É nas despesas públicas correntes primárias (que excluem os juros da dívida pública) que reside o famoso “monstro”, isto é, as despesas de funcionamento do aparelho do Estado. Ora, sabendo-se que uma consolidação orçamental saudável e duradoura só pode ser conseguida do lado da despesa pública, o que se passou com o valor da despesa corrente primária prevista para 2008 entre o Relatório de Orientação da Política Orçamental (ROPO), de Abril deste ano, e o Orçamento do Estado para 2008 (OE’2008), apresentado em Outubro último, é elucidativo quanto ao falhanço da (pretensa) consolidação orçamental que o Governo Socialista tem vindo a realizar. Vejamos:
- No ROPO, em Abril deste ano, o Governo projectava que a despesa pública corrente primária deveria ascender, em 2008, a 37.9% do PIB;
- Contudo, no OE’2008, essa mesma despesa pública corrente primária deverá, em 2008, situar-se em… 38.8% do PIB.
A diferença, de 0.9 pontos percentuais do PIB, é superior a EUR 1500 milhões… que agora são previstos, a mais, na despesa corrente primária no próximo ano.
O “monstro” está, pois, de boa saúde – e a velha cartilha socialista de gastar mais, sempre mais, está viva e bem viva, para mal dos nossos pecados… porque, assim, é evidente que esta história de sucesso de redução do défice que o Governo quer à força fazer passar, assenta muito mais na cobrança de receita (que se tem situado sempre acima do previsto) e no esforço que tem sido pedido aos contribuintes. E, como tal, tem tudo para acabar mal…
6 comentários:
Pois, mas as coisas hoje na AR estiveram menos racionais e mais shakespirianas...
;)
O monstro sempre esteve de boa saúde, não me lembro de ano nenhum que estivesse mais enfraquecido, mesmo nos anos em que tudo esteve congelado.
Mas agora há um dado novo. A cobrança de impostos nunca foi tão eficaz e demolidora (mesmo com a economia em declinio).
O que eu gostava mesmo que me dissessem é se o pedido de Santana Lopes ontem na AR para que o gov. do banco de Portugal fizesse o mesmo exercício de 2005, tem alguma razão de ser!? É que se não tem, porque falar nisso?
Tenho a mesma duvida do comentador anterior: Ha alguma consistencia na duvida lancada por Santana Lopes ou a suspeita foi so para abanar?
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