O dia a dia enche-nos com um tipo de informação muito própria. As pessoas contam-nos os seus problemas e procuram resolvê-los solicitando ajuda e orientação. Nunca na minha vida fui tão procurado para as ajudar, não em termos de saúde, que mantém a sua constância habitual, mas para arranjar um emprego ou uma colocação para os filhos. É medonho o desespero que emanam daquelas almas que se confrontam com a impossibilidade dos jovens conseguirem ter acesso ao mercado do trabalho e a uma estabilidade minimamente decente. Muitos, mas mesmo muitos, fizeram esforços gigantescos para propiciar aos filhos cursos que lhes garantissem uma vida melhor e, agora, vêem-se defraudados. Progenitores e filhos chegam a questionar se valeu a pena tirar um curso. A par desta situação muitas outras se levantam como o abandono do interior, a falta de recursos de vária ordem, em que a fome começa a imperar, contrastando com a obscenidade dos incentivos e regalias financeiras que alguns sobredotados ou “divinamente premiados” auferem neste pobre país. Sente-se uma tristeza profunda, um vazio colectivo, um quadro social de depressão a que se associa um sentimento comum de revolta que já não se esconde. Obviamente que os comentadores e fazedores de opinião da capital, vivendo num mundo à parte, não valorizam como preocupante, na medida em que confundem a sua realidade metropolitana, bem condimentada a todos os níveis, com o resto do miserável país. Mas olhem que não! E não fiquem de boca aberta de espanto pelas eventuais declarações rotuladas de “estapafúrdias”, por parte de alguns analistas, quando antevêem convulsões sociais. As brasas já estão quentes e é apenas uma questão de tempo para que se transformarem em chamas, a não ser que os descontentes abandonem o país. Alguns já começaram a sair, mas os que ficarem não poderão aguentar tamanhas desigualdades que crescem de ano para ano.
É chocante não poder evitar as lágrimas de dor e de incerteza de tantas pessoas que nos procuram. Sem esperança, sem futuro, não para elas, mas para os seus, o que dói ainda mais...
É chocante não poder evitar as lágrimas de dor e de incerteza de tantas pessoas que nos procuram. Sem esperança, sem futuro, não para elas, mas para os seus, o que dói ainda mais...
1 comentário:
Caro Professor Massano Cardoso:
Infelizmente, esta realidade pungente, está a assolar o País inteiro.
Não se vislumbra no horizonte próximo a mudança que se impõe; por isso, aos jovens, só lhes resta emigrar, (tal como a geração dos anos 60).
Se assim não for, costumo dizer que a "revolta" vai-se dar quando os pais dos jovens esgotarem a capacidade (financeira) para suportarem os filhos em casa, sem nada fazerem.
Depois, tudo isto é confuso, senão vejamos:
-Dizem alguns "sábios" deste país, que o atraso de Portugal tem a ver com a baixa literacia e o número diminuto de licenciados. Então, assim sendo, qual o motivo de "dispensarem" do desenvolvimento do País milhares de licenciados!?
Por tudo isto, parece-me que há muito pseudo "sábio" que fala daquilo que não sabe, ou então, somos um país vítima duma cambada de palermas...
Enviar um comentário