1. É hoje notícia: Portugal com a 3ª maior subida da União Europeia (não apenas da zona Euro) nas vendas de veículos ligeiros de passageiros, com +6,7% nos primeiros 9 meses de 2013.
2. Quando se coteja esta notícia com o teor absolutamente catastrofista de uma grande parte dos discursos políticos e de analistas encartados que se têm ouvido nos últimos dias, sugerindo que o “País” está na iminência de fechar as portas e que as “Pessoas” não suportam mais austeridade (com todo o respeito pelas pessoas, não pelos oradores da catástrofe)...
3. ...é caso para perguntar: mas quem é que terá adquirido os veículos ligeiros que foram vendidos nos primeiros 9 meses do ano? Terão sido ET’S?
4. Ou será que existem 2 Países - um o País real, das Pessoas e Empresas que, indiferentes ao estrepitoso ruído mediático continuam a trabalhar, a produzir, a exportar, a criar riqueza, a distribuir rendimento, a consumir (nomeadamente adquirindo viaturas)...
5. ...e um outro País, dos discursos políticos inflamados ou mesmo ensandecidos, das guerrilhas sindicais e conexas, um País triste, desmazelado e despenteado, dotado de uma estrutura predominantemente retórica, onde só acontecem desgraças, só há lugar para protestos inflamados e se anuncia a toda a hora o fim do percurso?
18 comentários:
Caro Tavares Moreira,
O seu post entronca na minha tese:
O "Portugal silencioso" Vs o "Portugal que vive à mesa do Orçamento de Estado"
"Assim, um dos maiores desafios que se coloca a este País, é o seguinte:
- sabendo nós que a comunicação social desempenha um papel central na ascensão e queda dos sucessivos governos, será possível implementar as mudanças que Portugal precisa, e que passam essencialmente pelo corte nos recursos que sustentaram a riqueza gerada na capital nas últimas décadas, quando será precisamente esse grupo - que domina completamente a agenda mediática e a opinião pública - o mais atingido por essas medidas ?"
http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/05/do-portugal-silencioso.html
Cumprimentos.
Caro Tavares Moreira,
Lamento que não tenha respondido ao meu último comentário do post anterior.
Quanto à existência dos dois Portugais:
1 - «O País real, das Pessoas e Empresas que, indiferentes ao estrepitoso ruído mediático continuam a trabalhar, a produzir, a exportar, a criar riqueza, a distribuir rendimento, a consumir (nomeadamente adquirindo viaturas)...»
2 - «O País, dos discursos políticos inflamados ou mesmo ensandecidos, das guerrilhas sindicais e conexas, um País triste, desmazelado e despenteado, dotado de uma estrutura predominantemente retórica, onde só acontecem desgraças, só há lugar para protestos inflamados e se anuncia a toda a hora o fim do percurso»
Tenho dificuldade em ver onde começa um e acaba outro. Sobretudo com tanta propaganda a entupir a compreensão com percentagens desligadas dos valores absolutos. Senão vejamos,
Se o meu stand costumava vender 1000 carros por ano e, num dado ano, tive um aumento de 1% nas vendas, isso significou que vendi mais 10 carros do que o habitual.
Mas se o stand do meu vizinho só costumava vender 100 carros por ano (porque era um vendedor medíocre) e, num dado ano, teve um aumento de 4% nas vendas, isso significou que vendeu mais 4 carros do que o habitual.
Brincar com percentagens quando estas estão desligadas dos valores absolutos não é sério.
Jornal Público - 01/08/2013:
Vendas de carros crescem 4,2% mas mercado continua longe dos níveis anteriores à recessão
Comercializados quase 66 mil ligeiros de passageiros até Julho. Subida não chega para compensar quebras dos últimos anos.
Depois do tombo, a recuperação passo a passo. As vendas de automóveis aumentaram em Julho pelo segundo mês consecutivo e acumulam, ao fim dos sete primeiros meses do ano, um crescimento de 4,2%, para cerca de 75.800 unidades, de acordo com os dados publicados nesta quinta-feira pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP).
Mas se o número de veículos novos que saiu dos stands portugueses até Julho engrossou em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento é insuficiente para permitir uma recuperação sustentada das vendas.
Quando se olha para o aumento homólogo de 4,2%, aliás, deve considerar-se o facto de o mercado ter atingido em 2012 “um volume anormalmente baixo”, porque este foi “mesmo o pior ano de vendas” em 27 anos, desde a liberação do mercado.
