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sexta-feira, 28 de maio de 2010

“Afinal, o que fez Craig Venter?”.

Afinal, o que fez Craig Venter?”. Trata-se do título de um artigo publicado hoje no Público. Os autores fazem uma excelente descrição técnica e científica da descoberta de Craig e das suas implicações e, até, eventualmente, de alguns riscos. Excelente. O que me confundiu um pouco foi o último parágrafo. Começam por dizer que este autor “não descobriu o conceito de biologia sintética”. Pois não, descobriu a vida sintética. “Não fabricou uma célula artificial”. Pois não, fabricou uma célula sintética. “Não criou vida”. Pois não, imitou a sua criação. “Não se entreteve com a estafada tarefa de playing God”. Pois não, nem vejo interesse. “Disse, de facto, algumas coisas menos exatas, meteu-se por caminhos que não trilha habitualmente, mas isso tem pouca importância. Pois não precisamos de um Craig Venter mau filósofo quando temos um Craig Venter excelente cientista”. Pois é! Foi pena não terem dito quais as “coisas menos exatas”. Foi pena não terem explicado quais os caminhos que ele “não trilha” e foi pena não terem explicado o que é um “mau filósofo”. Pois! Que o senhor é um excelente cientista ninguém deverá ter dúvidas.
Face à leitura e análise do texto pergunto: Afinal, o que pretenderam os autores? Dizer que é bom cientista? Ou tentaram desvalorizar as consequências “filosóficas” da sua descoberta? Como sou um mau filósofo o melhor seria ouvir os “bons filósofos” da praça.

4 comentários:

Bartolomeu disse...

Eu, não emito qualquer opinião, até que Miguel Sousa Tavares, António José Rodrigues ou Dan Brown, clarifiquem toda a situação, através do seu novo romance.
Até vou sugerir um título, pr'o caso dos autores virem aqui dar uma espreitadelinha: "Sintética, ou não sintética... eis a questão!"

Henry disse...

Caro Professor Massano Cardoso,

Não me atrevo a questionar as qualidades cietíficas ou filosóficas de Craig Venter. Mas se estamos a falar de vida artificial, não creio que o Ilustre senhor tenha inventado.

Diz-se artificial, algo que não é natural, que é postiço, fingido ou dissimulado.

Pois então, não está já o mundo carregado de vidas destas?
:-)

Catarina disse...

Interessante! Mais uma vez se comprova como é tão difícil para alguns “entendidos” - no que quer que seja - de valorizar, sem senãos depreciadores, um grande feito ou uma grande descoberta. Não percebo bem o que é que esses depreciadores tentam atingir ou provar.
Talvez não entendam a diferença entre célula artificial e célula sintética! Não é fácil de compreender...

Tonibler disse...

A descoberta / invenção de Craig Venter é tão importante como foi o microscópio de efeito de túnel (Prémio Nobel da Física em 83 ou 84 para a IBM). De facto, o efeito quântico conhecido como efeito de túnel (a probabilidade não nula de se "atravessar paredes") já era conhecido teoricamente há várias décadas e, penso, já se tinha mostrado experimentalmente a possibilidade. Então porque é que o microscópio de efeito de túnel foi importante? Digamos tudo que aquilo que temos à frente para escrever e ler no computador depende dessa invenção e todo o campo hoje conhecido como nanofísica (em que resultaram 9 prémios Nobel) que produz esse disco de 350GB dependeu dessa invenção.

Lembro-me na altura da reacção ter sido semelhante. Ao efeito de túnel ninguém questionava o prémio, mas para a microscópio feito baseado no princípio? Só vejo uma razão, na altura foi porque foi na IBM, hoje na empresa dele... No fundo, este pessoal é igual no mundo inteiro.