Claro que o 4R está atento a todos os grandes acontecimentos nacionais. Pelo que não podia ficar sem menção essa portentosa cena de teatro vivo de rua encenada pelo Deputado Ricardo Rodrigues, ao surripiar os gravadores dos jornalistas que o entrevistavam. Claro que as perguntas fariam perder a paciência a qualquer monge cartuxo, quanto mais a um ardente e fogoso açoreano.
Acho até que os gravadores tiveram toda a sorte do mundo, aconchegados que foram no fofo bolso de Deputado. Já os vi pisados e esfrangalhados em manifestações desportivas de perigosos hooligans.
E temos que convir que o gesto do Deputado foi perfeitamente pacífico: não utilizou como arma de arremeso tão valiosos instrumentos de trabalho.
No fim, tanto barulho para nada: os jornalistas não foram atingidos, a reportagem publicou-se e os gravadores estão presumivelmente intactos.
E numa conferência de imprensa, cautelarmente, penso eu, sem gravadores, o nosso Deputado justificou-se, dizendo que, psicologicamente pressionado, exerceu acção directa e tomou posse de dois equipamentos de gravação digital.
Trazendo assim um valor acrescentado de grande alcance para a língua portuguesa. A partir de agora, um bom profissional não desvia, não furta ou, mesmo, surripia; um bom profissional exerce acção directa e toma posse da coisa.
Ora aí está um acontecimento em que todos ganharam e ninguém perdeu. Circo de qualidade e à borla é uma necessidade nos tempos que correm.
9 comentários:
E assim sendo... estamos a caminho de uma era de grande progresso...
Vou já exercer uma acção directa e tomar posse de alguns bens do excelente deputado :)
Eu diria que os políticos portugueses não poderiam descer mais, mas recordo-me que pensei o mesmo do Menezes...
ACÇÃO DIRECTA, PS7, NÓ CEGO E HAT- TRICK: E AINDA HÁ QUEM NOS QUEIRA TIRAR DA CAMINHA!
Acordei hoje com uma enorme vontade de exercer acção directa. Acção directa nos passos perdidos da Assembleia, essa casa lacustre onde se afundam os meus trocados, acção directa em S.Bento que nos exaspera com tanta inconsistência, mentira e irresponsabilidade, acção directa naquele vergonhoso funcionário público que mais papista que o Papa, é capaz de estar na primeira fila a receber a hóstia do Papa, enquanto invectiva Bento e o chamava no estádio de filho d... Deus, pois claro!
Entretanto, como bom Português, que Açoriano é outra coisa, virei-me na cama para não perder o resto do sonho como bom PS7 e - toma lá - encaixa mais este hat-trick derivado de um fabuloso e portentoso nó cego.
Boa tarde!
Perante a enorme insensatez e "irreflexão", assistimos ao desvario dos senhores que nos (des)governam! Em breves teremos caído do precipício. Apelo daqui ao nosso Presidente da República para que perca a confiança na actual minoria e, consequentemente, dissolva o parlamento. Todos os portugueses de recta intenção o apaludiriam de pé! É preferível isso à continuação do status quo. Os custos de eleições antecipadas são bem menores do que os prejuízos resultantes da situação por que está a passar a Grécia. Ainda estaríamos a tempo.
Creio que o senhor que se apropriou dos equipamentos dos jornalistas se enganou na figura. Não terá sido rigorosamente acção directa, mas eventualmente estado de necessidade ;)
Mais a sério, julgo dever merecer reflexão a atitude dos jornalistas. Confesso que não sei como eu próprio reagiria se fosse alvo de uma "entrevista" daquelas. Ontem alguém opinava que reagiria como o Almirante Pinheiro de Azevedo o fez, um dia em que procuraram encurralá-lo, mandando quem o interpelava para o sítio adequado. Seria, para mim, uma saída. Pelo menos não poderia dizer dela que foi irreflectida...
Caro Ferreira de Almeida:
O meu texto foi escrito com alguma ironia sobre o comportamento do nosso Deputado e também dos jornalistas, tendo referido o seguinte: "claro que as perguntas fariam perder a paciência a qualquer monge cartuxo, quanto mais a um ardente e fogoso açoreano".
Julgo que as relações entre imprensa e políticos se deveriam pautar por regras muito diferentes das actuais, em que subsiste uma lógica de traficância de interesses e por vezes mesmo subserviência dos políticos perante os media, que acabam por levar a prepotência na formulação das questões e afloramentos como o presente.
Não posso estar mais de acordo com o que anota, Pinho Cardão. Esse tráfico está já a sair caro à democracia.
Uma cena digna de um conto de Eça de Queirós, que leríamos com uma risada de admiração perante a delirante imaginação do autor para abusar do sarcasmo...
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