Ter consciência de si próprio, da sua identidade, é algo complexo, que tem um substrato neurológico perfeitamente identificado.
Se neurologicamente começamos a compreender este fenómeno estranho, cuja designação "cadáver ambulante" assusta o mais afoito de todos, o mesmo não acontece com o seu equivalente social, a falta de identidade e a passividade de muitos que se passeiam meio "zombies" face às malfeitorias e faltas de respeito devido a mecanismos sociais e económicos que atingem as comunidades. Há uma nítida desfiguração, uma verdadeira patologia social e dilapidações induzidas, que são capazes de transformar bons cidadãos em unidades sofredoras às mãos dos que não têm escrúpulos e não respeitam os direitos dos outros. Olho em redor e vejo cada vez mais que a sociedade, doente, alterada nos seus mecanismos reguladores e disciplinadores, está a provocar uma epidemia de "cadáveres ambulantes" que se passeiam dolorosamente sem saber o que fazer. Trata-se, na minha opinião, de um equivalente social da famosa síndrome que Cotard identificou no final do século XIX, sociedade de "cadáveres ambulantes". "Cadáveres ambulantes" que sofrem por se verem nessa situação e que são frutos da arrogância, da falta de respeito e da exploração por parte de seres que merecem ser erradicados, e eliminados, antes que nos ponham a todos, homens e mulheres de bem, a pedirem para ser cremados, porque já estão mortos...
3 comentários:
E como se consegue?!...
Humm, corremos o risco de ter uma epidemia, mas qual será o tratamento, já que a prevenção implicava mudança nos comportamentos dos outros?
Partindo o "focinho". Resulta sempre, embora não dure sempre. Mas enquanto o pau vai e vem folgam as costas...
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