O post do Professor Massano Cardoso “Superioridade e Tolerância” e os comentários da nossa Cara Catarina abriram-me o apetite para escrever um pouco mais sobre o caso da professora de Mirandela.
É que sendo a tolerância sinónimo de aceitação de um comportamento contrário a uma regra vigente, não significa que esse comportamento desviante seja assimilado pelos princípios e valores normais, não sendo desejável, muitas das vezes, que tal aconteça. A superioridade destes prevalece, e bem, à luz do que em face das circunstâncias é mais benéfico para a sociedade.
É que sendo a tolerância sinónimo de aceitação de um comportamento contrário a uma regra vigente, não significa que esse comportamento desviante seja assimilado pelos princípios e valores normais, não sendo desejável, muitas das vezes, que tal aconteça. A superioridade destes prevalece, e bem, à luz do que em face das circunstâncias é mais benéfico para a sociedade.
Bruna, a jovem professora que pousou nua para a revista Playboy, foi suspensa das actividades extra-escolares que leccionava numa escola em Mirandela. Foi assim que a Câmara Municipal de Mirandela respondeu às actividades extra extra-escolares da professora, considerando que “Aparecer numa revista sem roupa não é compatível com a função de educadora”, e que “mantê-la no agrupamento seria nocivo para a comunidade escolar”.
A revista esgotou no primeiro dia que chegou às bancas. Diz a população local que toda a gente quis satisfazer a curiosidade e conhecer a bela e sensual professora mais de perto. Não é todos os dias que uma professora decide mostrar os seus dotes corporais. À procura de ser modelo, a jovem professora não encontrou nada melhor do que iniciar as hostes na Playboy.
As televisões cobriram o acontecimento, como não poderia deixar de ser e em prime time como é bom de ver, deslocando a Mirandela repórteres, na perspectiva de obter mais informações sobre o “escândalo” e ouvir o que pensa o povo sobre o comportamento da jovem Bruna.
Lembro-me de ouvir reacções distintas. De um lado, uma jovem estudante explicava que ensinar não é apenas transmitir conhecimentos, mas é também educar e formar. Como tal os professores não podem ser apenas meras correias de transmissão de conhecimentos, mas devem também transmitir princípios e valores que contribuam para a formação moral das crianças e dos jovens. Do outro lado, um homem de Mirandela manifestava que uma coisa não tem nada que ver com a outra. O importante é que um docente seja bom professor, o resto é do foro privado.
Hoje li num jornal, que a FENPROF vai disponibilizar à professora os serviços jurídicos do sindicato, pois considera que o assunto é do foro pessoal. Assim mesmo!
Estas opiniões mostram que há diferenças de pontos de vista sobre o que deve ser a função educadora, sobre o que é a ética e a moral, sobre quais devem ser as fronteiras entre a vida profissional e a vida privada. Se a diversidade de opinião é salutar, não creio que nesta matéria em concreto haja dúvidas sobre o que deve prevalecer. Tolerância sim, mas sem ferir os costumes normais de convivência respeitável em sociedade e sem ferir e chocar o que sendo socialmente aceite e defendidio como um padrão correcto de comportamento não encontrou melhor substituto.
Tolerância com uma jovem de 25 anos deslumbrada com a possibilidade de ser modelo e ganhar bom dinheiro é algo que não me custa a ter, mas não posso deixar de ter presente que tolerar não implica conviver e subordinar o normal padrão de vida a comportamentos desviantes que devem ter o seu próprio local de prática e não devem interferir com as normas vigentes e aceites pela sociedade.
Não sei se está ou não lançada alguma polémica. Julgava eu que a actividade de docência dispunha de um código de ética (ou de legislação específica) no qual fossem estabelecidos os deveres e as obrigações dos professores e boas práticas profissionais, incluindo actos e comportamentos incompatíveis com a sua função educadora. Seria um conjunto de compromissos do qual resultaria a valorização da actividade docente e a melhoria do ambiente escolar, tudo em benefício da comunidade escolar.
Certo é que um professor que se despe fora da escola, não consegue andar vestido dentro dela porque a comunidade escolar é a mesma, dentro e fora. A função educadora tem as suas especificidades próprias, nas quais deve pontuar a respeitabilidade!
A revista esgotou no primeiro dia que chegou às bancas. Diz a população local que toda a gente quis satisfazer a curiosidade e conhecer a bela e sensual professora mais de perto. Não é todos os dias que uma professora decide mostrar os seus dotes corporais. À procura de ser modelo, a jovem professora não encontrou nada melhor do que iniciar as hostes na Playboy.
As televisões cobriram o acontecimento, como não poderia deixar de ser e em prime time como é bom de ver, deslocando a Mirandela repórteres, na perspectiva de obter mais informações sobre o “escândalo” e ouvir o que pensa o povo sobre o comportamento da jovem Bruna.
