Começo a ficar preocupado com as atitudes e comportamentos dos nutricionistas. Não porque sejam dispensáveis, muito longe disso, mas pelo facto de transmitirem conceitos eivados de princípios e normas um pouco discutíveis. Ao dizerem que tal produto faz mal à saúde ou que outro é muito bom, levam as pessoas a desenvolver sentimentos de culpa porque não estão a portar-se bem, caso não sigam as normas. É raro o dia em que não aparece uma “sacerdotisa” a tentar missionar as pessoas explicando o que devem comer e evitar. Não é que estejam desprovido(a)s de bases científicas, mas essas mesmas bases têm que respeitar muitas outras regras de conduta social e serem “lidas” de uma forma holística.
Há dias ouvi uma especialista em nutrição a falar dos diferentes tipos de pão que andam por ai. Este é bom, porque tem muitas fibras, este é ainda melhor porque tem ainda parte dos grãos, aquele é perigoso porque é feito de farinha refinada e, como tal, faz mal à saúde. Os exemplos podiam ser multiplicados, usando o chocolate, os iogurtes, o leite, o queijo, a fruta, os vinhos, as águas, as gorduras polinsaturadas, o azeite e sei lá que mais. Para agravar a situação confrontamo-nos com a publicidade que, utilizando certos estudos, realçam as propriedades benéficas dos mesmos ou, então, surgem reportagens televisivas com objectivos idênticos, como aquela das vacas que andavam no pastoreio natural enriquecendo-se em gorduras ómega-3. O técnico falava da importância das vacas ficarem mais ricas em ómega-3 e, como tal, não havia melhor do que um bife das mesmas para proteger a saúde. E volta não volta lá falava dos ómega-3, como se o Zé dominasse as propriedades deste tipos de gorduras. Anunciou que em breve iria ser comercializado aquele tipo de carne. Já estou a ver a D. Elvira perguntar ao carniceiro se o bife da vazia é de uma vaca rica em ómega-3? E o Sr. Manuel a responder que não se preocupasse porque aquela é muito melhor porque é rica em ómega-6 isto enquanto não aparecer a vaca ómega-12, mais potente, mais saudável!
A par de uma mistificação crescente sobre o valor intrínseco de muitos produtos alimentares, assiste-se, não só a uma tentativa de “medicalização” dos mesmos, mas, também, ao nascimento de uma nova religião. Sacerdotes, ou melhor, sacerdotisas já temos. Quanto aos fiéis, pelo que me é dado a conhecer, não faltam por aí...
Há dias ouvi uma especialista em nutrição a falar dos diferentes tipos de pão que andam por ai. Este é bom, porque tem muitas fibras, este é ainda melhor porque tem ainda parte dos grãos, aquele é perigoso porque é feito de farinha refinada e, como tal, faz mal à saúde. Os exemplos podiam ser multiplicados, usando o chocolate, os iogurtes, o leite, o queijo, a fruta, os vinhos, as águas, as gorduras polinsaturadas, o azeite e sei lá que mais. Para agravar a situação confrontamo-nos com a publicidade que, utilizando certos estudos, realçam as propriedades benéficas dos mesmos ou, então, surgem reportagens televisivas com objectivos idênticos, como aquela das vacas que andavam no pastoreio natural enriquecendo-se em gorduras ómega-3. O técnico falava da importância das vacas ficarem mais ricas em ómega-3 e, como tal, não havia melhor do que um bife das mesmas para proteger a saúde. E volta não volta lá falava dos ómega-3, como se o Zé dominasse as propriedades deste tipos de gorduras. Anunciou que em breve iria ser comercializado aquele tipo de carne. Já estou a ver a D. Elvira perguntar ao carniceiro se o bife da vazia é de uma vaca rica em ómega-3? E o Sr. Manuel a responder que não se preocupasse porque aquela é muito melhor porque é rica em ómega-6 isto enquanto não aparecer a vaca ómega-12, mais potente, mais saudável!
A par de uma mistificação crescente sobre o valor intrínseco de muitos produtos alimentares, assiste-se, não só a uma tentativa de “medicalização” dos mesmos, mas, também, ao nascimento de uma nova religião. Sacerdotes, ou melhor, sacerdotisas já temos. Quanto aos fiéis, pelo que me é dado a conhecer, não faltam por aí...
6 comentários:
Claro que tudo isto é bastante maçador, mas muito mais seria se por acaso, existisse a consciência ou melhor, a certeza, de que a indústria alimentar produz alegremente em parceria com as farmacêuticas. e se quiséssemos ser ainda mais ruins, lá íamos nós insinuar que também existem interesses comuns nas grandes casas bancárias e na bolsa. É claro que tudo isto são torpes insinuações monárquicas...
Gosto do princípio do meu mestre de yôga - não comas bicho morto! Claro que dois dias depois já vejo a vaca como um vegetal e procuro a chouriceira, a árvore que dá os chouriços, mas isso é outra história...
Tema interessantíssimo, Caro Professor.
Mas que a nossa educação alimentar deixa muito a desejar, lá isso deixa.
O nutricionismo ainda é uma modernice, e um luxo que só certos hospitais têm em termos de profissionais licenciados.
A licenciatura só há numa faculdade (pública) do Porto, creio.
Na Faculdade de Medicina de Lisboa acabou este ano, precisamente.
mas falando de outra coisa
quando vou a um hiper para comprar leite, chego a pensar que é quase necessário um doutoramento para saber que pacote de leite escolher, no quilómetro de prateleiras com variadíssimas marcas de leite.
e então temos gordo, meio gordo, magro, soja, omega, cálcio, fibras, pra bébé, pra crescimento, contra o colesterol, etc. etc. etc., ... fico quase irritada sem saber o que fazer.
falta uma função social nos hiper's: o aconselhamento alimentar por nutricionistas.
Sempre eram mais uns postos de trabalho, e menos uns desempregados.
É um prazer comentar novamente, ao fim de tanto tempo, um post seu, caro Professor Massano Cardoso. Permita-me por favor o abuso de uma pequena frase em maiúsculas, que sempre tem mais impacto:
O TABACO JÁ ESTÁ, AGORA ESPEREM PELO COZIDO À PORTUGUESA!!! GOSTARAM?
Era só.
Muito obrigado Caríssimo Professor. Foi um prazer "comentá-lo", e embora não o faça sempre, nunca deixo de o ler.
Cumprimentos
Caro Professor Massano Cardoso
O pior é que os nutricionistas não se entendem. Aqui há uns dias estavam duas nutricionistas numa mesa redonda na televisão, convidadas para falarem sobre uma determinada dieta. Foi uma verdadeira trapalhada que deixou qualquer pessoa interessada em melhorar a sua alimentação nutricional à beira de um "ataque de nervos". Uma dizia "branco", a outra dizia "preto"! Às vezes o nutricionismo mais se parece com uma daquelas "religiões" de consultório que prometem o amor, o dinheiro, a sorte e sei lá mais o quê...
-Gosto de comer o que me apetece. Vou continuar a fazê-lo, estou-me nas tintas para talibãs defensores do politicamente correcto. O que probem de vender ás claras, passa para o mercado negro, quando vou ao alentejo compro os mesmos produtos, aos mesmos produtores, onde sempre adquiri. A diferença é que passei a comprar sem factura, já que muitos passaram a produzir "apenas" para consumo próprio, bem lá "dispensam" um ou outro produto aos vizinhos e amigos. Isto com ASAE's DGS's e outros fundamentalistas, existe a carneiragem que segue no rebanho, e os que passam á clandestinidade. Optei pela última.
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