O país que aparece na comunicação social é o país dos funcionários públicos em greve, dos trabalhadores das empresas públicas que querem ser sempre funcionários, daqueles professores do ensino público que tudo contestam e nada aceitam, dos polícias em manifestações, dos militares contestatários, dos deputados que, num contínuo palavreado oco e violento, mostram que nada entendem da sua missão e da tolerância que a democracia impõe, dos políticos profissionais doentes e incendiários por falta de protagonismo ou de poder. E dos seus "compagnons de route", que sem tal nicho de mercado desapareceriam por completo de cena.
Escondido, há o país que trabalha. Que investe e motiva, que produz e exporta, que labuta sem greves nem desânimo. O país a quem todos devemos ser ainda país. E aquele a quem o primeiro deve o receber o ordenado, maior ou menor, no fim do mês.
A comunicação social, inculta e ignorante, e também arrogante, aplaude o primeiro, promove-lhe a agitação, acompanha-lhe os passos, cobre-lhes as iniciativas em directo. Ao mesmo tempo que, dando-lhes toda a voz, censura, em absoluto, o segundo.
E dizem que isto é liberdade de informação.
9 comentários:
Liberdade de informação, existe. Aliás, o próprio texto que o caro Dr. Pinho Cardão publica, testemunha isso mesmo. Aquilo que poderiamos considerar não existir na informação, seria isenção, rigor, ética profissional e honestidade. Mas estamos moralmente impedidos de reclamar esse prefil da "sociedade informativa" na medida em que, se uma parte da informação se dedica a noticiar do modo que convém mais a uns, outra há que contrabalança essa tendência, informando do modo que convém mais a outros. Ou seja; aqueles que possuírem um sentido de humor a atirar para a calhandrice e gostam de ler tricas e baldricas, deliciam-se com a imprensa que temos. Os outros, talvez mais dotados para os jogos de palavras cruzadas, entreteem-se a decifrar o que cada um diz e escreve e no fim, constroi uma verdade exclusivamente sua, de acordo com o seu prefil moral, intelectual, etc. Uma coisa, mais ou menos ao jeito daqueles remances policiais em que o autor deixa por devendar quem foi o verdadeiro praticante do crime, desafiando assim o leitor a imagina-lo, a julga-lo e a condena-lo.
;)))
Ao serviço de quem sempre comeu do estado e não consegue viver sem subsídios
Caro Pinho Cardão,
Estive a ver o seu curriculum: (entre muitas outras coisas), deputado do PSD e depois nos quadros do BCP – uma sequência previsível.
E compreendo-o perfeitamente - escondido no país que trabalha, que investe, que motiva, que produz, que exporta, e que labuta sem greves nem desânimo. Bem haja.
Já eu, estou às claras no país que preguiça, que desinveste, que desmotiva, que não faz nada, que não exporta, que se recusa a labutar, e que abusa das greves sem desânimo.
Ao Bartolomeu e à «Liberdade de Informação»:
Mário Soares acerca dos Media no Programa "Prós e Contras" [27.04.2009]:
Mário Soares: [...] «Pois bem, agora um jornal, não há! Uma pessoa não pode formar um jornal, precisa de milhares de contos para formar hoje um jornal e, então, para uma rádio ou uma televisão, muito mais. Quer dizer, toda a concentração da comunicação social foi feita e está na mão de meia dúzia de pessoas, não mais do que meia dúzia de pessoas.»
Fátima Campos Ferreira: «Grupos económicos, é?»
Mário Soares: «Grupos económicos, claro, grupos económicos. Bem, e isso é complicado, porque os jornalistas têm medo. Os jornalistas fazem o que lhes mandam, duma maneira geral. Não quer dizer que não haja muitas excepções e honrosas mas, a verdade é que fazem o que lhes mandam, porque sabem que se não fizerem aquilo que lhe mandam, por uma razão ou por outra, são despedidos, e não têm depois para onde ir.» [...]
Diogo:
Só por curiosidade, decoras tudo o que o Mário Soares diz?
Unknown,
Tenho por hábito assentar o que me parece verdadeiro, venha de onde vier...
Falso, caro Diogo. Quadro do BCP e, depois de ter cessado o vínculo com o Banco, Deputado independente pelo Psd ( não chegou a 3 anos e dissolvido pelo Dr. Jorge Sampaio), já vão perto de dez anos. A ordem não e indiferente. E a atitude também. Mas, mesmo que tivesse sido a que referiu, pode estar seguro que há gente que não se vende, nem se compra. Quanto ao resto, este Blog e um espaço de liberdade. O meu amigo frequenta-o. Pois seja sempre vem vindo
Esse país laborioso e discreto de que fala é aquele que se rende à asfixia dos impostos a pesar na competitividade, à irracionalidade dos custos energéticos, à letargia dos tribunais, às regulamentações contraditórias e absurdas, à fila do registo, à espera do deferimento, à mingua da razão. Esse País definha. E ninguém faz nada por ele.
Caro Luís M. Ferreira:
Aí tem toda a razão.
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