Lembro-me de ouvir reacções distintas. De um lado, uma jovem estudante explicava que ensinar não é apenas transmitir conhecimentos, mas é também educar e formar. Como tal os professores não podem ser apenas meras correias de transmissão de conhecimentos, mas devem também transmitir princípios e valores que contribuam para a formação moral das crianças e dos jovens. Do outro lado, um homem de Mirandela manifestava que uma coisa não tem nada que ver com a outra. O importante é que um docente seja bom professor, o resto é do foro privado.
Hoje li num jornal, que a FENPROF vai disponibilizar à professora os serviços jurídicos do sindicato, pois considera que o assunto é do foro pessoal. Assim mesmo!
Estas opiniões mostram que há diferenças de pontos de vista sobre o que deve ser a função educadora, sobre o que é a ética e a moral, sobre quais devem ser as fronteiras entre a vida profissional e a vida privada. Se a diversidade de opinião é salutar, não creio que nesta matéria em concreto haja dúvidas sobre o que deve prevalecer. Tolerância sim, mas sem ferir os costumes normais de convivência respeitável em sociedade e sem ferir e chocar o que sendo socialmente aceite e defendidio como um padrão correcto de comportamento não encontrou melhor substituto.
Tolerância com uma jovem de 25 anos deslumbrada com a possibilidade de ser modelo e ganhar bom dinheiro é algo que não me custa a ter, mas não posso deixar de ter presente que tolerar não implica conviver e subordinar o normal padrão de vida a comportamentos desviantes que devem ter o seu próprio local de prática e não devem interferir com as normas vigentes e aceites pela sociedade.
Não sei se está ou não lançada alguma polémica. Julgava eu que a actividade de docência dispunha de um código de ética (ou de legislação específica) no qual fossem estabelecidos os deveres e as obrigações dos professores e boas práticas profissionais, incluindo actos e comportamentos incompatíveis com a sua função educadora. Seria um conjunto de compromissos do qual resultaria a valorização da actividade docente e a melhoria do ambiente escolar, tudo em benefício da comunidade escolar.
Certo é que um professor que se despe fora da escola, não consegue andar vestido dentro dela porque a comunidade escolar é a mesma, dentro e fora. A função educadora tem as suas especificidades próprias, nas quais deve pontuar a respeitabilidade!
19 comentários:
Excelente texto, cara Margarida, com destaque para o último parágrafo.
"Certo é que um professor que se despe fora da escola, não consegue andar vestido dentro dela "
Certo, porquê? Quantos casos conhece? Eu, por acaso, não conheço nenhuma professora que pose na Playboy. Conheço várias que, não tenho aquele corpão, são uma completa vergonha. Mas que se dispam, não conheço nenhuma. Se tivesse escolha, preferia mil vezes uma professor de jeito que se despisse que aquelas aventesmas ignorantes a quem ninguém quer ver nu. Mas, num país economica e culturalmente atrasado como o nosso, é natural que as pessoas continuem sem perceber o que é fundamental.
Eu não gosto da revista Playboy, aliás, não gosto de qualquer revista cujo conteúdo seja corpos nús. Não pelo nú em si que conheço muito bem, nem pela exposição, mas pela exploração.
Não a exploração de quem se despe, essa personagem se tiver 2 dedos de testa, antes de o fazer, garante que os seus objectivos sejam atinjidos, sejam eles dinheiro, fama, ou outros. Não gosto de revistas que expõem corpos nús porque exploram quem as compra. Claro que quem pratica o acto, o fará consciente de que não estará a adquirir um pacote de pevides, ou de amendoíns. Mas as motivações do comprador podem ser muitas e, estou convencido que a maioria delas se ficarão a dever a aspectos menos positivos da personalidade assim como por algumas fragilidades que poderão ter a ver com diversos aspectos da sua vida. Estou convencido tambem que as editoras deste género "literário" têm a consciência absoluta do perfil da maioria dos seus leitores-clientes.
Isto para rematar este comentário reflectindo acerca do interesse generalizado, demonstrado pela população de Mirandela, em conhecer a parte do corpo que a professora Bruna não expõe durante as aulas-extra e no seu dia-a-dia social.
E já agora, só para "apimentar" um poucoxinho este comentário, pense-se: será que, se a professora Bruna fosse marrequinha, coxinha, vesga e gaga, e pousasse despida para uma revista feminina, a questão seria equacionada do mesmo modo por todos os que tomaram lugar em toda esta polémica?
Curioso!
Este estereótipo manifestado pelo caro Tonibler será, malgrado seu, uma tentativa humorística?!
A minha resposta à sua pergunta, caro Bartolomeu, não pode deixar de ser sim.
A minha opinião é diferente, Catarina.
