1.Embora a enorme distância do “teatro de operações”, vou-me apercebendo de que vai uma certa agitação entre hostes social-democratas, que pretenderão aproveitar o Congresso deste fim-de-semana para reafirmar o crescimento e o emprego como grandes objectivos da política governamental...
2.Compreende-se, até certo ponto, a preocupação de muitos dos senhores congressistas com a situação económica e social do País, quando se assiste à contracção da actividade económica pelo segundo ano consecutivo, tendo como resultado mais compungente o aumento do desemprego para níveis que há não mais de 2 ou 3 anos os nossos esclarecidos políticos consideravam absolutamente proibitivos...
3.Muitos milhares de portugueses não-congressistas partilham essa mesma preocupação, pois não esperavam – ingenuamente, é certo – ver o País chegar a esta fase de declínio dos padrões de vida de tantas centenas de milhares de cidadãos...
4.Creio, todavia, que os “planos” dos senhores congressistas se não limitam a uma expressão de preocupação, pretendendo ir mais longe e apresentar ao País um “modelo” económico de crescimento e de criação de emprego que está aí à nossa espera, “ao virar da esquina”...
5.Pretendendo também apresentar esse modelo como contraponto da política económica que o Governo tem vindo a aplicar - por manifesta falta de alternativa e por necessidade imperativa de sobrevivência financeira do País – deixando no ar a ideia de que a política actual estará em fim de ciclo e que as agulhas irão rapidamente ser mudadas para tomarmos uma via de crescimento...
6.A ideia a passar ao País seria pois a de que os sacrifícios estão feitos, o trabalho de ajustamento está cumprido, vamos então entrar numa nova fase em que o Governo terá de assumir o crescimento e o emprego como prioridades da sua acção política...
7.Esta mensagem, cuja beleza exterior ninguém contestará, estará todavia envolta num manto de riscos muito elevados: nada garante, bem pelo contrário, que o Governo, qq que ele seja, possa nos próximos 12/18 meses pelo menos, assumir o crescimento e o emprego como grandes objectivos das medidas de política a implementar...
8.Isto pela razão simples de que o PAEF está para durar até 2013, há ainda muitas medidas de aperto orçamental a aplicar – em 2013 concretamente - a actividade económica mesmo que não se reduza novamente em 2013 não permitirá criar empregos, o desemprego poderá bem romper a barreira dos 15% a curto prazo e, neste quadro, proclamar o crescimento e o emprego como grandes objectivos para "depois de amanhã" seria qq coisa que soaria a falso e suscitaria, justificadamente, as mais negativas reacções...
9.Se acontecer o cenário que descrevi, poderemos então vir a assistir a um Congresso em que a oralidade prevaleça sobre a realidade e o realismo, lançando para o País uma mensagem destinada a ser desmentida pelos factos a breve trecho...
10.Espero bem que os responsáveis governamentais presentes, a começar no PM, estejam aequadamente munidos de baldes de água fria para travar essa esperada vaga oral de crescimento e emprego, fazendo ver aos congressistas o quadro de austeridade com que nos debatemos e ainda teremos de nos debater mais algum tempo...
2.Compreende-se, até certo ponto, a preocupação de muitos dos senhores congressistas com a situação económica e social do País, quando se assiste à contracção da actividade económica pelo segundo ano consecutivo, tendo como resultado mais compungente o aumento do desemprego para níveis que há não mais de 2 ou 3 anos os nossos esclarecidos políticos consideravam absolutamente proibitivos...
3.Muitos milhares de portugueses não-congressistas partilham essa mesma preocupação, pois não esperavam – ingenuamente, é certo – ver o País chegar a esta fase de declínio dos padrões de vida de tantas centenas de milhares de cidadãos...
4.Creio, todavia, que os “planos” dos senhores congressistas se não limitam a uma expressão de preocupação, pretendendo ir mais longe e apresentar ao País um “modelo” económico de crescimento e de criação de emprego que está aí à nossa espera, “ao virar da esquina”...
5.Pretendendo também apresentar esse modelo como contraponto da política económica que o Governo tem vindo a aplicar - por manifesta falta de alternativa e por necessidade imperativa de sobrevivência financeira do País – deixando no ar a ideia de que a política actual estará em fim de ciclo e que as agulhas irão rapidamente ser mudadas para tomarmos uma via de crescimento...
6.A ideia a passar ao País seria pois a de que os sacrifícios estão feitos, o trabalho de ajustamento está cumprido, vamos então entrar numa nova fase em que o Governo terá de assumir o crescimento e o emprego como prioridades da sua acção política...
7.Esta mensagem, cuja beleza exterior ninguém contestará, estará todavia envolta num manto de riscos muito elevados: nada garante, bem pelo contrário, que o Governo, qq que ele seja, possa nos próximos 12/18 meses pelo menos, assumir o crescimento e o emprego como grandes objectivos das medidas de política a implementar...
8.Isto pela razão simples de que o PAEF está para durar até 2013, há ainda muitas medidas de aperto orçamental a aplicar – em 2013 concretamente - a actividade económica mesmo que não se reduza novamente em 2013 não permitirá criar empregos, o desemprego poderá bem romper a barreira dos 15% a curto prazo e, neste quadro, proclamar o crescimento e o emprego como grandes objectivos para "depois de amanhã" seria qq coisa que soaria a falso e suscitaria, justificadamente, as mais negativas reacções...
9.Se acontecer o cenário que descrevi, poderemos então vir a assistir a um Congresso em que a oralidade prevaleça sobre a realidade e o realismo, lançando para o País uma mensagem destinada a ser desmentida pelos factos a breve trecho...
10.Espero bem que os responsáveis governamentais presentes, a começar no PM, estejam aequadamente munidos de baldes de água fria para travar essa esperada vaga oral de crescimento e emprego, fazendo ver aos congressistas o quadro de austeridade com que nos debatemos e ainda teremos de nos debater mais algum tempo...
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