Se não chove é porque não chove! E a chuva faz tanta falta! O que será de nós sem chuva?
Se chove é porque teria sido melhor que não chovesse! Para quê tanta água? Alguém que nos acuda!
Pois é, há alguma coisa melhor para descrever quem somos? As queixas são sempre as mesmas, o mesmo horror, os mesmos protestos inflamados, as mesmas lamúrias, os mesmos problemas, as mesmas fatalidades, as mesmas angústias, os mesmos prejuízos, o mesmo inferno… Depois vem a mesma inércia, o pior já passou, para a próxima logo se vê, cá estaremos porque não há-de ser nada…
Bastou uma noite de chuva intensa para o País ficar em estado de sítio. Rios imensos de água atravessando as cidades e arrastando tudo à sua frente, inundações por todos os lados, ruas intransitáveis e cortadas, habitações e comércio danificados, deslizamento de terras, derrubamento de árvores, quedas de cabos e linhas eléctricas, bens perdidos, sirenes num rodopio imparável, milhares de pedidos de socorro, bombeiros sem mãos a medir. Mas o mais importante e intolerável é a perda de vidas humanas.
E as culpas de quem é a culpa desta desgraça não tardaram. A culpa é do governo, não a culpa é das autarquias, não a culpa é da protecção civil, não a culpa é das pessoas e de mais outras entidades se existissem. A culpa é da falta de ordenamento do território, não a culpa é da falta de conservação e manutenção das infra-estruturas, não a culpa é da falta de limpeza das sarjetas, não a culpa é mesmo da chuva. Um jogo inacreditável. Enfim, o que já vem sendo habitual.
Se chove é porque teria sido melhor que não chovesse! Para quê tanta água? Alguém que nos acuda!
Pois é, há alguma coisa melhor para descrever quem somos? As queixas são sempre as mesmas, o mesmo horror, os mesmos protestos inflamados, as mesmas lamúrias, os mesmos problemas, as mesmas fatalidades, as mesmas angústias, os mesmos prejuízos, o mesmo inferno… Depois vem a mesma inércia, o pior já passou, para a próxima logo se vê, cá estaremos porque não há-de ser nada…
Bastou uma noite de chuva intensa para o País ficar em estado de sítio. Rios imensos de água atravessando as cidades e arrastando tudo à sua frente, inundações por todos os lados, ruas intransitáveis e cortadas, habitações e comércio danificados, deslizamento de terras, derrubamento de árvores, quedas de cabos e linhas eléctricas, bens perdidos, sirenes num rodopio imparável, milhares de pedidos de socorro, bombeiros sem mãos a medir. Mas o mais importante e intolerável é a perda de vidas humanas.
E as culpas de quem é a culpa desta desgraça não tardaram. A culpa é do governo, não a culpa é das autarquias, não a culpa é da protecção civil, não a culpa é das pessoas e de mais outras entidades se existissem. A culpa é da falta de ordenamento do território, não a culpa é da falta de conservação e manutenção das infra-estruturas, não a culpa é da falta de limpeza das sarjetas, não a culpa é mesmo da chuva. Um jogo inacreditável. Enfim, o que já vem sendo habitual.
É o País em ruptura, a meter água! O que nos aconteceria se a chuva viesse intensamente por uma semana?
Que as cidades têm maus e inadequados escoamentos de água, situação que já vem de longe, já todos sabemos! São erros do passado mas que podem e devem ser corrigidos. Pelos vistos ninguém se entende. E se assim continuarmos, não nos continuemos a queixar! Certo mesmo é que as populações é que sofrem, é o País que se vai destruindo...
Que as cidades têm maus e inadequados escoamentos de água, situação que já vem de longe, já todos sabemos! São erros do passado mas que podem e devem ser corrigidos. Pelos vistos ninguém se entende. E se assim continuarmos, não nos continuemos a queixar! Certo mesmo é que as populações é que sofrem, é o País que se vai destruindo...
Último minuto: acabei de ouvir alguém dizer que a culpa é da falta de estudos. Imagine-se!
8 comentários:
Pois eu acho que a culpa (ai esta necessidade compulsiva de encontrar culpados!) é precisamente dos ESTUDOS A MAIS. São tantos e tão bons que o destino de parte deles é a sarjeta. Não admira que entupam!
O que eu questiono é onde estava hoje presidente António Costa?
Não o vi em jornal algum a dar conforto às pessoas afectadas, ou a dar uma palavra de estímulo aos que, por toda a cidade de Lisboa, trabalhavam para minorar os estragos.
Vejam o exemplo de Isaltino Morais, pode ter muitos defeitos mas nestes momentos não abandona os seus conterrâneos.
E onde está a oposição que não vem a terreno apontar as falhas existentes?
Eu sei que criticar é fácil mas esta história já foi contada tantas vezes.... Será que nunca teremos um final diferente.
