Uma neuropsiquiatra, Louan Brizendine, escreveu um livro intitulado “The Female Brain” que em português recebeu o título “O que pensam as mulheres”. Neste livro são feitas considerações sobre a evolução do cérebro, como pensam as mulheres e como comunicam. Um dos aspectos mais interessantes tem a ver com o facto de uma mulher usar, em média, cerca de 20.000 palavras por dia, ao passo que os homens usam apenas 7.000. Claro que avança com as explicações. Mas não vale dizer que são elas que não os deixam falar! Não senhor.
A ideia de que as mulheres falam mais do que os homens está de tal modo generalizada que dificilmente alguém a põe em causa. No entanto, um estudo recente, embora realizado em universitários, permitiu concluir que as mulheres falam em média 16.215 palavras por dia e os homens 15.669. A diferença não é estatisticamente significativa. Sendo assim, não há razões para manter o mito.
Tive sempre suspeitas sobre esta opinião.
Muitas pessoas, que falam pelos cotovelos, exasperam-me quando enveredam pelo discurso directo, porque antevejo ter que despender, no mínimo, três vezes mais tempo para ouvir os seus problemas. Conheço alguns homens que além de serem palradores associam uma certa desinibição que chega a ser embaraçosa.
Recordo alguns.
O “Píncaro”, meio-louco, da minha idade – fazia questão de dizer alto e em bom som esta particularidade a quem quisesse ouvir, vezes sem conta –, filava-me de tal modo que muito dificilmente conseguia controlá-lo. Quando tentava quebrar ou desviar a conversa, que na maior parte das vezes oscilava para o disparate, era pior a emenda do que o soneto, pois aproveitava a deixa para continuar com o seu discurso. E não parava, por nada deste mundo. Quase sempre tinha que arranjar uma desculpa para me ausentar. E mesmo assim…
Já está deitado de costas.
Outro, o Toino, esquinado, até corre quando me vê. Apesar das suas limitações, mesmo andando sempre de bombordo, apanha-me com estranha facilidade. Fala, fala e fala! De um modo geral não é chato nem impertinente. A última vez que o vi, eram cerca das 11 da manhã de um Domingo, em plena via pública, junto a uma velha tasca muito frequentada, além dos que se encontravam na rua, começou a interpelar-me, até que chegou a um ponto em que afirmou: - Ó doutor tem que me arranjar um medicamento! - Um medicamento? Para quê? – O senhor sabe! –Eu?! – Sim, para aquilo! – Para aquilo?! E como o tempo já se ia esgotando, assim como a paciência, lá consegui descolar para ir à vida. Surpreso, o Toino gritou, de tal forma que todos ouviram, os que estavam na rua e na tasca ao ponto de estes virem cá para fora : - Um medicamento para a tesão!! - C´os diabos. E agora? Como vou sair desta? Dezenas de pares de olhos fixaram-se em mim. Voltei-me e disse-lhe: - Ó Toino, deixa-te dessas coisas. Se deixares de beber, pode ser que melhores! Irra, eu pensava que só o Píncaro era capaz de uma destas…
Também conheço algumas histórias de mulheres que falam e falam. Mas o melhor é parar por aqui.
Este texto contém 546 palavras correspondente à diferença entre os valores médios de palavras proferidas diariamente entre mulheres e homens. Contributo para a igualdade...
16 comentários:
Muitíssimo bom texto, caro Salvador!
Já é tarde, mas para se livrar desse desígnio, só estou a ver a hipotese de mudar o nome, de outro modo... os semi-loucos, vão sempre procurar na sua pessoa a Salvação para as diferentes apoquentações.
Ou então... talvez tentar a via pedagógica e da próxima que o "Esquinado" o intercepte, o caro Dr. Adiante-se-lhe comece imediatamente por o rectificar, dizendo-lhe - Óh Toino... tesão é masculino, portanto e para que os circunstantes não pensem que és analfabeto, tal como um Bartolomeu que conheço, faz anteceder o substantivo masculino, do artigo definido, masculino, singular "o".
Pelo menos, enquanto o pobre faz o realinhamento entre o estibordo e o bombordo, sempre o caro Dr. ganha tempo para se afastar.
;)))))))
Pois é! "Masculino". Eu sei...
Caro Professor:
Mas como as palavras foram escritas e não palradas, ainda fica com o saldo para o que der e vier!...
Esse estudo realizado entre universitários não me parece credível. Bastava terem estado ao lado da minha mulher num único telefonema para admirarem a enorme capacidade de produção de conversa de chacha do cérebro feminino. Isto sem falar nas salas de espera, onde conjuntos de cérebros femininos, que nunca comunicaram antes, consegue produzir vocábulos em simultâneo como se fossem íntimos há décadas.
Ai sim, Tonibler ???
Então como é, quando aqueles grupinhos de homens (à boa maneira portuguesa) se juntam para confraternizar, or whatever ... ?
