O último dia do Programa em Washington, DC. Parece que foi ontem que aqui cheguei… Mas a partir de amanhã é Seattle que se segue.
Foi um dia menos carregado do que quarta e quinta-feiras, mas nem por isso menos interessante.
A primeira reunião foi às 10 horas da manhã com o Dr. Todd Tucker, Research Director do Global Trade Watch, Public Citizen, que é uma organização nacional, não-lucrativa, fundada em 1971 com o objectivo de representar (e defender) os interesses dos consumidores no Congresso.
Discutimos a globalização, a economia norte-americana, a forma de influenciar e pressionar ambas as Câmaras do Congresso, enfim – no fundo, o seu papel, e a defesa dos consumidores que a esta organização recorrem (e que não muitos – tanto que o seu site é actualizado de hora a hora…). Tratou-se de uma reunião com um âmbito totalmente diferente do que até agora tenho visto e discutido, mas que nem por isso (aliás, talvez mesmo até por isso) foi igualmente interessante.
Terminou por volta das 11 horas, o que nos deu tempo de passarmos em frente ao Capitólio (Capitol), que liga os hemiciclos das duas Câmaras do Congresso, e de ver, já próximo do Fed (o local da nossa próxima reunião), a estátua de homenagem a Einstein (Einstein Memorial), uma óptima recreação que, claro, não podia passar sem uma fotografia!...
Ao meio-dia chegámos então ao edifício sede do Federal Reserve System, em que tivemos um almoço de trabalho com os Drs. Thomas A. Connors (Senior Associate Director) e Michael P. Leahy (Assistant Director), ambos da Division of International Finance do Banco Central Norte-Americano.
Foi uma troca de impressões muito interessante, em que se falou da organização do Fed, de taxas de juro (política monetária) a nível global (com ênfase especial no BCE), das flutuações cambiais, da economia dos EUA, da Europa, da Ásia (sobretudo da China) da América Latina, das grandes questões macroeconómicas que hoje enfrentamos e… até dos problemas actuais da economia norte-americana.
Por volta das 13:30 regressámos ao hotel, tendo então, e como é habitual, ligado o computador e colocado a Internet em funcionamento (foi aí que escrevi o post “Reflexões Americanas).
Às 17:30 estava em frente à Embaixada de Portugal nos EUA, para um encontro que tinha sido agendado em Lisboa com o Embaixador Pedro Catarino, e em que também esteve presente o Dr. António Gamito (que tinha conhecido no jantar de véspera).
Foi igualmente uma agradável troca de impressões, em que se falou da presença Portuguesa nos Estados Unidos, do nosso país, dos planos que o Embaixador tem para promover Portugal aqui nos States, e também do contexto político norte-americano, entre outros assuntos.
Às 18:15 estava a despedir-me do Embaixador e pouco depois estava no hotel a trocar de roupa para ir para o Verizon Center assistir ao terceiro jogo da primeira ronda de play-offs da NBA entre os Washington Wizards e os Cleveland Cavaliers, às 20 horas. Desta vez foi comigo a Dra. Diane Crow do Department Of State (com quem tinha tido reunião na terça-feira de manhã), porque o ELO, Marc Nicholson tinha outro compromisso. O jogo em si não foi nada de especial – já tenho assistido a partidas transmitidas pela SportTV que são bem melhores; agora, o que nós não conseguimos apreender nas transmissões televisivas é todo o espectáculo à volta do jogo, que, esse sim, valeu bem a pena ver ao vivo. Desde logo, o recinto: um pavilhão (imponente) com capacidade para cerca de 25 mil pessoas, segundo me disseram! Mais do que muitos estádios de futebol no nosso país! Muito alto, mas com excelente visibilidade (ficámos numa fila muito alta, mas muito central, e conseguia-se ver tudo muito bem). Devem ter estado à volta de 20 mil pessoas, que quase nunca param quietas, porque quando o jogo está interrompido (e quem está habituado ao basquetebol sabe que há muitas interrupções), há sempre danças, concursos, diálogo com as bancadas, etc. Enfim, uma animação pegada, que começa logo com a entrada da equipa da casa, cujos jogadores passam por um tapete vermelho estendido, chamados um a um como se verdadeiros heróis se tratasse! É ainda digna de registo a existência de um enorme ecrã de televisão, com quatro faces (para ser visto em todo o recinto), suspenso do tecto, e que não só passa o jogo em directo, como as repetições das jogadas e vai lançando mensagens de apoio à equipa da casa (aqui nos EUA, segundo a Diane me explicou, é sempre assim, por isso, quando o próximo jogo acontecer, já no Domingo, em Cleveland, no Ohio, entre estas mesmas duas equipas, será ao contrário, isto é, será a equipa da casa a ser incentivada o tempo todo). Isto, claro, para além das “toneladas” de publicidade difundidas quer nessa televisão, quer por todo o recinto. Ah, já me esquecia: já nas instalações do pavilhão existe uma série de restaurantes de fast food, em que tudo é vendido sensivelmente ao dobro do preço normal!... Só vos digo que um hambúrguer, umas batatas fritas e uma cerveja me custaram a módica quantia de USD 14!... Mas enfim, já ali estávamos e só podíamos escolher entre comer junk food e junk food, e portanto, comemos... junk food!...
