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segunda-feira, 3 de abril de 2006

Cultura de quem e para quem?

Escrevi há dias uma Nota sobre o cinema que se vai fazendo em Portugal, em que focava que, dos filmes portugueses estreados em 2004, um teve a assistência verdadeiramente extraordinária de 100 espectadores, outros três atingiram a imponente e redonda cifra de 400 espectadores e mais três tiveram uma assistência fenomenal, de 1300 a 5.000 espectadores!...
Há dois dias saíram dados sobre as assistências às peças de teatro(?) no Teatro Nacional de D. Maria II.
Com peças que suscitaram assistências de poucas dezenas de pessoas, incluindo os bilhetes cedidos gratuitamente, trata-se certamente de teatro confidencial feito para amigos num Teatro dito Nacional, mas teatro feito de e para amigos com dinheiro de todos nós.
Sempre me fez uma enorme impressão este escândalo, e mesmo crime, de dar dinheiro público para fins meramente privados, quaisquer que eles sejam e a quem quer que seja, funcionário, empresário, artista, realizador de cinema ou encenador de teatro.
Por isso, também não posso entender a compreensão com que é visto o esbanjamento de dinheiros públicos por parte das forças ditas culturais, em projectos que são o mais privado possível, pois atingem um número ínfimo de pessoas, servindo apenas para alimentar o autocomprazimento de alguns “artistas” e dos seus amigos mais chegados.
Ainda ontem, no Público, li que a Ministra da Cultura considera que o ICAM (Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia) “poderá concentrar energias no apoio à criação cinematográfica mais inovadora ou artística…”
Trocado por miúdos, lá para o próximo ano iremos ter, em vez de quatro filmes com audiências de 400 espectadores, uma dúzia de filmes com menos de cem espectadores!...
Tudo em nome da cultura, mas cultura de quem e para quem?

7 comentários:

Adriano Volframista disse...

Caro Pinho Cardão
O problema reside nos grupos de interesse que capturaram os circuitos de financiamento. Por isso é que temos tão poucos espectadores e por isso é que as guerras de bastiores, quando muda o responsável pela pasta e pretende colocar os seus homens de mão, são tão grandes.
As artes sempre foram subsidiadas, o mecenato, enquanto conceito, tem mais de 2000 anos; neste país, não nos poderemos admirar que o teatro tenha tantos espectadores, nem que as audiências migrem para os inenarráveis programas que as televisões mais vistas passam...
Deixo-os estar que assim não inventam nada

Cumprimentos
Adriano Volframista

Tonibler disse...

Caro Pinho Cardão,

Aquilo de que fala é extinção, pura e simples, do Ministério da Cultura. Afinal, as peças que têm espectadores não precisam de apoios.

Seria uma boa discussão, afinal o que se perde se abolirmos o Ministério da Cultura?

João Melo disse...

Caro Tonibler e porque não?ou por então a refundação do Ministério da Agricultura.Por exemplo,o Institituto Português dos Museus porque não devia estar integrado no Ministério da Economia?Existem turistas interessados em ver os museus portugueses e a cultura pode dar dinheiro.E porque é que o venerável Manuel de Olivera tem de ter sempre um filme apoiado por ano?pelo que li,os concursos para os financiamentos de filmes estão completamente "minados" já que á partida já se sabe que dos 3 argumentos que vão ser contemplados com financiamentos,um é de Manuel de Oliveira.
Os Portugueses apercebem-se dessas jogadas e dai não consumirem mais a "Cultura Portuguesa"

Tonibler disse...

Porque não?

a.leitão disse...

Só de ler fico "doente"!
O meu Blog que é de puro entretenimento e não tem apoio nenhum e nem precisa, tem mais visitantes!

Anónimo disse...

Meu caro A.Leitão, as minhas felicitações por um blog seguramente mais atractivo do que este.
Já agora, gastando mais um pouco as teclas, informamos que estamos fora desse concurso...

just-in-time disse...

Já repararam no ciclo de cinema africano que está a passar esta semana no Instituto franco- português e em que aparecem autores lusófonos? Se calhar tinha sido mais proveitoso que tivéssemos acarinhado os seus autores.