Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Coexistem dois países distintos? Não será possível separa-los?

1. Em conversa de amigos neste último fim-de-semana (ninguém da política activa, note-se), interrogamo-nos sobre o fenómeno da possível coexistência, em Portugal, de duas economias ou mesmo de dois países distintos...

2. Com efeito, será no mínimo muito estranho, para quem esteja atento às notícias que diariamente enchem as páginas dos jornais ou os ecrãs de TV, dando conta de um País em profunda crise, mergulhado na pobreza e na mais total frustração e mesmo depressão social, com relatos de desgraças a toda a hora, em que os cidadãos, quase sem excepção, perdem poder de compra vertiginosamente...

3. ...será no mínimo muito estranho, dizia, saber que neste mesmo País as exportações de bens e de serviços estão aumentando mais de 5% e de 15%, que o consumo privado está em recuperação, que até o investimento privado embora em queda ainda, mostra sinais de reanimação - como será isso possível?

4. Caberá perguntar, por exemplo, quem poderão ser os compradores de veículos automóveis, neste calamitoso estado económico e social, que fizeram as compras em Outubro aumentar 24% e até Outubro 7,5%? Não sendo possível que tenham sido os habitantes daquele País triste, cada vez mais pobre e deprimido, quem poderá estar por detrás dessas compras, serão extra-terrestres?

5. Concluímos que a explicação para estes fenómenos radicalmente antitéticos, só pode ser uma: existem em Portugal duas economias ou mesmo dois países distintos: (i) um composto por cidadãos e empresas que trabalham e que produzem riqueza, que consomem bens com os rendimentos que arduamente obtêm pelo seu trabalho, que não usam greves ou manifestações de protesto para resolver os seus problemas, que pagam sempre os seus impostos e taxas (nomeadamente para o áudio-visual), que ajustaram os seus orçamentos e a sua estrutura organizativa tantas vezes com enormes sacrifícios para conseguirem sobreviver a tantas dificuldades, nomeadamente as que resultam de impostos cada vez mais elevados, directos e indirectos...

6. ...e (ii)o outro composto por gente sempre muito zangada ou frustrada, barafustando por tudo e por nada, promovendo greves a torto e a direito, realizando manifestações ruidosas na AR ou fora dela, em que as mensagens dominantes passaram a incluir os insultos mais desbragados aos responsáveis políticos (incluindo agora o PR como alvo-mor), que exigem, com toda a arrogância, que o Estado (os nossos impostos, evidentemente) lhes mantenham todas as regalias mesmo as mais insustentáveis no plano financeiro...

7. Concluímos também, infelizmente, que a comunicação social só conhece o segundo país, só esse tem eco nas notícias, só esse justifica reportagens em directo (horas a fio “se necessário”), só esse tem audiência garantida, só esse merece atenção...

8. Concluímos ainda quão importante seria separar formal e juridicamente estes dois países, de modo a que cada um se pudesse governar a si próprio: cada um com a sua Constituição, mas deixando o primeiro de funcionar como fonte alimentadora do segundo...com a vantagem adicional de o primeiro poder continuar no Euro e o segundo poder escolher a sua própria moeda...

9. Não seriam ambos muito mais felizes?

24 comentários:

António Barreto disse...

Pois, caro Dr Tavares Moreira; é esse mesmo o grande dilema social de Portugal, desde 76! Desde aí o país ficou dividido ao meio (políticamente) e tal impede a estabilização de um modelo económico - capitalismo de Estado ou Democracia Liberal -, provocando a estagnação e decadência a que assistimos. No terreno, a retórica de esquerda prepondera, enquanto a direita se acomodou, - quase inexiste, pelo menos no plano ideológico - e se digladia desde há décadas, deixando o eleitor - em geral - confundido.

Anónimo disse...

Caro Tavares Moreira, estou em crer que a percepção de dois paises advém principalmente do que descreve no seu ponto 7, a comunicação social. Aliás, se não fosse o descrito em 7, os zangados resmungões de 6, por manifesta falta de audiencia, diminuiriam muito o seu ímpeto.

A comunicação social em Portugal tem uma agenda. E quando assim é, quando não é e não quer ser imparcial, só há uma solução...

opjj disse...