De Janeiro a Julho, foram comercializados 75.814 veículos, enquanto no mesmo período do ano passado se contabilizavam 72.758 unidades (entre ligeiros de passageiros, comerciais ligeiros e veículos pesados).
O mercado continua, porém, distante dos níveis de 2011, quando as vendas, embora já em queda acentuada, chegavam às 128 mil até Julho. E ainda mais longe está do nível de vendas do período imediatamente anterior à actual recessão, que encolheram com a quebra no consumo de bens duradouros, o aumento do desemprego e a queda da confiança dos consumidores.
Em 2010, o volume de carros comercializados nos sete primeiros meses era mais de duas vezes superior ao actual.
É tão giro brincar com os numeros! até dá para fazer brilharetes.
Senão vejamos:
- Eu em 2011 aloçava 1 Frango por dia.
- Em 2012, só comi um perna de frango por almoço. Comi menos 75%.
- Em 2013, comi 2 pernas, o que foi um "crescimento homologo" do DOBRO. Em 2013, comi O DOBRO (+100%), em relação ao periodo homologo.
Ganda festança, e já tou com medo de engordar demasiado...
...mas espera lá, mesmo tendo um crescimento relativo de 100%, parece-me que 2 pernas de frango, é bem menos que o frango inteiro que almoçava em 2011.
E lá está, a FESTANÇA DOS NUMEROS, é a nossa FOMECA.
Mas lá que tem sido um sucesso, e fomos os que CRESCEMOS mais...isso ninguem nos tira.
Caro Dr. Tavares Moreira há por aqui uns amigos que fazem umas leituras que têm pouco de originais, na tentativa de esconder o óbvio. As vendas pararam de descer e começaram a crescer...
Caro murphy V.,
É uma magna questão, a que levanta...confesso que não tenho resposta cabal, mas não esotu ndada optimista...
Exmo Diogo,
Quanto à sua observação inicial, o que lhe posso dizer é que as regras de "trabalho" neste Blog (e presumo que noutros, igualmente) são bem simples: eu não posso exigir a ninguém que comente os Posts que aqui edito, uma vez recebo mais, outras recebo menos comentários, quem manda são os comentadores; reciprocamente, não sou obrigado a responder a todos os comentários, designadamente quando entendo que respostas anteriores já abrangeram a matéria em questão.
Quanto á segunda parte, o Senhor tem todo o direito a estar do lado do País verbal 8tal como eu o defino) assim como eu tenho igual direito a estar do lado do que apelido de País real. E nenhum de nós tem de ficar zanagado com isso.
Caro Pedro,
Apenas um detalhe: não existe aqui fetança nenhuma, existe apenas a constatação de factos e do contraste entre uma significativa maioria dos discursos políticos e a evolução dos factos económicos 8actividdade económica, se preferir).
E nem citei, podia ter citado, as primeiras estimativas para a evolução da actividade no 3º trimestre que voltam a apontar para uma variação positiva do PIB, tal como no 2º trimestre e para uma variação ainda negativa, embora menos pronunciada do que as projecções anteriores, da actividade no conjunto do ano.
Festa por isto? NEM PENSAR.
Caro Tavares Moreira,
Agora deve contar, para além das teses Crescimentistas, com as teses dos Tremendistas, para a coisa ficar mais equilibrada...
Caro Tavares Moreira,
Obviamente que o Sr. não é obrigado a comentar nenhum comentário que aqui é colocado. Mas é pena, porque acho que os meus dois comentários (tal como os seus dois posts) entroncam um no outro.
Diz o Sr. que no «País real, as Pessoas e Empresas, indiferentes ao estrepitoso ruído mediático continuam a trabalhar, a produzir, a exportar, a criar riqueza, a distribuir rendimento, a consumir (nomeadamente adquirindo viaturas)...»
Mas basta falar com qualquer pessoa que encontrarmos na rua, para ficarmos a saber que o País real é aquele onde as pessoas são despedidas aos milhares, onde centenas de empresas fecham as portas todos os meses – e, portanto, o produto e os salários e as vendas caiem vertiginosamente. Este País real parece ter sido usurpado por algumas pessoas que controlam políticos, legisladores e comentadores mediáticos.
Mas, o Professor Paulo Morais sabe, infinitamente melhor do que eu, analisar as causas da hecatombe:
Paulo Morais, professor universitário - Correio da Manhã – 19/6/2012
[...] "Estas situações de favorecimento ao sector financeiro só são possíveis porque os banqueiros dominam a vida política em Portugal. É da banca privada que saem muitos dos destacados políticos, ministros e deputados. E é também nos bancos que se asilam muitos ex-políticos." [...]
