Extraordinário o alarido e a angariação de multidão com que ontem o governo lançou a rede de cuidados continuados em saúde "que visam diminuir o número de internamentos hospitalares e aumentar as camas disponíveis para doentes crónicos e em convalescença"!
Então não havia já um diploma que criava a rede? Então não foi este ministro que pouco depois de ter chegado o revogou? Não teria bastado alterá-lo, se algumas correcções entendesse introduzir? O que parece importar é lavar memória e deixar a assinatura numa legislação!
E não foi este ministro que entrou a matar com as Misericórdias, quando quis argumentar contra a legislação do anterior governo, dizendo que as camas de que estas dispunham eram umas "enxergas deploráveis" onde os doentes agonizavam?(o que provocou a indignação da União das Misericórdias). E agora essa mesma União vem colocar de novo ao dispor sete a oito mil camas para cuidados continuados, na presença do governo e da comunicação social...serão as mesmas camas a que o ministro chamou "enxergas"?
2 comentários:
baralhar e tornar a dar com Propagandex..torna o pais mais felix e brancex
Esta técnica começa, felizmente, a tornar-se evidente para muitas pessoas.
Infelizmente não encontrei o comentário feito, há um ano atrás neste blog, por ocasião da entrada em funções do governo e do silêncio que então marcava a atitude do Primeiro-Ministro e dos restantes membros do governo. Se o tivesse encontrado poupava umas linhas neste comentário. Há um ano prognosticava que o comportamento do Executivo iria ser exactamente o que tem sido. Num primeiro momento, descredibilizar as medidas dos anteriores governos, muitas vezes com justificações politicamente insustentáveis ou mesmo sem qualquer razão publicamente assumida (como foi o caso da revogação de um conjunto de medidas de descentralização administrativa tomadas pelo XV Governo Constitucional). Depois, como mais ou menos maquilhagem, retomar essas medidas e anunciá-las com grande ampliação mediática como o sumo da barbatana, capaz de curar o mais renitente dos problemas do País. Anuncios normalmente acompanhados daquela subliminar mensagem de grande determinação e autoridade que o Governo se esforça por dar para poder fazer o contraponto com os fantasmas do passado. Refiro-me naturalmente, à fantasmagórica moleza dos governos de Guterres que continua a assombrar este governo e lhe molda o discurso.
Quem esteve atento ao percurso do Senhor Engº Sócrates, não lhe custa a perceber que iria ser assim. Como Ministro do Ambiente, o actual primeiro-ministro foi o maior mago da imagem que até hoje conheci. Um daqueles casos que a história registará como político competente e dedicado, capaz de realizações importantes e corajosas. A realidade (que poderia, por exemplo, ser bem revelada pela sua antecessora no cargo, Elisa Ferreira, hoje retirada das lides mais activas da política nacional, como convém...), é de que essa impressão histórica mais não é do que produto de uma invulgar capacidade de se servir dos media para criar a ilusão dos resultados. A lista de medidas atribuídas pelos media a Sócrates, enquanto ministro do Ambiente, mas nunca realizadas, daria bem a ideia dessa notável "qualidade" política do Primeiro-Ministro.
O actual Ministro da Saúde limita-se, pois, a ser um bom discipulo.
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