Caro Dr. Tavares Moreira, reportando-me apenas ao ponto 4, dir-lhe-ei, que se a amostra da minha rua que vai até ao nº14 mas habitam, talvez umas 300 pessoas,servir de barómetro, os carros novos aquiridos, dizem respeito a dependentes do Estado, activos ou pensionistas. São os tais BMW, Audi e Mercedes.Directores em ministérios,militares, juízes, CGD,prof.Universitários e secundário etc. O dinheiro entra emprestado e não chega a aquecer, sai logo. Quando se toca na quinta dos mais interessados, proclamam, somos poucos.
Há tempos um juíz dizia, se não ganharmos o suficiente, podemos julgar mal! E há 3 dias outro juíz dizia, se os cortes forem superiores a 10% é inconstitucional!
Pois é, cada cabeça sua sentença.
Cumprimentos

Manuel Henrique Figueira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tonibler disse...

Não só é possível como nesta fase é bastante provável.

Tavares Moreira disse...

Caro António Barreto,

Se me permite, parece-me que o problema é muito mais económico que político - sem deixar de lhe reconhecer uma relevante dimensão política, certamente.
E não me parece que o segundo país, nos termos alinhados no Post, se confine nas fronteiras daquilo que impropriamente se tem denominado a esquerda do espectro político.
É certo que é nessa esquerda que o conservadorismo de ideias e hábitos está mais arreigado, mas o dito segundo país tem também uma dose razoável do que habitualmente se denomina de direita (neste caso, tb a mais conservadora).
É um problema que tende a arrastar-se com prejuízos incalculáveis para o País que abrange toda esta salsifrada!

Caro Zuricher,

Não posso deixar de lhe reconhecer uma boa dose de razão...a comunicação social fabrica, através da concessão de poderosos estímulos mediáticos, muita da contestação que por aí se vai vendo...não foram esses estímulos, essa garantia de ampla cobertura mediática e talvez metade dessas arruadas (algumas não mais que pantominadas) tampouco seriam organizadas...

Caro opjj,

Admito que nesse universo de indomáveis adquirentes de viaturas, a utilização do dinheiro dos nossos impostos constitua uma poderosa alavanca, não me surpreenderia nada!

Lá iremos, caro Anônymus, lá iremos!

Caro Tonibler,

Vejo-o muito optimista, oxalá não seja optimismo em excesso...até porque também subscrevo a secessão!

Diogo disse...

Tavares Moreira: «...será no mínimo muito estranho, dizia, saber que neste mesmo País 1 - as exportações de bens e de serviços estão aumentando mais de 5% e de 15%, 2 - que o consumo privado está em recuperação, 3 - que até o investimento privado embora em queda ainda, mostra sinais de reanimação - como será isso possível?»

Diogo: 1 - Quando o consumo interno desce as empresas procuram vender onde puderem. 2 – O consumo privado está em recuperação? Onde, meu amigo? 3 - «o investimento privado embora em queda ainda, mostra sinais de reanimação»? Onde? Nos bosões de Higgs?


Tavares Moreira: «Caberá perguntar, por exemplo, quem poderão ser os compradores de veículos automóveis, neste calamitoso estado económico e social, que fizeram as compras em Outubro aumentar 24% e até Outubro 7,5%?».

Diogo: mais uma vez, varo Tavares, faltam os valores absolutos. Quem vende 4 automóveis por mês, terá um aumento de 25% se vender 5 carros.


Tavares Moreira: «Concluímos que a explicação só pode ser uma: existem em Portugal duas economias ou mesmo dois países distintos: (i) um composto por cidadãos e empresas que trabalham e que produzem riqueza, que consomem bens com os rendimentos que arduamente obtêm pelo seu trabalho, que não usam greves ou manifestações de protesto para resolver os seus problemas, que pagam sempre os seus impostos e taxas (nomeadamente para o áudio-visual), que ajustaram os seus orçamentos e a sua estrutura organizativa tantas vezes com enormes sacrifícios para conseguirem sobreviver a tantas dificuldades, nomeadamente as que resultam de impostos cada vez mais elevados, directos e indirectos...

Diogo: E há os outros – os que têm reformas milionárias ao fim de alguns anos de trabalhar a soldo de usurários e com tachos atrás uns dos outros, em conselhos de administração onde vão ganhando cada vez mais.


Tavares Moreira: «e (ii)o outro composto por gente sempre muito zangada ou frustrada, barafustando por tudo e por nada»

Diogo: É a miséria e a fome a falar. Tolda-lhes o raciocínio.


Tavares Moreira: «Concluímos também, infelizmente, que a comunicação social só conhece o segundo país».

Diogo: É verdade! A comunicação social está ao serviço dos miseráveis. Basta ver a sequência de papagaios a soldo, seja em que canal for.