Se a professora Bruna fosse marrequinha, coxinha, vesga e gaga, e pousasse despida para uma revista feminina, ninguem se preocuparia com o caso, porque: a parte feminina não via nesse caso qualquer tipo de concorrência e, a parte masculina, tirado uma ou outra aberrção pontual, não iría gastar um cêntimo para adquirir a revista.
O aspecto moral “da coisa” seria o mesmo.
Concorrência? Que Concorrência? Concorrência a quê? A uma vaga em qualquer estabelecimento de ensino? : ) Francamente...
Sabe muito bem a que género de concorrência me refiro, Catarina.
E mais uma coisinha.... : ))))
Tenho lido alguns comentários da parte masculina sobre este assunto e cheguei a uma conclusão mais ou menos clara, embora me faltem dois dados: a faixa etária dos comentadores masculinos e se têm ou não filhos de idade escolar.
Agora, supomos que era um rapaz, professor, bonitão, que tivesse sido fotografado pela Playboy, em todo o seu esplendor. Quais seriam os comentários desses mesmos comentadores?
No nosso país é fácil perder-se a dignidade por absurdos e falsos moralismos.
Será que as pessoas que se dispoem a posar nuas para revistas ou para filmes, são menos dignas que aquelas que posam nuas para escultores ou pintores lhes eternizarem os corpos em estátuas ou quadros?
Será que aquela professora é menos digna e menos profissional que por exemplo uma bailarina que interprete um bailado clássico?
Será que uma médica deve ser suspensa do seu trabalho, se numa saida à noite decide fazer um streap numa discoteca?
Será que eu, um cavalheiro respeitável, passo a ser um calhordas se me apetecer ir ao Meco e dar uns mergulhos, tal e qual Deus me lançou ao mundo?
O corpo humano é uma das obras mais belas da natureza. Apreciá-lo, admirá-lo, estimá-lo e preservá-lo, é algo que só pode dignificar cada um, e todos nós. Escondê-lo, ignora-lo, maltratá-lo é que no meu ponto de vista, é preverso.
Caro Bartolomeu
Não ponho nada disso em questão.
O ponto que estamos a debater não é propriamente esse. E o Bartolomeu sabe que não é.
Talvez também tivesse lido este caso que tem como protagonistas um professor e uma professora que decidiram, durante uma competição de dança e em frente de uma centena de alunos de uma secundária (em Winnipeg, Canadá), representar uma dança de colo. O que lhes aconteceu? Foram suspensos sem vencimento. Os próprios discentes acharam um acto indecoroso.
Não sei mais. É evidente que temos aqui dois casos diferentes. Só me lembrei porque os “artistas” são também docentes.
Hmmm...
E o que me diz a este caso, Catarina...
http://tvnet.sapo.pt/noticias/detalhes.php?id=36230
Segundo o jornal inglês, The Sun, o director da escola garante que "não a vai despedir porque é uma professora muito importante".
E esta, hein???!!!
Avaliando pelos mesmos padrões, das duas uma, ou o director inglês é um tipo indígno, ou então por cá... às pessoas, não se confere qualquer importância... desde que se dispam, obviamente.
Pois... a rapariga estava com calor...
Possivelmente...
Lá para os países mais a norte, têm o habito de aquecer muito as salas de aulas...
Aquilo que me parece interessante conhecer-se neste caso da professora Bruna, é a opinião, por exemplo, da estilista Fátima Lopes e dos manequins que passam os seus arrojados modelos...
É uma bruna portuguesa a quem a mãe natureza deu um belíssimo esqueleto, e, se é isto que ela quer, quem, no mundo (excluindo o afeganistão e similares), tem o direito de a criticar ou apontar-lhe um dedo que seja!?
Eu, pessoalmente, estaria preocupado se ela tivesse posado nua para os miúdos (enfim, alguma “panca” de infância, sei lá…ele há cada aberração!), mas não, a bruna portou-se bem desnudou-se fora da escola, apostou no PSI20, pode ser que lhe calhe um jogador milionário ou um berlusconi da comunicação social, na pior das sortes o filho de um pato bravo da construção civil presidente de um clube desportivo…quem sabe!?
Bruna, se lês o 4R quero dizer-te que te compreendo muito bem, a vida de funcionário público é só miséria, o Sócrates o que dá não chega para aquele perfume que gostas e muito menos para passares o resto da vida à beira da piscina…
Força bruna! Vais ver que este povo que te atira pedras, ainda te vai beijar o rabo. Força!
E eis um comentário com características verdadeiramente portuguesas! Com todo o respeito...
Ainda bem q gostas catarina...
:)
http://www.youtube.com/watch?v=YS93EOThguk
Zédotelhado, não me pronunciei sobre o gostar ou não gostar...V. assumiu.
Catarina:
Para que não restem dúvidas: se gostas do comentário fico contente, senão gostas, não "xóio" por isso, fico igualmente contente!
:)
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