Referi-me ontem à incompreensível atitude do governo de não pagar por inteiro os retroactivos referentes ao aumento das pensões, distribuindo-os pelas mensalidades de 2008. Mais do que o acto, mereceu-me repulsa a justificação oficial que ouvi e indiquei no texto.
Mas o pior estava para vir. É que a justificação refinou-se e sofisticou-se ao nível do mais elaborado e saloio esplendor tecnocrático.
Segundo o Diário Digital, o Secretário de Estado da Segurança Social justificou a decisão, “porque, apesar de o aumento definido da velha para a nova pensão ter sido de 2,4 por cento, o facto de o Governo ter decidido dividir o valor devido por Dezembro pelos restantes meses do ano, integrando-o na pensão, faz com que o aumento da velha para a nova pensão seja, na prática, de 2,7 por cento…e é sobre essa base que será calculado o valor do próximo ano”.
Já adivinhava no meu post anterior que o aumento oficial passaria a ser calculado na nova base; só não pensava é que fosse tão de imediato, o que mais releva a suprema demagogia da medida.
Mas o paroxismo da maldade está no descaramento de se salientar que essas três milésimas de aumento vão potenciar os aumentos do próximo ano, deixando entender que esse facto tem algum significado real!...
Para uma pensão de 500 euros em 2007, o aumento de 2008 traduz-se em 12 euros, transformados em 13,5 euros nas contas do Governo, uma diferença de 1,5 euros mensal. Se o aumento de 2009 for igual aos 2,4% deste ano, o impacto na pensão de tal sofisticado acto governamental é de 3,6 cêntimos por mês, num total de 50 cêntimos no ano!...
E assim, em nome da propaganda, vamos sendo desavergonhadamente governados!...
Declaração de interesses: Embora tenha descontado e continue a descontar para a S. Social, estes ou outros cálculos do Governo são-me pessoalmente indiferentes, já que espero que o Fundo de Pensões ao qual estou afecto venha a cumprir a sua missão.
Mas o pior estava para vir. É que a justificação refinou-se e sofisticou-se ao nível do mais elaborado e saloio esplendor tecnocrático.
Segundo o Diário Digital, o Secretário de Estado da Segurança Social justificou a decisão, “porque, apesar de o aumento definido da velha para a nova pensão ter sido de 2,4 por cento, o facto de o Governo ter decidido dividir o valor devido por Dezembro pelos restantes meses do ano, integrando-o na pensão, faz com que o aumento da velha para a nova pensão seja, na prática, de 2,7 por cento…e é sobre essa base que será calculado o valor do próximo ano”.
Já adivinhava no meu post anterior que o aumento oficial passaria a ser calculado na nova base; só não pensava é que fosse tão de imediato, o que mais releva a suprema demagogia da medida.
Mas o paroxismo da maldade está no descaramento de se salientar que essas três milésimas de aumento vão potenciar os aumentos do próximo ano, deixando entender que esse facto tem algum significado real!...
Para uma pensão de 500 euros em 2007, o aumento de 2008 traduz-se em 12 euros, transformados em 13,5 euros nas contas do Governo, uma diferença de 1,5 euros mensal. Se o aumento de 2009 for igual aos 2,4% deste ano, o impacto na pensão de tal sofisticado acto governamental é de 3,6 cêntimos por mês, num total de 50 cêntimos no ano!...
E assim, em nome da propaganda, vamos sendo desavergonhadamente governados!...
Declaração de interesses: Embora tenha descontado e continue a descontar para a S. Social, estes ou outros cálculos do Governo são-me pessoalmente indiferentes, já que espero que o Fundo de Pensões ao qual estou afecto venha a cumprir a sua missão.
4 comentários:
-Entretanto acabo de ouvir na rádio que o governo recuou, mais um, e vai pagar duma vez a totalidade da verba.
Excelente, Dr Pinho Cardão!
Se eu fosse Ministro aquele Sec. de Estado, hoje, já não tinha posto lá os pés.
Há coisas inadmissíveis e um membro do governo que se sujeita a fazer um "discurso" daqueles...é um ser acrítico, sem personalidade, nem bitola própria.
Quando se exercem funções destas, mesmo cumprindo hierarquias, há situações que um homem (ou uma mulher) não podem consentir, não podem estar de acordo, não podem comportar-se como bonecos de corda!
Caro Dr. Pinho Cardão
Transcrevo o que ontem escrevi no seu post sobre o assunto:
"Nunca pensei que a falta de insensibilidade chegasse a este ponto!
Já são muitas insensibilidades juntas, incluindo a de sujeitar uma pensão de 500€ a IRS, para já não falar dos cortes nas comparticipações dos medicamentos.
É escandaloso! Só não vê quem não quer!"
Ainda bem que há um recuo, mas da insensibilidade já não se livram.
Sublinho esta parte dos esclarecimentos do SESS:
"O Governo decidiu, pela interpretação que faz da lei, pagar o aumento que era devido em Dezembro a prestações, dividindo-o por todos os meses de 2008, em vez de o pagar de uma vez só no primeiro mês do ano, decidindo, também, que esse dinheiro do mês de Dezembro fosse integrado no valor nominal da pensão".
Mas então em que é que ficamos? A legislação não é para cumprir? E quem é que aprovou a lei desta magnífica "reforma" da segurança social?
ROTFL :)))
Essa notícia sobre os retroactivos das pensões foi, de facto, mais uma tão hilariante como a do Tratado de Lisboa.
É extraordinário como aquelas cabecitas conseguem produzir tanta estupidez em menos de 24 horas.
Eu só me consigo rir porque acho impressionante a forma - PACÍFICA -como o povinho lá vai aceitando estas anormalidades.
Agora a sério, acho que merecemos isto e muito pior.
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