Foi pois (mais) uma óptima experiência, para acabar em beleza a estadia em DC. Bom, já me esquecia - falta o resultado, que fica para a história: os Cavaliers acabaram por ganhar por 97-96 aos Wizards, depois de estes terem terminado a primeira parte (primeiro e segundo períodos) em vantagem por mais de 10 pontos! O terceiro período, já na segunda parte, foi desastroso para os Wizards, que se deixaram empatar, e depois, no quarto período, foi uma autêntica lotaria. A 1 segundo do fim deu-se o último lançamento dos Wizards, mas a bola não quis entrar… e assim, lá ficou o resultado em 96-97, e neste momento, em jogos, os Cavaliers estão em vantagem por 2-1 – mas, ao que parece, passa à próxima ronda quem conseguir 4 vitórias em 7 jogos, pelo que ainda falta muito para decidir. De qualquer modo, era visível o desânimo entre os espectadores, já que 99.9% torciam pelos Wizards! Até eu já fazia claque!...
No regresso ao hotel, uma novidade no táxi que apanhei: pouco depois de eu ter entrado, o condutor parou e perguntou a dois rapazes que pareciam procurar táxi (mas que não tinham feito sinal) para onde iam. E, tendo ouvido a sua resposta, mandou-os entrar. Imagine-se isto em Lisboa! Mais tarde o ELO Marc Nicholson explicou-me que esta prática é permitida (legal) desde que o trajecto do passageiro original não seja perturbado – e assim sucedeu, de facto. No Hotel Helix, eu saí, pagando o que o condutor me pediu, e eles continuaram. Só faltou uma coisa: ter-me sido pedida permissão para que novos passageiros pudessem entrar. Claro que eu teria permitido (ainda por cima os passageiros que entraram vinham todos equipados "à Wizards" e, com a derrota, com o moral bem em baixo, coitados…), mas tendo sido apanhado de surpresa, confesso que achei tudo aquilo muito estranho…
E agora que estou no hotel, é hora de fazer novamente malas e depois dormir, que amanhã a alvorada é às 7 e a saída do hotel às 8:30 para o Reagan National Airport, de onde partiremos para Seattle, com escala em Chicago.
Até amanhã, então, já com 8 horas de diferença, e quase do outro lado do mundo!...
1 comentário:
Cara Margarida,
Ainda bem que as crónicas a fazem sonhar com os States! É precisamente para que os meus amigos e os leitores habituais da "Quarta República" possa desfrutar um pouco do que tenho vivido, que as tenho escrito diariamente (até agora, consegui não falhar dia nenhum...).
Quanto ao "huge ocean ahead", é verdade: nem todos os americanos são fantásticos, mas isso sucede com todos os povos, em todo o lado. No entanto, creio que aqui, quando são fantásticos, são mesmo muito, muito bons; se não forem nada fantásticos (percebe o que quero dizer, não é?...), também acho que são piores do que os "menos fantásticos" de outras paragens... Parece que não há meio termo, ou que este é mais difícil de encontrar. Mas, se calhar, também é por isso que são uma nação ímpar, por várias razões, no contexto mundial!...
Espero quer continue a ler ( a apreciar!...) as minhas crónicas, que tentarei manter numa base diária...
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