Eu por volta das quatro da manhã estava acordado e lembrei-me logo das limpezas na cidade e esperava que estivessem feitas. Isto era eu a pensar.... e os responsáveis da cidade? Não têm capacidade para antecipar estes problemas e ter uma atitude preventiva?
Cara Margarida
O seu texto é muito engraçado, mas ao mesmo tempo, lembra a incapacidade e a impotência de todos nós em remarmos contra a maré, que é como quem diz, contra a fatalidade que tudo explica neste país. Quer se queira quer não,somos um povo de anões em bicos de pé, como dizia um reporter de guerra polaco que ainda conheci e de chorões, sempre à espera de protecção e de fraternidade, sobretudo por parte do estado, pois pode ser que seja de borla.
Também eu,no meio da barafunda, pensei que o sr. costa, ilutre presidente da autorquia lisboeta, estivesse na refrega contra o temporal ; enganei-me, ninguém o viu ; devia estar a vociferar contra o jornal público, a quem como é perfeitamente razoável, atribui certamente, a culpa de toda esta borrasca. Mais uma entidade a juntar, cara Margarida, à sua lista de potenciais culpados.
Os relógios são water resistant e water proof. Os primeiros resistem à água, os segundos são à prova de água. Portugal é claramente water resistant, resite à água mas não peçam para que funcione.
«Nature always finds its way», é uma citação do 1º filme do "Jurassic Park". Algo, que os donos dos 200 carros que estavam (e ainda devem estar, visto que os bombeiros ainda lá estavam hoje de manhã), estacionados na garagem daquele condomínio topo de gama ali em Alcântara - e que ficaram debaixo de água - devem estar a pensar.
Fosse nos EUA e este seria um processo que lhes renderia milhões de dólares em indemnizações.
Caro meretissimo
Pois seja muito bem-vindo, ainda que no meio do "dilúvio"!
Não há dúvida que os portugueses têm uma grande capacidade de inércia e também de sofrimento. Só as duas em conjunto podem explicar porque é que os anos passam e os problemas não se resolvem. Pelo contrário, avolumam-se!
Caro antoniodasiscas
Não fosse o problema muito sério e até tinha muita graça. Mas é sempre possível contar a tragédia com alguma ironia.
Já juntei à lista dos potenciais culpados o presidente António Costa. Onde é que eu tinha a cabeça? Desta vez os lisboetas não puderam contar com a sua disponibilidade nas televisões. Desta vez ficou no gabinete, não fosse uma qualquer enxurrada fazer-lhe mal...
Caro Tonibler
Somos muito mais do que um water resistente. Resistimos a tudo e mais alguma coisa. Somos mesmo à "prova de bala"! Não sei para quê? Não sei o que ganhamos com isso?
Caro Anthrax
Bela imagem! E miragem também!
Em Portugal a culpa "pública" costuma morrer solteira. E é o que mais uma vez vai acontecer. Ninguém tem culpa de nada ou todos têm culpa de tudo. Não se apuram nem se pedem responsabilidades, não se retiram as devidas lições, toda a gente ralha e ninguém tem razão.
Cara Margarida,
"Tá" a ver porque é que eu leio - de fio a pavio - tudo o que assino? :)
Porque em algum momento, de alguma maneira, alguém vai incumprir o acordo e quando isso acontece, eu estou na linha da frente a querer alguma coisa... só é pena que, realmente, não estejamos nos EUA, já teria ganho bom dinheiro se estivessemos... pensando bem, até poderia fazer disto uma profissão.
De resto, em Portugal a culpa só morre solteira porque deixam que isso aconteça. Se as vítimas dessem com um taco de baseball na testa do tipo que lhes vendeu a casa e fossem, por ali acima, até ao palhaço que autorizou a construção, as coisas resolviam-se de uma maneira muito mais eficaz.
É assim, pessoalmente, prefiro o modelo das indemnizações. Mas, se tiver de ser na base da paulada então que siga a marinha, é preciso é que se resolva independentemente do meio utilizado.
Caro Anthrax
Mas é claro que a culpa morre solteira porque deixamos. Ou melhor porque queremos. A responsabilidade é toda nossa!
Já reparou que passamos a vida a decidir e a fazer ou a fingir que fazemos inquéritos e investigações para apuramento de causas e de responsabilidades e que a torto e a direito constituímos comissões para esclarecer tudo e mais alguma coisa e que nunca sabemos os resultados? Que nunca sabemos que responsabilidades foram apuradas, que nunca sabemos que medidas correctivas foram tomadas, que nunca nos prestam contas?
Como somos um povo de brandos costumes ficamos a assistir porque nem à paulada mudamos este comportamento de "calimero".
Ainda estamos para ver se a lei da responsabilidade extra contratual do Estado vai realmente funcionar.
Enviar um comentário