[...] "Com estas artimanhas, os banqueiros dominam a vida política, garantem cumplicidade de governos, neutralizam a regulação. Têm o caminho livre para sugar os parcos recursos que restam. Já não são banqueiros, parecem gangsters, ou seja, banksters." [...]
Os aumentos de impostos que nos martirizam e destroem a economia têm como maiores beneficiários os agiotas que contrataram empréstimos com o estado português. Todos os anos, quase dez por cento do orçamento, mais de sete mil milhões de euros, destina-se a pagar juros de dívida pública.
Ainda no tempo de Sócrates, e para alimentar as suas megalomanias, o estado financiava-se a taxas usurárias de seis e sete por cento. A banca nacional e internacional beneficiava desse mecanismo perverso que consistia em os bancos se financiarem junto do Banco Central Europeu (BCE) a um ou dois por cento para depois emprestarem ao estado português a seis.
Foi este sistema que levou as finanças à bancarrota e obrigou à intervenção externa, com assinatura do acordo com a troika, composta pelo BCE, FMI e União Europeia. [...] Mas o que o estado então assinou foi um verdadeiro contrato de vassalagem que apenas garantia austeridade. Assim, assegurou-se a continuidade dos negócios agiotas com a dívida, à custa de cortes na saúde, na educação e nos apoios sociais.
[...]A chegada de Passos Coelho ao poder não rompeu com esse paradigma. Nem por sombras. O governo optou por nem sequer renegociar os empréstimos agiotas anteriormente contratados; e continua a negociar nova dívida a juros incomportáveis.
Os políticos fizeram juras de amor aos bancos, mas os juros pagámo-los nós bem caro, pela via dum orçamento de estado que está, primordialmente, ao serviço dos verdadeiros senhores feudais da actualidade, os banqueiros."
Eu não fiquei zangado por termos opiniões diferentes. Fico zangado quando percebo existir uma trupe de vigaristas e usurários que estão a enviar este, e outros, países para a miséria, a fome e a morte.
Caro Tavares Moreira,
É mais que óbvio que existem dois países. O que interessa e o que não interessa. E é preocupante que o país que interessa continue permanentemente sob a ameaça inconstitucional de cortes quando o país que não interessa anda a estoirar recursos preciosos para subir os salários do estado em carros. Esta sociedade consumista em que vivemos parece ter perdido completamente a solidariedade com os pobres trabalhadores do estado que não há mês que não tenham que inventar uma inconstitucionalidade para se protegerem da gula voraz dos nossos credores que não entendem que há coisas mais importantes que o dinheiro deles.
Caro Luís Moreira,
As tentativas de esconder o óbvio, como diz, acabam sempre, obviamente, por serem elas próprias escondidas,por vergonha ou outro sentimento mais nobre!
É só uma questão de tempo!
Caro Tiro ao Alvo,
Essa teve mesmo piada! Quem sabe se Crescimentistas e Tremendistas ainda acabam todos virando Austeristas?
Seria tremendamente engraçado...
Caro Tonibler,
É o que se pode chamar de síntese perfeita...também me faz espécie esta mania dos credores de pretenderem ser reembolsados dos empréstimos que nos concederam...
Já alguma vez se viu tamanho desaforo?
Há que pôr os credores na ordem, reduzi-los à sua insignificância constitucional, lembrar-lhes que numa relação creditícia o credor vai sempre atrás, como o bébé no automóvel (temos que ensinar esta ao Bloco para incluir nos próximos outdoors)!
Exmo. Senhor Dr.Tavares Moreira
Não compreendi muito bem a que se referia V. Exa. quando falava nas “vendas de veículos ligeiros” se eram vendas para o mercado interno, ou se esses cerca de 7% se reportavam a exportações. No primeiro caso, como as fábricas não são em Portugal, provocam um aumento de importações, com a consequente saída de dinheiro de Portugal, provocando um maior desiquilíbrio na relação exportações/importações, portanto, prejudicial para o País. No segundo, o dinheiro produzido em Portugal sai da mesma maneira, pois os donos das fábricas são estrangeiros e levam as mais valias para fora.
Mas então poder-se-á perguntar : pelos vistos é sempre mau? Claro que não, pois em qualquer dos casos são postos de trabalho que se ganham que ajudam a dinamização da economia, sendo os do segundo caso, em nosso entender, mais significativos.
