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terça-feira, 26 de novembro de 2013

A axiomática "crise" do Euro...


1. Enquanto os nossos estimados comentadores e especialistas mediáticos continuam incansavelmente na pesquisa de uma saída para a “crise” do Euro – proclamando a urgente necessidade de políticas “voltadas para o crescimento e o emprego”, sem esclarecer como se produz essa “volta” – vão surgindo notícias que no mínimo se mostram curiosas...

2. Por exemplo, na edição de hoje do F. Times (pág. 26), encontra-se um artigo cujo sub-título é “Peripheral eurozone debt has become more stable than US Treasuries”...

3. Concretamente, esta notícia comenta o facto de, ao longo das últimas semanas, as dívidas italiana e espanhola, de médio/longo prazos, terem evidenciado em mercado secundário um comportamento mais estável do que a dívida pública americana para os mesmos prazos...

4. Este comportamento é revelado nos indicadores de volatilidade, os quais, no caso da dívida americana, reflectem o ambiente de incerteza em relação ao início da decisão do FED, já assumida mas ainda não aplicada, de reduzir a intensidade dos estímulos monetários (o famoso “tapering”), enquanto que na zona Euro a expectativa de uma retoma económica, ainda que tímida, tem ajudado a estabilizar os mercados de dívida.

5. Torna-se cada vez mais estranha, esta decantada “crise” existencial do Euro, e também cada vez mais difícil de explicar...salvo para os nossos comentadores/analistas, para quem essa crise tem um carácter axiomático, dispensando qualquer demonstração...

7 comentários:

Carlos Sério disse...

A mim parece-me que quem “continua incansavelmente na pesquisa de uma saída para a “crise” do Euro” são os líderes europeus, a comissão europeia, o BCE e o FMI que se vêm contradizendo à medida que observa o falhanço das suas políticas.
Até já levaram recentemente um puxão de orelhas dos sócios americanos.
Pois, e enquanto na zona Euro se alimenta a esperança, por enquanto é só esperança, se alimenta a “expectativa de uma retoma económica” nos USA ela é já muito clara. O PIB dos USA em 2013 sobe a 4% (estimativa) enquanto o da zona euro não ultrapassará os 0,2%.
Na verdade, torna-se “cada vez mais difícil de explicar esta recuperação do euro ...salvo para os nossos” postadores austeristas claro.

Tonibler disse...

A fúria que esta gente tem com a moeda é uma coisa impressionante. E as palavras saem de borla porque já ninguém lê/vê o que eles dizem. Mas alguns dão aulas em universidades públicas! Não devia haver um artigo da DECO ou do Min. da Educação a informar os incautos? A dizer "esta escola ensina economia mas nem sabe o que é o dinheiro"?

Carlos Sério disse...

Dizer que a economia é a ciência do dinheiro é o mesmo que dizer que a culinária é a ciência das panelas.

Tavares Moreira disse...

Caro Tonibler,

Sugestão oportuníssima a sua! Julgo que até a Direcção Geral de Saúde, em articulação com os serviços do Ministério da Deseducação e Ciência Oculta, poderia ocupar-se do caso, mandando afixar, na frontaria dos estabelecimentos que refere, um aviso dizendo mais ou menos isto: "Atenção: ensino tóxico"!
Mais ou menos como se faz para os maços de tabaco...
A propósito de outro comentário, eu diria que, pelo menos em Portugal, a economia é a ciência da falta de dinheiro - fazer política económica aqui tem sido mais ou menos equivalente a cozinhar em panelas sem fundo!

Carlos Sério disse...

“O estudo da economia não tem por objectivo a aquisição de um conjunto de respostas para os problemas económicos, senão aprender a não deixar-se enganar pelos economistas”.

Mário de Jesus disse...

Dr. Tavares Moreira

Mas Portugal tem um grupo de crescimentistas activos, os verdadeiros, não os teóricos, aqueles que últimamente mais têm contribuído para o crescimento, ainda embrionário e muito frágil, do país. São os empresários e as suas PME´s.

E não fora o Estado mau pagador, como afiança um estudo da ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores)permitir-se-ia a criação de 120 mil postos de trabalho - bastando para tal que os prazos de pagamento do sector público, fundamentalmente, se fixassem nos 60 dias.

Tavares Moreira disse...

Bem observado, caro Mário de Jesus: fala-se tanto em apoios às empresas, esquecendo que esse - o pagamento atempado das dívidas do Estado (em sentido amplo) ao sector empresarial, acabando com a praga dos atrasados - seria o melhor de todos os apoios!...