Não falam ?
Então fazem o quê ????
Mas enfim, ser mulher não é pra qualquer um.
Também reconheço...
:-(
Cara Pézinhos,
Como a sua pergunta já responde, eles não estão a falar, estão a confraternizar. Afinal, há 7000 palavras por dia para gastar. O que é completamente diferente de ter que gastar 20000 em conversa de chacha. E é de chacha porque se os homens só gastam 7000 a falar de futebol e mulheres, que são as coisas importantes da vida, significa que as 20000 gastas pelas mulheres é em coisas sem importância nenhuma.
Esta lógica parece-me imabatível!
Sublime,caro Tonibler!...
De facto imbatível, Tonibler!
A falta de imaginação dos homens, que apenas têm dois temas de conversa: futebol e mulheres.
As mulheres têm horizontes mais largos, a saber:
- política
- literatura
- sexo
- poesia
- homens
- moda
- cinema
- perfumes
- filhos
- cozinha
- arte
- gastronomia
- carros
- viagens
- fotografia
- música
Se precisar de mais ideias para falar com o seus amigos ...
Ora, caros e protentosos amigos, queiram fazer o favor de moderar um pouco os vossos frevorosos radicalismos e reflectir um pouco acerca dos ítems que a nossa querida e enestimável amiga Pézinhos refere como diferenciais entre o discurso oratório masculino e feminino.
Se os meus incomensuráveis amigos notarem, de todos eles, identificamos somente um de que os homens concretamente não falam. Dos homens! Depois identificamos mais tres de que os homens falam pouco: moda, perfumes e cozinha. Seguidamente, podemos considerar que dos restantes onze ha dez de que os homens, podemos dizer que não falam muito. Ora bem, da lista que a nossa muito estimada Pezinhos nos apresenta, resta a 3ª posição, sexo a que o homem, porque tem o "dever" de o conjugar com preliminares temas de cortejar, lhe acrescenta o futebol.
Será talvez por esse motivo que assistimos a uma maior afluência de senhoras aos jogos de futebol.
Tenho dito!
Bonito! Espero não ter desencadeado uma “guerra” de sexos...
Caro Bartolomeu, se os homens não falam de homens, já as mulheres falam de "outras" mulheres.
Mas, por exº, as mulheres falam mais de electrodomésticos, do que de homens. Acredite !
Sendo verdade que, para as mulheres, na relação de importância, um homem e um electrodoméstico fazem sempre falta.
em bom rigor ...
A sua constatação é precisa e correcta, cara Pézinhos, de tal modo evidente que encontramos com facilidade, exemplos práticos que a ilustram. Ou seja, a mulher compra o electrodoméstico que lhe irá facilitar as tarefas domésticas, em conjunto, mantem um homem (à mão) para a eventualidade de o aparelho se avariar.
Esta é sem dúvida uma atitude demonstrativa da superior racionalidade feminina.
How Yeah!!!
;)))
Cara Pezinhos, só agora reparei que tem estado aqui sozinha a gastar o seu latim (e as preciosas palavras que a estatistica nos atribui, pelos vistos) com estes simpaticos mas palavrosos cavalheiros! Já se vê o motivo pelo qual a sábia natureza nos atribui o dom da palavra - é porque é preciso explicar muito, insistir, voltar ao tema, os homens são mesmo muito pouco sensatos, é um trabalhão até nos darem a justa razão! O caro Tonibler diz muito bem, os temas dos homens - em geral, há excepções, como provam os nossos 4republicanos - são muito limitados, embora a imaginação deles para os tratar, sobretudo o futebol, seja realmente muito criativa. Por isso, para que é queriam mais palavras? Oiçam, oiçam as mulheres, e regozigem-se por ouvirem coisas interessantes e úteis! O Massano cardoso tem direito a uma quota suplementar, acho que nisso estamos todos de acordo...
ahahahahaha ... Dra. Suzana, já reparou que eles falam "pouco", mas não passam sem nós, "as faladoras" ??
Mas eu percebo o problema "deles" ..."coitados" ..., é que estão visivelmente a "perder terreno" em todos os domínios...
ohhh yeeee, ... Caro Bartolomeu !
:-)))))
Pézinhos... dilecta amiga, do nosso parco vocabulário e do princípio causa/efeito que dele se extrai, concluímos, homens e mulheres, dois aspectos fundamentais, a saber:
Primeiro: sempre que se gera entre ambos uma divergência de opiniões e o homem decide terminar a conversa por ali, a mulher, invariávelmente riposta... "não tens mais nada para dizer?"
Segundo: ... não me lembro!
A verdade amiga Pézinhos, é que eu invisto sobretudo nas relações humanas, o meu capital não é suficiente para investir em terrenos, logo... nunca perderei aquilo onde não invisto.
Ohhh Yeah again....
;))))))
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