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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Preço do PÃO sobe mais 50%? Que felizes somos!

São hoje notícia novas subidas do preço do pão, que poderão chegar aos 50%...
Este cenário, aparentemente preocupante, resulta do encarecimento constante do trigo, principal matéria-prima para o fabrico deste bem de luxo.
A cotação do trigo continua a subir nos mercados internacionais, num período em que convergem (i) o afrouxamento da oferta causada por más colheitas, (ii) medidas proteccionistas do consumo interno tomadas por alguns dos principais produtores – Rússia, Cazaquistão, Argentina – que resolveram agravar os impostos à exportação do cereal, e claro está, (iii) os incentivos à produção dos biocombustíveis, para combater o aquecimento global...
De acordo com informações da Associação dos Panificadores, uma tonelada de farinha de trigo que custava € 350 em 2006, custa actualmente à volta de € 450 e espera-se que em breve atinja € 500.
Em resultado desse encarecimento da matéria-prima, uma unidade de pão de 40 grs – vulgar “papo-seco” – que há 3 anos era vendido a 8 cêntimos, é actualmente vendida a 10 cêntimos e em breve terá de subir para 15/16 cêntimos, alegadamente para que “a industria possa sobreviver”.
Curiosamente fala-se sempre da sobrevivência da indústria – pouco relevando ao que parece a sobrevivência do consumidor...será que a indústria poderá sobreviver sem consumidores?
Em qualquer caso, volto a dizer que este cenário é preocupante apenas na aparência...para nós portugueses, é claro, que temos a garantia de que estas subidas dos preços de bens de primeira necessidade em nada poderão afectar a inflação em 2008, oficialmente e com grande firmeza cada vez mais colada/presa/acorrentada aos 2,1%...
E ainda poderemos ter o privilégio de assistir à transformação deste bem de primeira necessidade em bem de luxo, sendo-nos dada a faculdade de comprar “papos-secos” Armani, Versace, Moscchino, Yves Saint Laurent...A escolha é livre!
Que felizes somos!

8 comentários:

jotaC disse...

Interrogo-me, sempre que passo em bons terrenos agrícolas, sobre o motivo do abandono dessas terras; E, por mais de uma vez, questionei os próprios, e a resposta é invariavelmente a mesma: sabe, isto aqui há uns anos atrás dava, hoje já não dá nada!. Além disso, já estou velho…e os mais novos não querem saber…
Vem isto a propósito do post da autoria V. Exa.
É minha convicção que, acresce aos factores que enumera sobre a escassez dos cereais destinados ao pão, o abandono generalizado da nossa agricultura. Em breve, estou em crer, teremos todas as terras agrícolas, cobertas de mato.
Os motivos que originam este abandono são muitos; e alguns até concordo com eles, outros nem tanto…
Quando eu estudava, havia no corredor da escola uma inscrição que rezava assim:

“O trabalho dignifica o homem”.

Há dias, fui a uma escola e vi dois cartazes com as imagens e inscrições seguintes:
Num deles, aparece um indivíduo a trabalhar de pedreiro, e logo por baixo a frase:- Este é o Manel que não completou 12º ano;
No outro, uma mulher passa a ferro, e também logo por baixo, a frase: -Esta é a Balbina que não completou o 12º ano.
Bom…eu devo ser burro com certeza, porque não consigo entender a mensagem!. Quero dizer, a minha dúvida é a seguinte:
-Então, se os manéis e as balbinas deste país completarem todos o 12º ano, é garantido que não trabalhem como pedreiros e engomadeiras, certo? E, então, no pressuposto de que todos completam o 12º ano, não haverá pedreiros nem engomadeiras!
Há! Então o objectivo é os jovens completarem o 12º ano para não fazerem népias, certo?
Sendo assim, não há que “carpir”sobre o preço do pão…

Bartolomeu disse...

Se o papo-seco é de marca, não constitui motivo de preocupação, desde que isso não lhe inflaccione o preço.
Aquilo que é preocupante, caro Dr. Tavares Moreira, é perante tal cenário, o Sr. Ministro da Agricultura, não se mostrar inventivo, progressita e guardando os pergaminhos no armário, reunir com associações de produtores e pensar em conjunto formas de aumentar a produção de cereal.
Isséquera de valor.
Normas rígidas de exigência e de apoio, sem serem moralizantes ou promíscuas, mas capazes de premiar aqueles que, antes de começarem a receber subsídios gulosos para não produzir, foram o celeiro deste país.
Sinceramente, caro Dr. Tavares Moreira, o nosso país não necessita mínimamente de importar cereal e de se sujeitar aos preços impostos pelas bolsas estranjeiras. O nosso país precisa de uma política estreita de regulamentação de preços, e de concessão de subsídios.
No seu post, o caro Dr. refere-se ao aumento do preço do pão, que se considera bem de primeira necessidade, mas temos de não esquecer que, associados à farinha como matéria prima, existem mais uma quantidade imensa de outros bens alimentares, na sua maioria de grande importância, apesar de não se considerarem de primeira necessidade e que por tabela irão ssofrer do mesmo aumento.

Anónimo disse...

Caro Dr. Tavares Moreira, nesta terra de opereta em que vivemos tudo tem solução! Já tinhamos a inflacção por decreto. Mais recentemente passámos a ter o crescimento económico por decreto. Admirar-se-ia muito se passassemos a ter... o preço do pão por decreto?

Tudo isto me soa cada vez pior...

David R. Oliveira disse...

O valor a que a inflação possa subir por via do encarecimento do pão...de todos os bens essenciais, por via do encarecimento dos combustíveis...a mim não me afecta.Pelo contrário desinflaciona-me a carteira! espanto?! Porquê? deixo de comer pão, já ando a pé e o carro está a apodrecer à porta de casa. Como o outro que queria lugar a casa sem cozinha. Cozinha para quê? Não fazia menção de comer pois não gannhava para isso.
Bem haja!
David Oliveira

Tonibler disse...

Caro Tavares Moreira,

Este é mais um post em que não compreende a enorme sofisticação da economia portuguesa. Os 2,1% estão a contar com a substituição do papo-seco pelo brioche como produto de primeira necessidade, formula já usada por Maria Antonieta com o sucesso que todos conhecemos.

jotaC disse...

Desconhecia que houvesse alguma coisa sobre o brioche da Maria Antonieta mas vou já saber , caro tonibler...

Bartolomeu disse...

ahahahah!!!
Bem lembrado caro Tonibler, só que essa Maria Antonieta, perdeu a cabeça por ter querido substituir o pãozinho pelos brioches... outros tempos, outras vontades.
Hoje a guilhotina caíu em desuso, apesar de muitas vezes se verificar a sua falta, não própriamente neste caso, pela minha parte, troco de boa vontade...
;)))

André Tavares Moreira disse...

Antes de mias quer deixar uma pergunta. Qual é a elasticidade do preço do pão???

Contrapondo a informação e plausíveis declarações do ministro Jaime Silva, na qual afirmava que o preço do trigo (em dólar)subiu no mercado de futuro, no entanto, ao mesmo tempo o euro atingia valores recordes face ao dólar. Falta-me então perguntar, até que ponto a indústria não anda pura e simplesmente a fazer papel de coitadinha. Aproveito também para recordar, que oão portugues, segundo a OMS, é o pão com mais sal o que torna o produto mais barato.

Um rodopio de contradições. Fico À espera da idónea versão do $r perante estes factos!