1. A evolução das contas com o exterior (Balança de Pagamentos) é assunto a que tenho aqui dado particular atenção, por se tratar de indicador fundamental para aferir a capacidade de correcção dos graves desequilíbrios que afectaram a economia portuguesa ao longo de praticamente 15 anos (até 2011).
2. É este indicador que, em última instância, nos mostra se a economia, globalmente considerada, é capaz de inverter o ciclo infernal de endividamento daquele longo período e que nos trouxe até à fronteira da exaustão financeira/bancarrota, impondo a necessidade da negociação de um Programa de Assistência...
3. Já tive oportunidade de afirmar – usando a variável mais representativa das contas com o exterior, que é o saldo conjunto das Balanças Corrente e de Capital – que em 2013 se dá uma inversão fundamental, passando este saldo a apresentar valores positivos bastante expressivos.
4. Assim, com base em dados hoje divulgados pelo BdeP, até Setembro de 2013 aquele saldo conjunto cifrava-se em € 3.641 milhões, um superavit equivalente a 2,2% do PIB, valor praticamente idêntico ao registado até Agosto, que foi de € 3.727 milhões – o que confirma plenamente o processo de desendividamento da economia...
5. Já no que se refere à Balança Corrente, o saldo até Setembro, de € 1.016 milhões (0,62% do PIB), mostra uma ligeira quebra em relação ao acumulado até Agosto (€ 1.163 milhões), a qual se explica pela forte subida do défice dos Rendimentos, em mais de € 400 milhões...reflectindo o enorme peso do endividamento e do serviço da dívida ao exterior...
6. Quanto à Balança de Bens e Serviços (Balança Comercial), o saldo até Setembro apresenta uma ligeira melhoria em relação ao valor de Agosto, passando de € 2.336 milhões para € 2.430 milhões (1,475% do PIB).
7. Resumindo e concluindo, confirma-se a extraordinária correcção dos desequilíbrios da economia portuguesa, encetada em 2011 – mérito fundamental das Empresa Privadas e das Famílias – tendo esta evolução merecido, mais uma vez, agora na 8ª/9ª avaliação do PAEF, o reconhecimento de que se trata de um indicador que excede largamente as expectativas...
8. No entanto, a melhoria parece ter atingido um patamar em que se afigura bastante difícil apresentar resultados muito melhores, uma vez que não se espera que a procura externa possa expandir muito mais (e os ganhos de quota de mercado também têm limites) e que a procura interna continue a contrair como nos últimos 2 anos (já se viu no corrente ano)...
7 comentários:
É, pois, natural que agora o objectivo seja optimizar a relação procura externa/ procura interna...
Pergunto...
Caro Luís Moreira,
Eu diria, se me permite, que o mais importante será conservar e consolidar esta posição superavitária nas contas externas, em ordem a prosseguir o processo de desendividamento (também chamado desalavancagem) do sector privado e da economia como um todo (os progressos no sector público serão bem mais difíceis...).
E se a procura externa ajudar, será possível melhorar um pouco mais este cenário...mas será necessário que a procura externa ajude.
Olhe, a Espanha, por exemplo "tem feito imenso por isso": as exportações de bens para Espanha cresceram 9,4% até Setembro, o que é notável...
Dr. Tavares Moreira
É só uma questão de expansão da procura externa? Não há também uma questão de capacidade instalada (capital, equipamento, conhecimento, inovação, etc.)?
Tavares Moreira: «Resumindo e concluindo, confirma-se a extraordinária correção dos desequilíbrios da economia portuguesa, encetada em 2011 – mérito fundamental das Empresas Privadas e das Famílias»
Meu caro Tavares, qualquer português, com dois dedos de testa, percebe que o nível de vida geral do país está cada vez pior a cada dia que passa.
A correção da Economia Portuguesa não passa por continuar a encher a mula aos parasitas da banca e a enviar os portugueses para a miséria, a fome, a sopa dos pobres, o crime, o suicídio e a morte.
Contra este estado de coisas, tal como vários disseram hoje na televisão (da manifestação dos polícias em São Bento até à Aula magna), eu apoio a violência. A violência dos que empobrecem diariamente contra uma máfia que controla o dinheiro e os seus acólitos - o poder executivo, o poder legislativo, o poder mediático e a parte apodrecida do poder judicial.
Não estamos a falar de um povo e de um governo legítimo – empenhado no real interesse da população. Estamos a falar de um povo e de uma máfia parasita financeira (mais os acólitos nos vário vértices do poder) que não descansa enquanto não chupar a última gota de sangue à população.
É esta máfia que tem de ser esmagada o mais rapidamente possível, o mais violentamente possível.
Excelentes notícias, agora que a escadaria de S. Bento vai ser rebatizada para escadaria Sintagma, essa são notícias fantásticas. Cada vez mais vão ficar sozinhos Soares da vida a negociar 2ºs resgates.
Cara Margarida,
Certamente que existe uma questão de limite da capacidade de produção das actividades (industrias e serviços) exportadoras. Mas essa questão, como sabe, resolve-se com mais investimento, que em muitos dos casos das actividades em questão é susceptível de ajustamento em prazos muito curtos...
E em muitas outras ainda existe um significativo "slack" que lhes permite aumentar a produção e as vendas enquanto vão ajustando a capacidade...
Que o maior problema seja esse é o meu desejo, Margarida...
Caro Tonibler,
Não me oponho ao rebaptismo que sugere, para a escadaria de S. Bento...
Mas julgo que conviria esclarecer de que tipo de Sintagma se trata: nominal, adverbial, soarista, lourencista, pandemonista, contrafaccionista, etc,etc...
Admito que o nosso amigo Bartolomeu tenha algo a dizer nesta delicada matéria...
Eu acho que o baptismo fará todo o sentido, até se pode fazer um cerimónia em honra da praça de Atenas com o mesmo nome, onde tanto resistente às investidas do poder imperalista do grande capital ao serviço dos especuladores da economia de casino e do fascismo monetarista de Sra. Merkel conquistaram um segundo resgate! Agora sim, está perto de se cumprir um ideal de Belém: Portugal É a Grécia!
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