou vêm ao bairro deixar os filhos para os avós os levarem à natação.
Aleluia, aleluia, ao fim de uma década e meia, inaugura-se a piscina da Portela! É caso para festejar, nem tudo tem um happy end.
8 comentários:
É verdade! Finalmente ! Lembro-me desde pequeno de observar aquela estrutura em cimento que não passava de isso mesmo, estrutura essa que albergava, como frisou, todos aqueles que se queriam drogar e não só.
Mas depois de tantos anos e de tantos avanços e recuos eis as piscinas da Portela, esteticamente muito bonitas e ao que parece muito funcionais e oferecendo a miúdos e graúdos um excelente espaço.
A Portela, é sem dúvida, uma das freguesias de referência da nossa cidade e quem sabe do nosso país. Não conheço mais nenhuma freguesia que reúna tantas coisas positivas, que seja tão " arrumadinha " e onde tudo funcione de forma tão positiva como na nossa querida Portela.
Hoje, porque já passa das 0horas, mais um espaço para abrilhantar a muito brilhante freguesia.
Para 2008, um dos nossos desejos bem poderia ser que a Portela fosse o espelho do resto do concelho...partidariamente inclusive, não concorda ?
P.S- Nem sempre tenho tempo para comentar os excelentes post's do 4R, mas sempre que tenho um pouco de tempo para vir à internet, leio, atentamente, os excelentes post's deste blogue, em especial, os seus e os da autoria do Dr.Miguel Frasquilho.
Um excelente 2008 para si e para os seus .
Cara Dra. Suzana Toscano:
Conheci o início da construção da Portela nos anos 70. Naquela altura foi um projecto inovador, destinado a ser usufruído por uma classe média com poder de compra.
Era eu ainda jovem quando uma amiga, mais velha, me levou lá a ver o r/c que tinha comprado ainda em planta, e estava em fase de acabamentos...
Lembro-me de fazer menção, apontando para a planta, aos espaços de lazer que iriam ser construídos, fazendo daquele bairro um dos mais finérrimos de Lisboa...
Pelos vistos só agora, passados tantos anos, os projectos estão concluídos!
A amiga de que falo deve estar muito feliz ao ver, finalmente, que os tais espaços de lazer acabaram por ser construídos.
É que, já na altura, todas essas infraestruturas de lazer estavam projectadas a cargo dos urbanizadores, e nunca se concluiram.
Inscrevi-me na Associação de Moradores, e até hoje ainda pago as cotas, porque a minha filha, ainda pre-adolescente, queria aprender a nadar. Hoje com 29 anos, já sabe nadar... e já não mora na Portela... É tarde, muito tarde!
Uma boa dica para quem gostava de vir a viver em Lisboa. Mas não sabe bem onde.
O meu caso !
Cara Pézinhos:
A Portela já foi "IN" agora é uma democracia...
Lisboa tem muitos sítios bons para se viver. Se eu pudesse, gostava de viver ali para os lados da zona de Belém, é uma zona calma e os edifícios que lá se encontram estão sob alçada do IPPAR, o que dá uma certa garantia da zona nunca se vir a estragar. Além disto, tem os grandes jardins fronteiriços ao Mosteiro dos Jerónimos e Palácio de Belém.
Esta zona é bastante cosmopolita: tanto é visitada pelo saloio da Malveira como pelo saloio da Conchichina ,que fique mesmo ali do outro lado do mundo...ah, e tem os pasteis de nata, genuínos .
Viver em Belém é como viver numa vila da província: há muito espaço, pouca e muita gente ao mesmo tempo, e todos acabam por se conhecer.
Aqui está uma breve descrição dum local de Lisboa óptimo para se viver, na perpectiva do meu olhar, como é evidente...
Pronto ! Está decidido. Vou procurar uma casa em Belém. Porque tenho a certeza que o Caro Invisível é uma pessoa de bom gosto.
Muito obrigada.
Olá Tiago! Tens razão, apesar de todos os atrasos nas melhorias projectadas, como muito bem lembra o caro invisível, a freguesia da Portela ainda é um espaço muito agradável para viver, muito graças à Presidente da Junta, a "nossa" PSD Geni, uma mulher de armas! Para os que aqui cresceram, como tu, foi sem dúvida um bairro fantástico, onde podiam ter praticamente todas as actividades e andar livremente nas ruas, em casa de uns e de outros e voltar a pé noite adentro que eram ainda muito raros os episódios de insegurança. Também havia droga, como em todo o lado, mas até as "zonas" eram bem conhecidas.
Cara Nanda, é como diz, eu também sou sócia desde o princípio, através da associação asminhas filhas aprenderam ténis, faziam dança mas a natação foi noutros lados. Agora, também já sairam de cá, de resto ainda hoje li que mais de metade da população tem mais de 55 anos. Mas há muitos jovens que, depois de casar, vêm outra vez para cá, no meu prédio já há muitos "netos".
Caro Invisível, concordo com o seu conselho, a zona de Belém é realmente muito gira, não sei é se terá boas casas, apesar de já haver muitos prédios recuperados, lindissimos.
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