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quarta-feira, 4 de maio de 2005

A coerência da mitologia

O Prof. Massano Cardoso, num trabalho de grande fôlego, conseguiu reconstituir a imagem autêntica de Gaia, a deusa da terra, e decidiu revelá-la no nosso blog.
A imagem motivou-me para difundir um poema de Hesíodo referente à criação do mundo, segundo a tradição grega, onde primeiro era o Caos, tendo Gaia surgido do mesmo.
A seguir, o Prof. Massano serviu-nos a biografia de Gaia.
Estamos, assim, no âmago da mitologia.
Durante alguns anos a mitologia grega não passou, para mim, de histórias de deuses e de super-homens de que realmente gostava, mas não apresentavam qualquer significado especial.
Mas tal juízo alterou-se, depois de uma visita demorada à Grécia e a várias ilhas gregas, onde encontrei um guia espantoso, com conhecimentos profundos de arqueologia e de história (para além de economia…o que é notável), o qual nos deu verdadeiras lições de história, para mais no próprio local onde os factos ou as lendas se tinham passado, e enquadrou a mitologia no seu verdadeiro significado, à luz das últimas investigações.
Segundo elas, as histórias dos deuses constituíam uma forma de compreensão das mentes humanas e do mundo e uma forma pedagógica de veicular conceitos morais, como o mal e o bem, boas ou más acções. As histórias e as lendas eram uma forma de educação. Para tal, a mitologia tinha que ser, e era, uma realidade muito coerente.
Aplicando estes princípios à biografia de Gaia, verifica-se, de facto, coerência.
Gaia (a Terra) nasceu do Caos e personificou a primeira mulher.
Ao contrário da Bíblia, primeiro existiu a mulher e da mulher surgiu o homem, personificado em Urano ( o Céu). Gaia foi assim a mãe de Urano.
Urano era o único homem e Gaia a única mulher e era necessário povoar o mundo nascente.
A união entre mãe e filho tornou-se óbvia.
Ambos dotados das forças iniciais do universo, sem doenças, constrangimentos ou tabus morais dedicaram-se às tarefas da procriação.
Tiveram uma multitude de filhos, dos quais os mais famosos foram os Titans, as Fúrias, os Ciclopes e Kronos.
Urano era pai e, ao mesmo tempo, irmão dos Titans, das Fúrias e dos Cíclopes.
No mundo primevo, em que a natureza mantinha intacta a sua força, os filhos só poderiam ser grandes e violentos e os Titans constituíram uma raça de deuses gigantes.
Mas a genética por vezes tem falhas e fez também nascer outros deuses menos perfeitos, os Cíclopes gigantes, com um só olho.
Eram violentos e combatiam todos entre si.
Mas nasceram também as três Fúrias, Alecto, Megaera e Tisifhone, que vingavam os crimes não punidos pela justiça dos homens.
Nasceu enfim Kronos, o filho mais novo.
Personificou o tempo, que os deuses começaram a necessitar de avaliar.
O tempo passou também para Gaia, que começou a cansar-se das investidas de Urano.
E foi Kronos, o tempo, que terminou com a exarcebada masculinidade de Urano.
Acontece que a violência entre irmãos tinha que ser punida.
O justiceiro veio a ser Zeus, filho de Kronos e de sua irmã Rhea, o primeiro deus do Olimpo e de uma nova era da Grécia.
Aprisionou o pai e os tios no Tártaro (inferno em religiões posteriores), mundo abaixo do mundo subterrâneo, onde reinava Hades, irmão de Zeus, senhor do mundo subterrâneo e da morte.
Brilhante também a forma como é explicada a fertilização da terra: através do sangue espremido por Kronos dos testículos do pai, Urano veio a originar uma outra forma de vida, a vida vegetal.
Recorde-se que a história tem dez mil anos!...
Tem ou não coerência a mitologia?
E pode o homem moderno viver sem mitos?

1 comentário:

APrv disse...

O TEMPO AFASTOU O CÉU DA TERRA E CRIOU O ESPAÇO NECESSARIO PARA QUE OS FILHOS DA TERRA PROSPERASSEM, NUMA NOVA ERA...