Surpreendi-me outro dia a ouvir um amigo falar sobre a diferença entre uma coisa complicada e uma coisa complexa. Vinha isso a propósito da burocracia e das regras rígidas que se multiplicam a propósito dos actos mais simples, levando a que muitas coisas complexas se tornem complicadas e com isso percam a sua capacidade de se ajustar à medida das necessidades.
Uma coisa complexa tem um conjunto de interacções, de cuja harmonia depende o seu regular funcionamento e, portanto, o cumprimento da sua missão. Já uma coisa complicada obedece a uma multiplicidade de regras que têm que ser minuciosamente cumpridas para que todo o mecanismo funcione na perfeição. Ditar leis para uma realidade complicada torna-a ainda mais difícil de gerir mas é desperdício, porque só vão ser utilizadas as regras necessárias para o mecanismo funcionar. Já os complexos, limitados por leis que lhe tolhem as interacções, perdem agilidade, reduzem a sua eficácia, e acabam complicados e inúteis. Bloqueiam, em resumo.
Uma coisa complexa tem um conjunto de interacções, de cuja harmonia depende o seu regular funcionamento e, portanto, o cumprimento da sua missão. Já uma coisa complicada obedece a uma multiplicidade de regras que têm que ser minuciosamente cumpridas para que todo o mecanismo funcione na perfeição. Ditar leis para uma realidade complicada torna-a ainda mais difícil de gerir mas é desperdício, porque só vão ser utilizadas as regras necessárias para o mecanismo funcionar. Já os complexos, limitados por leis que lhe tolhem as interacções, perdem agilidade, reduzem a sua eficácia, e acabam complicados e inúteis. Bloqueiam, em resumo.
Por isso se, por exemplo, tratarmos uma organização de pessoas como se ela fosse um relógio, ficamos sem horas e sem pessoas, ficam como ponteiros a girar que nem doidos sem saber a quantas andam. Se montarmos uma roldana sem medir a corda nem ajustar as engrenagens, deixando que elas procurem livremente a tensão e os pontos de apoio, o mais certo é não conseguirmos tirar a água do poço...
É engraçado ver as consequências de confundir o significado das palavras.
7 comentários:
Cara Suzana,
Muito interessante esta sua reflexão. Mas eu diria que na natureza nem existem coisas simples, apenas existem coisas complexas.
A natureza não nos oferece coisas complicadas, estas são criadas por nós quando agimos considerando que se trata de coisas simples e, como diz, ditamos leis, ao invés de procurarmos, antes de tudo, entender as leis que regem essa realidade complexa.
Só conhecidas essas leis estaremos em condições de decompor essa realidade complexa em partes mais simples, e, conhecidas as suas inter-relações, actuar sobre estas.
Isto é, a simplicidade e a complicação são obras nossas, e o resultado ser um ou outroapenas depende da arte.
Cara Drª. Suzana Toscano.
Este post tem tanto de difícil como de “apetitoso” para comentar.
Com efeito tenho como assumido que uma coisa “complexa” é algo de difícil, algo que existe mercê de conhecimentos técnico-científicos, e que tem uma razão de ser;
Pelo contrário, uma coisa “complicada”, é algo incompreensível, algo que começa com uma lógica errada, algo que é produto de mentes tacanhas e não tem razão de ser.
Agora que suponho ter esclarecido os valores que atribuo a “coisa complexa” e a “coisa complicada”, e pese embora que o relógio é, sob o meu ponto de vista, uma coisa complexa, não me atrevo a dizer também, que uma organização de pessoas pode ser tratada como um relógio. Se tal fosse possível significava que, uma organização de pessoas, se tinha transformado numa organização “robotizada” e complicada.
Ensinaram-me já há muitos anos que numa organização estão em primeiro lugar, sempre as pessoas e só depois vêm as coisas. Hoje infelizmente, o pensamento é precisamente ao contrário: primeiro as coisas e depois as pessoas.
Fiquei complicadamente complexo!
Mas gostei da explicacao.
Uma coisa complexa, por exemplo, é o Sistema vigente em Portugal, onde todo o tipo de Corrupção está, pleonasticamente, enredado na Rede.
Um sistema simples era deixar aos palcos da Comunicação Social, durante uma semana, meia dúzia de pessoas que denunciassem os pormenores da coisa toda.
P.S. - Este "post-scriptum" é para o David Justino, que parece que vai querer usar o Aníbal como arma de arremesso contra a Lurdes, da Educação: diga-lhe, da minha parte, que os "mestrandos", os tais, que tinham de estudos o 9º ano mais um semestre de "verniz" já são todos... Titulares.
Uma curte, como diriam os obsecenos Gatos Fedorentos.
Suzana
E para complicar ou simplificar, não sei, a sua abordagem aos significados do complexo e do complicado, aqui vai esta pequena achega.
Uma coisa complexa pode ser simples. Embora complexa ela obedece a um conhecimento e a um entendimento que "descodificados" permitem que a coisa se apresente simples. Um automóvel é (por dentro) uma máquina complexa para o comum dos mortais mas é, simultaneamente, (por fora) uma máquina simples. É tão simples que até pode ser conduzida por uma criança!
Caro invisivel
Bom ponto o seu sobre as organizações. As organizações são entidades complexas porque são constituídas por pessoas. A sua razão de existir são as pessoas, que já de si são entes complexos. É por isso, que nas organizações é vital a gestão das pessoas, especialmente o saber lidar e liderar as suas motivações, as suas expectativas, os seus talentos, as suas ambições, as suas preocupações, etc.
Mas as organizações não têm que ser lugares complicados. As organizações complicadas estão a prazo, embora muitas vezes não pareça, votadas ao fracasso.
As organizações bem sucedidas são aquelas em que normalmente as pessoas gostam de trabalhar e de estar!
Ó Dra. Suzana! De repente, dei comigo a correr, aqui pelas "casinhas" deste "burgo", a tentar descobrir onde é que a menina estava escondida. Procurei debaixo das mesas e dentro dos armários, e nada! Foi uma tristeza.
Não tem graça nenhuma confundir o significado das palavras que, por norma, conduzem a uma série de mal-entendidos. Por outro lado, também não é sempre fácil encontrar as palavras certas para caracterizar determinadas situações e às vezes ficamo-nos pela aproximação, mesmo conscientes que não tendo optado pela abordagem certa, pelo menos optámos por aquela que nos pareceu mais correcta naquela altura.
Caros comentadores, como vêem, a coisa não é assim tão simples, talvez por isso mesmo a distinção seja importante para não complicarmos o que é, já de si, complexo ou para orientar o nosso esforço para tornar simples o que é só complicado mas não tem complexidade nenhuma... Também podia ser um trava-língua, às vezes o resultado final é o que parece!
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