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domingo, 10 de fevereiro de 2008

Evolução

A Câmara Muncipal e a Assembleia Municipal de Óbidos decidiram rever o Plano Director Municipal com o propósito de reduzir os índices de construção de empreendimentos turisticos no território daquele município, objecto de um surto de procura de investidores pela excelência da sua costa.
É um sinal muito importante, que importa registar pelo que tem de inédito mas sobretudo pela inteligência que revela o jovem e dinâmico presidente do executivo camarário, Telmo Faria.
Justificando a medida, Telmo Faria disse esta coisa simples mas pouco habitual de se ouvir: «face à procura muito elevada [para a construção de empreendimentos turísticos] percebemos que se aprovássemos tudo íamos dar cabo disto».
O "tudo" a que o presidente da Câmara se referia eram as 39 mil camas turísticas previstas no PDM que agora nessa parte ficará suspenso, a grande maioria delas a instalar ao longo do litoral do concelho.
Percebeu-se ali que a valorização dos territórios não se faz pela massificação da sua ocupação. Não se cria riqueza, sustentavelmente, só porque se constrói muito. Bem pelo contrário. A prazo, a perda de qualidade dos espaços pelo excesso de edificação, a pressão sobre os recursos e a insuficiência e mau dimensionamento das infra-estruturas, acaba com a ilusão.
Esta percepção não é coisa pouca num País pouco cuidadoso com o ordenamento do seu reduzido território.
Oxalá que a atitude tenha efeitos contaminatórios.
Por isso se regista e saúda aqui a clarividência de Telmo Faria.

6 comentários:

Tonibler disse...

Ora aí está mais uma atracção turística: um autarca que não é ladrão.

Frederico Lucas disse...

O Municipio de Óbidos tem sido para muitos autarcas um bom modelo de gestão territorial: Tem uma estratégia do sector turístico que fará inveja aos restantes 307 executivos camarários portugueses.

Por isso esta iniciativa merece um fortíssimo aplauso e o presente post a sua publicação no blogue Beira Medieval.

Um abraço

Frederico Lucas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Margarida Corrêa de Aguiar disse...

José Mário
São estes bons exemplos que deveriam ser extensivamente notícia. Uma decisão corajosa e responsável que merece ser apluadida.
Muitas vezes tenho dito que construir betão não é sinónimo de desenvolvimento, muito pelo contrário é muitas vezes o espelho de pura e dura especulação.
Manter e promover a qualidade e a sustentabilidade de territórios é obra difícil neste País, mas nunca é tarde para aprendermos.

Frederico Lucas disse...

Aos interessados sobre a temática do desenvolvimento regional, recomendo um texto crítico da autoria da Claúdia Quelhas.

Suzana Toscano disse...

Por isso Óbidos tem conseguido manter-se tão bonita e atractiva, apesar do notório desevolvimento. Um bom exemplo, sem dúvida. E o festival do Chocolate, que maravilha...