Tavares Moreira: «Concluímos ainda quão importante seria separar formal e juridicamente estes dois países, de modo a que cada um se pudesse governar a si próprio».

Diogo: Que bom seria! Onde, os que vivem da manipulação financeira deixavam de parasitar os que, que de facto, produzem.

Joao Jardine disse...

Caro Tavares Moreira

De acordo. Co existem esses dois países e um é objecto de mais holofotes do que o outro.
Sobre a proposta do seu ponto 8, há uns tempos li um estudo alemão que ia (mais ou menos) nesse sentido.
Pelo andar da carruagem, existe uma forte probabilidade de ser uma realidade dentro de um par de anos.
Cumprimentos
joão

Bartolomeu disse...

A partir dos anos 50, começaram a surgir em Portugal, relatos de avistamento de ovnis e de contactos visuais e directos com seres de fora do planeta Terra.
Acho muito natural que esses extra-terrestres tenham, por razões várias, decidido radicar-se no nossos país e até, que nele tenham fundado residência fixa e constituído família com os que já o habitavam. O resultado desta fusão e os seres que dela resultaram, encontram-se agora a governar o nosso país em diferentes áreas. Daí estar inteiramente de acordo com a aconclusão a que o caro Dr. Tavares Moreira chega no ponto 4º do seu post. O acréscimo de vendas de automóveis que se registou, só pode fazer sentido, tendo sido extra-terrestres a produzi-lo. Assim, e se o estimado autor me permite faço minhas as suas conclusões: o país é habitado por extra-terrestres que compram carros e por uma maioria que está desempregada, vive na casa dos pais com filhos ao seu encargo, alimenta-os com uma pensão irrisória. Conclusão: no país existem duas economias; uma próspera, a do ramo automóvel, alimentada por extra-terrestres e a outra das falências consecutivas e do aumento de desemprego, aquela a que os extra-terrestres não ligam patavina, não concedem crédito e afogam em impostos cada dia mais contundentes. Depois existe uma terceira espécie hibrida que o caro Dr. Tavres Moreira designa por comunicação social, a qual vê tudo o que se passa no país através da reflexão de espalhos que foram aproveitados da casa dos espelhos da feira popular, quando esta foi desmantelada.

Anonymus disse...

Dr. Tavares Moreira:

Lá iremos já é tarde demais.

As taxas de IMI para o ano, fixadas pelas câmaras dentro dos intervalos que, por sua vez, o Governo lhes fixou, estão a ser aprovadas por estes dias nas Assembleias Municipais.

É preciso denunciar a hipocrisia da CDU (melhor, do PCP) e de algumas câmaras PS do distrito de Setúbal, onde dominam.

O PCP até conseguiu mais 2 câmaras, ficou com 11 de 13. O PS com as outras 2.

A do Montijo (PS), depois de ter aumentado o ano passado a taxa em 25% (de 0,4 para 0,5), baixou-a antes das eleições há semanas em 25% (de novo para 0,4), mas só em palavras, para dia 29/10 a ter baixado, de facto, para 0,45, isto é, 10% menos.
E ainda têm a lata de dizer que vão perder 800 mil euros.
Depois de 2/3 dos imóveis terem sido reavaliados e de 1/ dos que já tinham o valor patrimonial tributário actualizado ir ficar com 15% a mais do que antes do brutal aumento de 25% em tempo de crise.
Com amigos destes nas autarquias...

Já é tarde para falar disto.

Anonymus disse...

Correcção: «reavaliados e de 1/3 dos que já tinham»

Pedro disse...

Pois...caro Tavares Moreira,

se calhar existem mesmo duas metades de um mesmo Pais.

A metade dos que se queixam, onde se inclui a ComunicaçãoSocial e Sindicatos e etcs


...e a metade do "Regresso aos Mercados", que afirma continuamente que tá tudo a ir muito bem, e que quem reclama são os malandros.

P.S - ...só é pena que a parte dos "Mercados", os tais onde iamos regressar, teimosamente parece acreditar pouco na sua metade, caro Tavares Moreira.

Tavares Moreira disse...

Que trapalhada, Diogo, que trapalhada!

Caro Bartolomeu,

Esse observatório da zona Oeste continua a ser uma fonte de inspiração de elevado conceito!
Confesso, meu Caro, que achei mesmo interessante e bem disposta a sua sugestão da influência de ET's no desempenho da economia portuguesa!
Mas não podemos olvidar o almoço no FUSO, necessariamente antes do Natal de 2013...
Voua avançar com uma proposta de data e enviar e-mails aos diversos 4Republicanos e a alguns dos nossos ilustres Comentadores ficando os restantes notificados por edital...