Com os meus cumprimentos
Tavares Moreira disse... «É o que se pode chamar de síntese perfeita...também me faz espécie esta mania dos credores de pretenderem ser reembolsados dos empréstimos que nos concederam... Já alguma vez se viu tamanho desaforo?»
É recorrente, caro Tavares, é recorrente. Usurários (assassinos) que têm no bolso os «nossos representantes eleitos», virem exigir juros agiotas de negociatas que nos impingiram através dos «nossos representantes eleitos». É mais frequente do que se pensa….
Caro Tavares Moreira
Naturalmente que existem dois países, senão como compreender que, apesar do esforço que a AT (Autoridade Tributária) tem vindo a realizar para aumentar a arrecadação, fiquem anualmente, por cobrar cerca de € 1.2/1.5 bi de impostos devidos.
"Isto" devia preocupar a todos, tanto quanto se preocupam com o corte de pensões.
Cumprimentos
joão
Se a AT não cobra 1.2 bis é porque esses 1.2 bis não existem. Não há maior logro que esses números, porque se fogem ao rendimento são apanhados no consumo e, logo de seguida, no rendimento do produtor. Esses números são importantes enquanto indicadores da igualdade, não interessam para nada enquanto volume de impostos cobrados
Caro Tonibler
O que mencionei são impostos devidos e não cobrados. Estão identificados e não são arrecadados. Não impostos que, potencialmente podiam existir. Sem entrar no âmago da questão até a insuspeita UTAO (aquele organismo que apoia a AR) deixou uma pequena nota há um par de meses sobre o assunto.
Cumprimentos
joão
Caro António Rodrigues,
As vendas em causa, segundo a notícia, são no mercado interno, podendo envolver, se bem entendo, viaturas produzidas (ou simplesmente montadas) em Portugal ou importadas (na sua maioria, creio).
Eu não discuto o impacto ao nível do comércio externo desta evolução da compra de viaturas ligeiras, no plano de análise em que situo este Post, o indicador em causa serve, prima facie, como sinal de aumento do rendimento disponível e do consumo privado.
Caro João Jardine,
Nem todos os impostos que são liquidados acabam por ser cobrados e isso é sobretudo verdade em períodos de forte abrandamento da actividade económica como aquele que temos estado a viver nos últimos anos.
Repare por exemplo nos muitos milhares de empresas (e particulares) que têm sido declarados insolventes, creio que serão toda(o)s devedora(e)s ao fisco...
A respeito deste ponto, o Tonibler, no seu estilo muito próprio, encontra uma resposta lógica: esses créditos fiscais não são pagos pela simples razão de que não há dinheiro para os pagar...
Caro Tavares Moreira
Mais uma vez e para não entrar no âmago da questão, parece que andamos a lateralizar o que pretendi dizer.
Este ano, 2013, prescreveram +/- € 5 bi. de impostos; ou seja, os impostos devidos e não pagos referentes a 2008 (e, parcialmente, de anos anteriores).
O montante total de impostos devidos e não pagos é de +/- € 13 bi, o que, dividido por 5, rondará os € 1.3/1.5 bi/ano.
Se me conseguir explicar o que se passou de extraordinário (no plano económico) em 2008, para-este ano- prescrever € 5 bi.; além da mais do que óbvia ineficiência da administração fiscal, ficaria grato.
Cumprimentos
joão
Pergunta o caro Tavares Moreira: "Quem sabe se Crescimentistas e Tremendistas ainda acabam todos virando Austeristas?
Permita-me que lhe dê o meu palpite: todos não, mas muita malta do PS, na eventualidade desse Partido ganhar as próximas eleições, em menos de mês virava "austerísta", como já se assumiram no passado, embora apenas no papel e para inglês ver. E quem diz inglês, diz credor.
Caro João Jardine,
Eu não disponho de qualquer informação, nem privilegiada nem de rotina, dos ficheiros da Administração Fiscal para lhe poder responder - o que faria com todo o gosto caso dispusesse.
Mas continuo persuadido que uma grande parte dos impostos, sobretudo directos, liquidados e não pagos, tenha ou não prescrito a obrigação de os pagar, resultam de situações de insolvência dos devedores fiscais.
Caro Tiro ao Alvo,
Permita-me que lhe diga que o seu palpite apresenta uma elevadíssima probabilidade de acerto...
Essas metamorfoses, de Crescimentista para Austerista (e vice-versa), neste pessoal político, não serão tão difíceis quanto possa parecer a um observador medianamente informado...
No fundo é o que diz, no seu estilo muito próprio, o Tonibler: esse dinheiro já não existe, esses impostos nunca mais serão pagos.
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