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quinta-feira, 21 de abril de 2005

O Papa II- A insustentável ligeireza da imprensa

O Cardeal Ratzinger é licenciado em filosofia e doutorado em teologia.
Foi Professor das Universidades de Bona, de Munster e de Tubingen.
É um intelectual considerado.
Ao serviço da Igreja Católica, concorde-se ou não com as suas posições, tem um curriculum brilhante.
Pois num comentário de um jornalista de uma estação de televisão, a sua eleição deve-se, tão só e tão simplesmente, a ser um homem do aparelho.
Um outro comentarista num jornal diário foi na mesma linha.
Á falta de criatividade e, possivelmente, de ideias, o comentarista escreveu que a eleição foi “…aquilo que, em jargão político, se chama a vitória do aparelho”.
E o mais interessante do comentário é que, depois de enumerar todos os malefícios, face aos costumes e à ciência, na sua opinião, praticados pelo Cardeal Ratzinger, conclui que a sua eleição foi o resultado de uma não escolha.
Repare-se no paradoxo.
Se o jornalista considerava Ratzinger tão afirmativo nas suas opções doutrinárias, então tratou-se de uma verdadeira escolha, boa ou má, mas uma escolha dos Cardeais, que pretenderam seguir determinado caminho; ser a eleição uma não escolha, na mesma linha de raciocínio, apenas poderia ter como justificação posições hesitantes ou não posições do Cardeal sobre os temas intemporais e da actualidade.
Em que ficamos?
Este é, aliás, um mero exemplo do que acontece diariamente na comunicação social: no mesmo artigo e por vezes, na mesma linha, afirma-se o zero e o um, o sim e o não, com a maior das facilidades.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sem desmerecer do valor dos posts dos meus companheiros de blog, o meu aplauso para ´arroz doce´ pelo excelente comentário que aqui deixou. E sobretudo pela honestidade de reconhecer que as propostas - correctas - que apresenta são, afinal, uma utopia. Por muitas outras, mas também por esta razão: no dia em que se dê lugar à verdade e ao rigor lá se vai o negócio da maioria dos órgãos de comunicação social.
A questão, porém, não se coloca somente no plano da falta de ética, de conhecimento, de seriedade e de respeito pelo próximo, de isenção ou mesmo da venalidade (de alguns) dos profissionais dos media. Coloca-se igualmente do lado do consumidor da notícia. Enquanto se vender bem a mais acabada expressão da ignorância, a inverdade, a ignomínia, o insulto e a calúnia impunes, não tenhamos qualquer dúvida que a comunicação social será o que é hoje.
Sendo até certo não falta quem, fora das redacções, se aproveite para alimentar jornais, TV´s e rádios com aquilo que sabem ser mentira ou a meia verdade, o facto deturpado em proveito próprio através da manipulação desta recorrente vontade de dizer ou escrever de quanto pior, melhor. Ou quem na política procure sempre legitimar, em nome da liberdade de imprensa que justifica todos os abusos, os excessos mediáticos com que diariamente somos agredidos.