Caro Anonymus,

Compreendo bem o que diz: agravamentos de IMI nesta altura são absolutamente incompreensíveis, com o sector imobiliário no estado comatoso que é conhecido...
Os Municípios deveriam estar impedidos por lei, até nova ordem, de agravar as taxas de IMI e ponto final.

Caro Pedro,

Perdoe-me o comentário, mas essas simplificações de base demagógica podem ajudar a tudo...menos a esclarecer os temas em debate.
Por exemplo, quando se refere num tom doutoral sobre o regresso aos mercados, como se isso fosse de todo inviável, não sei se sabe que os mercados a que se refere continuam abertos, é tudo uma questão de escolher os prazos das emissões de dívida, procura não falta...
De resto qualquer ligação entre as considerações deste Post e o tal regresso aos mercados, só mesmo com prodígios de imaginação...que não lhe nego, não senhor!

Bartolomeu disse...

«TODOS AO FUSO, EM FORÇA... JÁ!!!»
;))

Tonibler disse...

Chiça, isto lido a esta hora até me provocou uma revolução no estômago...

Carlos Sério disse...

O que o TM talvez quisesse dizer não será a existência de dois países como afirma mas a existência de duas classes sociais. Uma, a minoritária, a dos ricos, banqueiros, grandes empresários, gestores das grandes empresas e políticos da área governativa, uma outra, a da grande maioria da população, a dos trabalhadores por conta de outrem, pequenos comerciantes e industriais que desesperam com a agonia dos seus negócios. Claro que para ele os “bons” são os ricos e os “maus” os pobres e remediados. Claro que uns acham a actual situação uma maravilha, os seus rendimentos aumentaram com a crise e a outra desespera. Uns querem paz, para continuarem os seus negócios, com salários mais baixos e impostos igualmente mais baixos, os outros manifestam-se por verem os seus salários e pensões a diminuírem, os filhos a emigrar, os horários de trabalho a aumentar e a pagarem mais caro a educação e saúde.
Claro que uns minoria endinheirada, quer uma nova constituição que torne irreversível toda esta situação miserável em que se tornou o país e a outra, luta por manter o débil estado social e as precárias condições laborais que ainda mantêm.
São na verdade duas condições opostas da realidade nacional, que sempre existiram mas que agora com a crise vieram à luz do dia com o maior vigor. Uns querendo repor as condições semelhantes à do Portugal pré 25 de Abril, os outros querendo conservar as condições sociais alcançadas com o pós 25 de Abril.

Pedro disse...

Caro Tavares Moreira,

de forma simlpista concordo, mas não demagogica - são factos! - reafirmo que a metade, onde deduzo o TM se inclui, que não barafusta nem faz greves, a tal metade que concorda com o TM e acha que está tudo air muito bem....


...é a mesmissima metade que deu loas ao regresso aos mercados...que afinal não aconteceu!

(não é demagocia é facto!)

E tendo isto sido um facto, que faz essa metade ? reconhece que afinal não se está a conseguir atingir os objectivos propostos e previstos?

Nope, essa metade que perante objectivos frustrados e falhados...qual "rei vai nu"...continua a afirmar que tudo vai irrevogavelmente bem!

Não fossem os malandros dos jornalistas e os juizes do TC, e tudo seria perfeito.


P.S - Já agora, na metade reclamante e dos que barafustam com a situação, peder-se-ia tambem acrescentar os Bancos...sei lá por exemplo o BCP que vai avançar ocm despedimentos..ou o BPI...é que parece que tambem estes não estarão lá muito bem! ..mas se calhar sou só eu a ser demagogicamente simplista...

Bartolomeu disse...

Não sei porque razão alguns comentadores insistem em transpor para a primeira pessoa, o teor das opiniões e enquadrar os autores no figurino da política atual. Não seria mais simples e até cordial se cada um resumisse o seu comentário à análise e à troca de opiniões?

Pedro disse...


"A Comissão Europeia diz que existe um buraco de 820 milhões de euros na execução orçamental, já depois de usada a reserva orçamental, e que para cumprir a meta do défice deste ano, Portugal vai tomar medidas adicionais.

Nas previsões de Outono hoje divulgadas, Bruxelas aponta um desvio de 0,5% do PIB face à meta acordada para défice orçamental deste ano - o equivalente a 820 milhões de euros - e diz que este desvio acontece apesar das receitas fiscais até estarem a ter um bom desempenho e da execução orçamental ter sido gerida de forma cuidadosa. (...)"

Hoje, in: http://dinheirodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=206506


parece-me que o "desvio" é mesmo de Portugal inteiro, como um todo, e não apenas de "meio pais"...nem apenas dos que "barafustam e fazem greve". Este "desvio" diz respeito e toca a todos, incluindo a metade que vê tudo bem.



Tavares Moreira disse...

Caro João Jardine,

Oxalá esse par de anos que refere seja mesmo um par, apenas, não uma sucessão de pares...

Caro Bartolomeu,

Merece-me todo o respeitoa sua observação. Esta "mania" de pessoalizar os assuntos, por vezes mesmo recorrendo a mentiras descaradas e perversas (ainda há dias tive de aturar isso a um comentador), não tem graça nenhuma...
Os 4republicanos têm de se munir de uma grande dose de paciência, meu Caro...muita paciência mesmo...

Caro Pedro,

Se estivesse prestado a devida atenção às notícias que têm sido divulgadas sobre a temática do défice orçamental de 2013, o excelentíssimo comentador já teria concluído que essa diferença tem a ver com a diferente interpretação quanto ao apoio concedido pelo Estado ao BANIF, sob a forma de obrigações convertíveis (conversão contingente, CoCo's), no âmbito das medidas de estabilização do sistema financeiro previstas no PAEF.
Se tais obrigações forem consideradas activo financeiro, não entram para o défice; se, pelo contrário, fossem consideradas uma transferência de capital (creio) já teriam influência no défice...
Acontece que o BANIF já reembolsou € 150 milhões desse apoio e prepara-se para reembolsar nova importância, pelo que difícilmente esta verba poderá deixar de ser classificada como activo financeiro, sem impacto no défice...
Quanto á pessoalização dos seus comentários, permita-me que lhe diga que não são lá de muito bom gosto, como de resto o nosso Comentador Bartolomeu fez já questão de salientar...
Que interessa, por exemplo, se eu faço ou não faço greves? Eu acaso lhe perguntei de que lado está o Senhor? Não perguntei, nem pergunto, pela simples razão de que entendo que isso não é da minha conta.

Pedro disse...

Caro Tavares Moreira,

pondo de lado questão particular do post em causa, e estritamente na "pessoalização" referida...

...não creio ter pessoalizado nada.

Se assim fui interpretado peço desculpa, não era essa a minha intenção.

De todo me parece que tenha sido abusivo ou "apontador". No entanto, estando de certa forma em desacordo com a leitura e interpretação que fiz da opinião que manifestou, naturalmente referenciei-o por ser o autor.

Irei ter mais cuidado - mesmo lendo posts variadissimas vezes contendo muita ironia e recorrentes epitetos/rotulos - e tentarei não ferir susceptividades nem atingir sensibilidades.

Não me move de todo qualquer tipo de questão pessoal, antes as ideias e perspectivas que aqui são debatidas abertamente.

Pedro disse...

Quanto á noticia, apenas transcrevi o que disse o "porta-voz do comissário europeu dos Assuntos Económicos ".

As afirmações, com ou sem "a devida atenção às notícias que têm sido divulgadas", são do porta-voz,e não minhas!

Carlos Sério disse...

Quanto à questão “Não será possível separá-los?” colocada pelo autor do Post eu responderei que tal não será possível. Onde é que já se viu as empresas funcionarem sem trabalhadores?
No capitalismo, democrático, não democrático ou assim-assim, os capitalistas e os trabalhadores estão condenados a coexistirem juntos e em luta permanente. Luta que se torna mais acesa como agora, quando uma destas classes, no caso a classe dos ricos, se torna mais voraz, mais egoísta e não quer continuar a ceder parte dos seus rendimentos (como até aqui acontecia) aos mais desfavorecidos e pretende, aproveitando a crise, romper com a sua contribuição para o estado social.
Pretende tratar os até aqui considerados direitos, direito à educação, à saúde, à protecção social, não como direitos democráticos de uma sociedade democrática evoluída mas sim como privilégios insuportáveis para os quais não está disposta a contribuir. Pretende um regresso ao passado e se possível às sociedades do século XIX.

Tavares Moreira disse...

Caro Pedro,

Em primeiro lugar, registo o desportivismo do seu comentário...posso discordar das suas tomadas de posição, por vezes quase radicalmente, mas não posso deixar de reconhecer o seu estilo de fair-play.
Quanto ao porta-voz da Comissão, deixo para Sexa a mesma recomendação que tomei a liberdade de dirigir para si, e com redobrado vigor...